Quando o assunto é gestão financeira, sua empresa faz tudo certo? Os controles hoje praticados refletem a realidade dela? E os registros de receitas e despesas estão sendo feitos adequadamente? Se não sabe responder, vale conhecer o que é auditoria contábil e como realizar uma análise profunda em seu negócio.
O que é auditoria contábil?
A auditoria contábil é um processo de análise da situação financeira da empresa que permite atestar a precisão dos registros contábeis, identificar falhas de controle ou mesmo fraudes e irregularidades na gestão.
Ela é realizada a partir do exame de documentos contábeis e de inspeções internas, contando ainda com a apuração de informações junto a fontes externas. Podem ser auditados o fluxo de caixa, o balanço patrimonial e a Demonstração de Resultado de Exercício (DRE).
Por suas características, a auditoria é capaz de apresentar ao empreendedor uma opinião embasada sobre a realidade financeira do negócio, com segurança e transparência, permitindo a ele conhecer os problemas, suas causas e consequências, além de receber orientações sobre possíveis correções a implantar.
Ela pode ocorrer em qualquer empresa, inclusive naquelas de pequeno porte. Sua realização compete a um auditor com formação em Ciências Contábeis e registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC).
Ao empreendedor, cabe acompanhar de perto esse trabalho, disponibilizando todos os dados solicitados. Caso a empresa tenha um contador, ele pode auxiliar nessa etapa, mas a análise das informações é restrita ao auditor, que deve agir com total independência e imparcialidade, clareza e objetividade, seguindo como base as normas nacionais e internacionais de contabilidade.
O que uma auditoria analisa?
O objetivo principal de uma auditoria contábil é comparar as demonstrações contábeis com a situação patrimonial, financeira e econômica das empresas, mas outros processos da empresa podem ser alvo da ação. O CRC do Ceará lista oito áreas que se beneficiam da auditoria:
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Administrativa: permite reduzir a ineficiência, a negligência, a incapacidade e a improbidade
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Patrimonial: contribui com o controle de bens, direitos e obrigações
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Fiscal: objetiva o cumprimento rigoroso das obrigações fiscais, protegendo o patrimônio de possíveis penalidades
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Técnica: favorece a eficiência dos serviços contábeis
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Financeira: protege contra fraudes e gastos excessivos
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Econômica: permite que os resultados contábeis tenham maior exatidão
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Ética: verifica a moralidade do ato praticado
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Social: analisa a correta aplicação de recursos para fins sociais e ambientais, certificando a confiabilidade dos dados.
Quando realizar uma auditoria?
A decisão por contratar uma auditoria é bastante particular. O processo é vantajoso, pois dá ao gestor a certeza de que os controles internos estão sendo realizados de maneira eficiente ou, por outro lado, indica a ele caminhos para a correção dos registros contábeis, quando isso for necessário.
Para quem tem uma empresa, é sempre válido conhecer a sua real situação econômica e financeira e estar seguro que os processos de contabilidade estão sendo bem executados. Mas como a auditoria tem um custo, é mais comum que o dono do negócio ou um dos sócios recorra à técnica quando há indícios de erro ou fraude nas demonstrações contábeis.
É possível que esse temor se confirme na auditoria, revelando desvios de bens patrimoniais, pagamentos indevidos de despesas ou a omissão de registros de receitas, por exemplo. Se for o caso, é interessante que essa informação seja trazida por um profissional alheio à empresa e capacitado para tanto, de forma imparcial, embasada e difícil de ser questionada.
Como a auditoria é realizada?
O processo é realizado em conformidade com o estabelecido pelas normas brasileiras. Isso significa que, ao contratar um auditor para avaliar a sua empresa, ele terá diretrizes comuns a cumprir. No livro Auditoria contábil (Iesde Brasil), Mariano Yoshitake divide a auditoria em uma sequência de seis etapas. Vamos falar agora sobre cada uma delas.
1. Pesquisa ambiental
A primeira etapa é de reconhecimento. De início, o auditor obtém um entendimento preliminar das operações, coleta informações sobre o negócio e sua organização, consulta manuais da empresa e de associações comerciais, além de outros documentos.
2. Planejamento de auditoria
Com as informações colhidas na pesquisa ambiental, o auditor passa à escolha de estratégias que se mostram mais efetivas e eficientes. Ele especifica os procedimentos a adotar para obter evidências, incluindo a aplicação de testes a serem realizados sobre os controles contábeis.
3. Controle interno
Antes de passar à fase de testes, o sistema contábil e controles contábeis são documentados em detalhes. Após a documentação, cada um desses controles é avaliado preliminarmente para determinar os pontos fortes e fracos do sistema.
4. Teste de controle
O teste de controle, ou de observância, busca determinar se ele está sendo cumprido conforme as normas prescritas. O objetivo é verificar se os procedimentos de controle interno estabelecidos estão em efetivo funcionamento e dentro das regras aplicáveis.
5. Teste substantivo
No próximo teste, o auditor desenvolve e executa os procedimentos substantivos através dos quais busca assegurar a exatidão dos valores e outras informações disponíveis nas demonstrações contábeis.
6. Parecer do auditor
Por fim, na sexta etapa, o auditor avalia os resultados obtidos nos testes e revisa a adequação das demonstrações contábeis e notas explicativas, o que dará origem ao parecer de auditoria, redigido em acordo com as normas brasileiras de contabilidade.
O que fazer com os resultados
A auditoria contábil pode concluir que os processos atuais estão adequados e vêm sendo bem executados ou pode identificar erros ou fraudes. No primeiro caso, seus apontamentos se dão no sentido de contribuir para a manutenção das melhores práticas. Já quando um problema é detectado, as ações variam conforme sua gravidade.
Inicialmente, o gestor deve entender as diferenças entre erro e fraude. No livro Auditoria das demonstrações contábeis (FGV Editora), José Hernandez Perez Júnior e outros autores apresentam os conceitos definidos pelo Conselho Regional de Contabilidade (CFC):
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Fraude: ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis.
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Erro: ato não intencional, resultante da omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis.
Como é possível perceber, a diferença está na intenção ou não de cometer a irregularidade. Para melhor entendimento, vamos citar algumas das práticas que se encaixam nos dois grupos.
São exemplos de fraudes:
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Manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos
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Apropriação indébita de ativos
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Supressão ou omissão de transações nos registros contábeis
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Registro de transações sem comprovação
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Aplicação de práticas contábeis indevidas.
São exemplos de erros:
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Erros aritméticos na escrituração contábil ou demonstrações contábeis
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Aplicação incorreta das práticas contábeis
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Interpretação errada das normas e legislação aplicável nas circunstâncias.
Ainda segundo os autores, quando o auditor identifica erro ou fraude, deve comunicar de forma verbal ou escrita ao gestor, e não a terceiros (por razões de sigilo profissional), sugerir medidas corretivas e renunciar ao trabalho caso elas não sejam atendidas. Já quando a irregularidade é identificada no nível gerencial ou de diretoria, o profissional deve analisar o caso e, se achar conveniente, pode abrir mão da tarefa.
Considerações finais
Este artigo trouxe informações sobre a auditoria contábil, seus objetivos, como é realizada e possíveis resultados do processo. Agora, você pode avaliar com maior clareza se essa é uma necessidade em sua empresa.
Lembre-se de que a decisão sobre quando realizar a auditoria é sua. Se considerar essa uma medida extrema, tenha primeiro uma conversa franca com seu sócio e seu contador. Muitas das suas dúvidas podem ser esclarecidas dessa forma.
Fonte: Blog Conta Azul
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