Dados apresentados pela CPM – Centro de Pesquisa Motivacional, revelam, por exemplo, que 54% dos jovens brasileiros querem ser voluntários mas não sabem como começar. Os motivos são diversos. Em geral, as pessoas fazem doações ou contribuições por pressão do grupo, culpa, obrigação ou por prazer. Seja qual for o seu motivo, é preciso encarar o ato de caridade como um negócio, que envolve pesquisas prévias, definição de metas e acompanhamento dos resultados. Estas 11 dicas poderão te ajudar a fazer uma doação da melhor forma possível.
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Se você não tem experiência no assunto, vá com calma. Afinal, ninguém quer ver seu dinheiro escorrer pelo ralo. Primeiro, aproxime-se de quem já está habituado a fazer doações, como amigos, vizinhos ou representantes da comunidade. Aprenda como essas pessoas executam as contribuições. Tire suas dúvidas, peça dicas, questione, discuta vantagens e desvantagens, “Esse primeiro contato é muito importante, porque, com ele, você poderá evitar enganos que já foram cometidos pelos outros”, afirma o especialista Léo Voigt.
Você já pensou em ajudar crianças e adolescentes carentes? Ou, então, em contribuir com projetos de recuperação do meio ambiente? Que tal bancar parte do tratamento de doentes de câncer? Todas essas áreas precisam muito de ajuda, mas você deve escolher uma. Essa decisão é resultado de sua própria reflexão. Se optar por mais de uma área, tenha cuidado para não se perder em meio a vários projetos e objetivos diferentes.
O próximo passo é a escolha da área geográfica. Muitas pessoas preferem estar bem próximas das entidades que ajudam: a creche do bairro ou a entidade que abriga deficientes físicos da própria cidade. Nesse caso, há uma vantagem. Você poderá verificar no dia-a-dia, como suas contribuições serão aplicadas. Outras pessoas acreditam que projetos em outros estados, como as famílias atingidas pela seca no Nordeste ou a destruição da Floresta Amazônica, são mais importantes. Entidades locais ou não, a escolha é sua.
Esta etapa é a mais trabalhosa. Apesar de já ter em mente o perfil da instituição que pretende apoiar, é preciso definir uma. Para isso, comece com um levantamento de todas as entidades que se enquadram nas características traçadas anteriormente. Consulte as registradas nos conselhos Municipal e Estadual. Estes últimos são órgãos, compostos por representantes do governo e pela população, que acompanham e auxiliam o trabalho de algumas entidades beneficentes.
Normalmente, eles têm um material amplo sobre as instituições e suas atividades. No caso de crianças, há o Conselho da Criança e do Adolescente, que poderá oferecer informações. As Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais podem ser uma referência para quem pretende ajudar esse grupo.
Depois da pesquisa, escolha duas ou três instituições que mais se adequam aos seus critérios e faça uma visita. Descubra qual é a essência do trabalho desenvolvido. Por exemplo, numa creche, os dirigentes não devem apenas dizer quantas crianças abrigam, mas como o fazem, quais os projetos para incrementar as atividades ou as metas para ampliação do prédio onde está localizada. “O objetivo de uma instituição não lucrativa é melhorar a qualidade do seu serviço a cada dia”, afirma Allison Fine, diretora executiva da Innovation Network, uma consultoria de entidades beneficentes de Washington, Estados Unidos.
Peça também uma lista das pessoas que estão na linha de frente da entidade. Conheça melhor suas idéias e seus valores. Quanto mais você mantiver contato com essas pessoas, menos surpresas desagradáveis terá. Não tenha vergonha de pedir informações sobre as finanças da entidade. Pergunte se as contas são controladas por alguma auditoria periódica. Peça para dar uma olhada nos balanços. Se o trabalho for sério, a direção da entidade não terá problema algum em apresentar esses dados.
Definido o nome da instituição, é hora de você começar a trabalhar em parceria. Léo Voigt sugere que a entidade apresente um projeto por escrito para o qual seria destinada a doação. Um roteiro de como serão feitos os investimentos, qual o retorno que se espera do projeto, prazos etc. “Um dos principais erros cometidos atualmente pelas pessoas e empresas que fazem doações é que elas não se informam direito sobre o que será feito com o dinheiro e criam expectativas, muitas vezes, irrealistas. Acham que vão mudar o mundo”, afirma Voigt. Em alguns casos, quando se sabe qual será o projeto beneficiado, é possível organizar um calendário de doações. Elas podem até ser realizadas em etapas e não de uma só vez.
Além disso, ao ter em mãos um documento fica muito mais fácil cobrar depois.
Não pense que sua participação chegou ao fim. Se você desistir agora, pode pôr tudo a perder. Para qualquer doação ser eficaz, você precisa acompanhar os resultados. Para estar ligado, peça informes periódicos para a entidade. Dados como o número de pessoas beneficiadas pelo projeto, o que foi concluído e o que ainda falta. Dessa forma, você corre menos riscos de ver seu dinheiro aplicado em projetos ineficazes. “Se você faz uma doação para uma escola pobre, não quer ver seu dinheiro aplicado na reforma da sala do diretor, mas na compra de material didático para os alunos”, diz Voigt.
Tenha cuidado para não inverter os papéis. Não é porque você fez uma doação para determinada entidade que poderá entrar lá e comandar tudo do seu jeito. É preciso respeitar o trabalho da instituição e até ajudar com seu conhecimento ou experiência, mas sem mudar o que já é feito com eficiência.
Os benefícios financeiros de se fazer uma doação são irrisórios. Não há um programa eficaz de estímulo à filantropia no país. Uma das exceções é a cultura. Qualquer pessoa pode ajudar o financiamento de um projeto cultural e ter esse valor deduzido até 6% (pessoa física) e 4% (pessoa jurídica) do imposto a pagar. No caso dos filmes, a dedução é de até 3%. Quem ultrapassa esses limites não tem restituição sobre o excedente. Além da cultura, as doações ao fundo da Criança e do Adolescente também contam com benefício fiscal. O limite da dedução do imposto é de 6% para pessoa física e 1% para pessoa jurídica.
Você não tem tempo para fazer tudo isso. Sua carga horária no trabalho e com as atividades em casa está totalmente tomada. Você não tem condições de acompanhar os resultados do projeto e nem manter um contato mais próximo com a entidade. Há ainda uma última saída. Você pode tornar-se sócio-contribuinte. Nesse caso, você escolhe a entidade e faz doações periódicas. Nos fundos dos conselhos municipais e estaduais ou da Criança e do Adolescente, por exemplo, a própria comunidade realiza a fiscalização periódica sobre o destino das verbas recebidas. Não há necessidade de um acompanhamento mais intenso.
Você pode ainda contribuir com entidades beneficentes sem fazer doações em dinheiro. Seja um voluntário. Para isso, aproveite seu conhecimento ou experiência em determinada atividade e ponha isso em prática. “O voluntário de hoje pode ser o doador de amanhã”, afirma Stephen Kanitz, organizador do Prêmio Bem Eficiente. Se você não souber por onde começar, na Internet (www.voluntarios.com.br) há uma lista de mais de 4 850 entidades que precisam de seu trabalho. É só dar um clique no seu mouse e pôr a mão na massa.
Fonte: Adaptado de http://www.filantropia.org/11CoisasAntesDeDoar.htm
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