Você já se perguntou por que algumas pessoas têm, naturalmente, hábitos mais saudáveis, ou então possuem mais facilidade para desenvolver uma habilidade ou aprender um idioma? Isso acontece porque estas pessoas possuem um mindset favorável para estes comportamentos.
Mindset, que pode ser traduzido por mentalidade ou programação mental, é o conjunto de pensamentos e crenças que existe dentro de nossa mente e que determina como nos sentimos e nos comportamos.
O mindset é como sua mente está programada para pensar sobre determinado assunto. Se nossa mente fosse um computador o mindset seria o processador ou software que determina como ele vai funcionar.
O mindset é formado por nossas crenças – aquilo em que realmente acreditamos. Nossas crenças são definidas por nossas experiências do passado – o que vivenciamos, vimos e ouvimos – e que tomamos como verdade.
Mas nem sempre temos consciência dessas crenças. Por exemplo, alguém que costumava ouvir que “É pecado deixar comida sobrar” pode ter dificuldades para controlar as quantidades na sua alimentação, e ter dificuldades para emagrecer, pois sua mentalidade aprendeu que o correto é comer tudo que está disponível. Um outro exemplo é de alguém que presenciou algum familiar com dificuldades financeiras, esta pessoa pode ter um mindset que prioriza estabilidade profissional e evita correr riscos. Estes pensamentos podem ser muito úteis para algumas pessoas, mas podem ser limitantes para alguém que deseja abrir seu próprio negócio.
É aí que percebemos a importância do mindset! O que acreditamos gera nossos pensamentos. Os pensamentos geram sentimentos. Os sentimentos geram ações. E as ações geram os resultados!
Se você possui objetivos que deseja conquistar, precisa ter um mindset apropriado para estes objetivos! Se você deseja ter resultados diferentes em alguma área de sua vida precisa mudar sua programação mental em relação a esta área!
Uma outra forma de entender as programações do mindset foi descrita por Carol Dweck, professora e pesquisadora da Universidade de Stanford. Segundo suas pesquisas, existem dois tipos de mindset:
Pessoas com um mindset fixo acreditam que suas habilidades e características são inatas e constantes. Elas acreditam, por exemplo, que possuem um certo nível de inteligência, um nível de moral, uma personalidade, e que isso determina o que elas são ou não capazes de fazer.
Isso faz com que todas as situações pelas quais estas pessoas passam sejam confirmações destas características. Se elas têm sucesso em uma atividade, isto comprova sua inteligência, se elas falham, isto demonstra que sua inteligência é inferior.
O outro tipo de mindset é o chamado crescente. Neste caso as pessoas veem suas qualidades como habilidades que podem ser desenvolvidas, de acordo com sua dedicação e esforço. Estas pessoas entendem que todos nós possuímos um potencial desconhecido, que pode ser desenvolvido com dedicação e aprendizado.
Pessoas com um mindset crescente não são mais inteligentes ou capazes. O que acontece é que elas acreditam que é possível evoluir e se desenvolver, e então se dedicam verdadeiramente para isso. Além disso, elas encaram as falhas como oportunidades de aprendizado, e não como comprovações de suas capacidades. Isto fortalece cada vez mais sua autoconfiança.
Um mindset fixo te traz pensamentos como “Isso significa que eu não sou capaz”, “Isso significa que eu sou uma pessoa melhor que ele”, “Isso significa que eu não sou disciplinado”, “Isso significa que eu não sou um bom pai/uma boa mãe”. E seus pensamentos geram seus sentimentos, que geram suas ações e resultados. Imagine quais resultados cada um destes pensamentos pode gerar.
Além disso, com um mindset fixo, você acredita que sempre precisa provar algo. Por exemplo, “Se eu não conseguir emagrecer vão achar que sou fraca”, “Se eu não ganhar bem o suficiente vão pensar que sou burro”, “Se eu não conseguir fazer isso vou mostrar que sou um fracasso”. E são estes pensamentos que te fazem desistir e te impedem de recomeçar!
Já em um mindset crescente, os desafios não te mostram como você “é”, mas sim como você “está”. Você entende que, no momento, você possui certo nível de capacidade para buscar um objetivo, e se este nível não for o suficiente, você pode desenvolve-lo.
O mindset crescente entende que pessoas de sucesso percorreram uma trajetória, e que você também pode construir a sua. Uma pessoa que aprendeu um outro idioma provavelmente estudou mais quando se deparou com palavras que não conhecia, e usou sua falta de conhecimento como estímulo para se dedicar mais e não como uma sentença que dizia que seria impossível aprender.
Pesquisas de Dweck indicam que identificar pensamentos de um mindset fixo e substitui-los por pensamentos de um mindset crescente faz com que você desenvolva motivação e confiança para buscar os objetivos que você deseja.
Pratique ouvir os pensamentos gerados por sua mente e identifique suas crenças. Pense nas suas experiências do passado e como elas podem estar influenciando suas atitudes do presente. Encare suas características como estados que podem ser desenvolvidos e crie gradativamente um mindset crescente que aumentará seus resultados!
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Publicado originalmente no portal Wellness Brazil em 17 de Agosto de 2016 por Nathália Metring.
Daniel Goleman é um psicólogo e renomado jornalista científico americano, mais famoso pelos seus anos de trabalho no New York Times. Foi durante esse trabalho, em meados dos anos 1990, que o autor foi responsável pela popularização do termo inteligência emocional.
Essa forma de inteligência proposta por ele em seu livro homônimo serve como um contraponto às inteligências racionais. A inteligência emocional, ou IE, é a capacidade de compreender e lidar com as emoções individuais e com as emoções daqueles à nossa volta. Além disso, é a habilidade de gerenciar bem o seu lado emocional, bem como o de outras pessoas.
Existe certa divergência entre psicólogos sobre o que constitui de fato a inteligência emocional. Ainda assim, o conceito mais comum é o de que ela inclui pelo menos três habilidades:
Dominar essas três habilidades é o que configura o domínio sobre as emoções de forma inteligente. A diferença que isso faz no trabalho, que é o foco deste texto, você confere a seguir.
No ambiente de trabalho, quem domina bem as emoções consegue se desenvolver profissionalmente e atingir objetivos de maneira mais fácil. Além disso, a IE é uma habilidade que faz toda a diferença na trajetória de quem é ou pretende se tornar um líder.
O trabalho é marcado por uma série de decisões, relações e pressões às quais os profissionais são expostos. Diante disso, nem todos conseguem segurar firme as emoções. Muitas vezes, fica difícil não deixá-las causar reações menos que ideais em um ou outro momento. Para não perder esse controle, é necessário ter muita inteligência emocional.
Profissionais que encontram o equilíbrio emocional acabam enfrentando com mais calma e serenidade as dificuldades do trabalho. A inteligência emocional confere ao indivíduo o poder de encarar as situações sem perder o controle da situação e sem deixar que os sentimentos se sobressaiam na hora de reagir.
Outro ponto importantíssimo do poder da inteligência emocional no trabalho é sua utilização nas decisões. De acordo com estudos da 6 Seconds, ONG americana referência em estudar o assunto, a inteligência emocional é essencial para a melhor tomada de decisões. O controle correto das emoções impulsiona escolhas e reações mais adequadas por causa do estímulo que vem de competências específicas, como o otimismo, que parecem mais implicadas nessa área.
Até aqui dá para entender de forma ampla como a EI faz a diferença no dia a dia de trabalho. Mas e na prática? Veja como ela age nas diferentes frentes de um negócio:
Vendedores com maior inteligência emocional geram vendas mais altas. Além disso, as organizações que usam inteligência emocional criam uma maior fidelidade do cliente. O uso inteligente da emoção pode servir para criar e manter relacionamentos mais confiáveis e saudáveis.
Para aumentar a retenção de clientes, os gerentes precisam das habilidades necessárias para se conectarem de maneira eficaz com seus funcionários. Além disso, a inteligência emocional parece ser um dos principais determinantes do desempenho das estrelas.
Como já foi dito, os líderes precisam das habilidades necessárias para se conectarem de maneira eficaz com seus funcionários. Os principais motivos que explicam essa necessidade são a formação de um time mais coeso e a retenção de colaboradores, com a consequente diminuição do turnover.
Ainda de acordo com a 6 Seconds, líderes com maior IE tomam decisões mais eficazes e constroem melhores relacionamentos. O líder IE tende a ser um importante diferencial na criação de engajamento dos funcionários.
Especialmente para quem ocupa uma posição de liderança, é preciso entender o poder que o ambiente exerce sobre o profissional.
Criar e manter um ambiente agradável e harmonioso é o primeiro passo para estimular a inteligência emocional. Um ambiente de trabalho em que as pessoas são respeitadas e ouvidas funciona melhor e faz com que elas se sintam confortáveis e, mais importante ainda, possam produzir com mais eficiência.
Seguindo a importância de um ambiente agradável e do trabalho em conjunto, é essencial que as empresas tenham uma boa cultura de feedback. A comunicação em duas vias e a possibilidade de ouvir o outro lado podem ser uma ótima forma para estimular a inteligência emocional.
Profissionalmente, precisamos saber ouvir quando estamos certos ou quando devemos receber críticas construtivas. Com um canal de diálogo saudável nas empresas, qualquer um pode e deve ser ouvido a fim de melhorar como indivíduo e contribuir mais com o grupo.
Todo mundo já ouviu dizer que errar é humano, certo? E por que nem sempre levamos esse ditado ao trabalho?
Entender que seres humanos falham naturalmente é importante para manter a harmonia no ambiente de trabalho. Além disso, dá espaço para que o profissional não se intimide diante de adversidades e cresça emocionalmente a partir dessa compreensão.
Chegando até aqui, você deve ter entendido o conceito de inteligência emocional e como aplicá-lo no trabalho.
Seguindo essas dicas, você deverá encontrar o equilíbrio entre razão e emoção de forma inteligente o suficiente para crescer profissionalmente e inspirar aqueles à sua volta.
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Fonte: https://inovacaosebraeminas.com.br/inteligencia-emocional/
Finanças comportamentais tem como objeto de estudo o comportamento econômico e a tomada de decisão.
É uma área que estuda as influências cognitivas, sociais e emocionais observadas sobre o comportamento econômico das pessoas, enquanto a economia tradicional diria que basta gastar menos do que se ganha para gerar poupança para o futuro.
As finanças comportamentais e a economia comportamental estão mais focadas em entender o motivo pelo qual algo tão simples não é feito pela maioria das pessoas.
E, sobre isso, é impossível deixar de falar sobre a contribuição de Richard Thaler.
Richard Thaler, um dos pioneiros no estudo da psicologia dentro da economia batizou as pessoas como os Econs (os idealizados) e os Humans (os reais).
Econs são as pessoas que agem estritamente dentro do que prevê a economia clássica, o agente racional, o que na visão de Thaler não existe.
Já os Humans são os seres humanos da economia real, endividados, gastando mais do que ganham, não resistindo a uma promoção, caindo muitas vezes no “conto do vigário” e por aí afora.
Ele até diz que os Humans são verdadeiros Homer Simpson, por conta da personalidade que adora se meter em enrascadas criadas por eles mesmos.
Entre elas, gastar mais do que ganha, não cumprir prazos planejados, acreditar em promoções só até sábado e por aí vai.
Richard Thaler, economista americano da universidade de Chicago, foi quem iniciou no final dos anos 70, os estudos que uniam psicologia com economia.
Em sua visão, a psicologia apontava para o fato de que as decisões econômicas e financeiras refletiam o poder das emoções sobre os comportamentos.
Fez isso com observações do comportamento de pessoas próximas de sua convivência. Para ele, isso contrariava a economia clássica.
Mas vale dizer que a psicologia econômica já existia há quase 80 anos quando Thaler iniciou seus estudos.
Ela foi usada pela primeira vez pelo jurista francês Gabriel Tarde com a publicação do livro La Psychologie Économique, em 1902.
Ao final dos anos 40, o cientista Herbert Simon, estudando o papel dos gerentes na administração sob a perspectiva do processo de tomar decisões em condições de incerteza, sugere a ideia da racionalidade limitada.
Simon propõe o modelo do homem administrativo, que procura tomar as decisões satisfatórias, ou seja, aquelas que atendem aos requisitos mínimos desejados.
Os tomadores de decisão contentam-se com simplificações da realidade, nas quais há os elementos mínimos que as limitações humanas conseguem manejar.
Eles se guiam pela regra de que qualquer decisão serve, desde que pareça resolver o problema.
Ou seja, usam atalhos, que podem ser chamados de heurísticas, que são regras de bolso.
Simplificando: usamos o que sabemos para decidir sobre o que não sabemos.
Essa habilidade nos permite lidar com a complexidade de modo mais simples, mas nem sempre correto.
Esse pensamento rendeu a Simon o prêmio Nobel de economia em 1978.
Thaler, por muito tempo, havia trocando experiências com Daniel Kahneman e Amós Tversky, dois psicólogos israelenses, ambos cientistas comportamentais que tinham dado continuidade ao trabalho de Simon.
Kahneman e Tversky são os responsáveis pela Teoria da Perspectiva, que rendeu a Kahneman (Amós já havia falecido) o prêmio Nobel de economia, em 2002.
O que você prefere?
a) Ganhar R$ 3.000,00 – com 100% de probabilidade ou
b) 80% de chances de ganhar R$ 4.000,00?
Ao fazer essa pergunta a um grupo, a grande maioria escolhe a alternativa A, ou seja, preferem não correr o risco e garantir os R$ 3.000,00 líquidos e certos no bolso.
Por outro lado, se perguntarmos: O que você prefere?
c) Perder R$ 3.000,00 – com 100% de probabilidade ou
d) 80% de chances de perder R$ 4.000,00
Desta vez, a maioria escolhe a alternativa D, ou seja, preferem correr o risco de perder R$ 4.000,00, acreditando no sucesso de 20% de chances de não perder, mas evitam a perda líquida e certa.
Isso significa que as pessoas em geral têm aversão à perda e não aversão ao risco – o risco é aceitável quando se busca evitar a perda.
O risco é um parceiro inevitável de qualquer atividade humana, afinal, investidores compram ações, cirurgiões realizam operações, engenheiros projetam pontes, empresários abrem negócios, políticos concorrem a cargos eletivos, manicures fazem unhas, estudantes realizam provas.
Para que o processo evolutivo humano tenha acontecido, muitos decidiram não correr o risco.
A espécie sobrevivente e que procriou, dando continuidade à própria espécie, não foi o homem das cavernas, que foi averiguar porque o arbusto se moveu na savana – este certamente foi comido pelo leão escondido no arbusto.
O que sobreviveu foi aquele que decidiu não correr o risco de satisfazer sua curiosidade, o que prova que a autoconfiança não é necessariamente sinal de competência.
Esse exemplo é apenas para sabermos que o processo de formação do intelecto humano requer milhares de anos, de modo que nosso funcionamento ainda é demasiadamente impulsionado pelo nosso instinto emocional, pela busca da sobrevivência.
Razão pela qual nossas decisões têm muito mais um cunho emocional, como medo, aversão a perda, evitar o risco, preservação da espécie, do que razão.
Tudo isso se consolidou em nossa mente como vieses cognitivos.
Vieses cognitivos são tendências de pensamento, as quais surgem geralmente a partir de:
Essas tendências de pensamento interpretam informações de modo a fazer um sentido objetivo da realidade.
Então, os cérebros humanos são programados para cometer todos os tipos de erros mentais que podem afetar nossa capacidade de fazer julgamentos racionais.
Veja a figura abaixo:
Olhando apenas a barra interna e desconsiderando as pontas, qual das duas barras é a maior?
Certamente, você dirá que é a barra inferior, correto? Errado: as duas barras têm a mesma medida interna.
Isso é o que chamamos de ilusão cognitiva, mesmo medindo e percebendo que as barras têm o mesmo tamanho, você continua vendo que a de baixo é maior.
Essa é a diferença entre ver e saber: você vê diferenças, mas sabe que são iguais.
A ilusão cognitiva pode nos levar a cometer inúmeros erros de julgamento, pois vemos e acreditamos e assim decidimos.
Porém, nem sempre o que vemos está correto e usamos o que sabemos para julgar o que não sabemos.
Existem mais de 180 tipos de vieses cognitivos que interferem na forma como processamos dados, pensamos criticamente e percebemos a realidade.
Você se considera um bom motorista? Está acima ou abaixo da média?
Independentemente de qual seja sua resposta, para chegar a ela, você fez uma conta mental.
Você se comparou com outras pessoas e pensou se não fez nenhuma barbeiragem nos últimos dias, se tomou ou não multas de trânsito, enfim, você se comparou com algum grupo.
Porém, qual é o tamanho deste grupo?
Será que ele é relevante do ponto de vista estatístico para saber se você é ou não um bom motorista?
Quantos motoristas passaram por você nos últimos dias? E destes, com quantos você fez uma comparação? A sua amostra é relevante diante do todo?
Ademais, o que é ser um bom motorista? E qual é a média de bons motoristas?
Não existe, mas ao ser indagado você pensou, processou informações na cabeça e, para chegar a uma resposta, usou o viés da disponibilidade.
Esse viés faz com que nós nos baseemos em eventos específicos, facilmente lembrados, excluindo outras informações pertinentes.
É a tendência a superestimar a probabilidade de eventos com maior “disponibilidade” na memória e que pode ser influenciada por quão recentes são as memórias ou o quanto elas são incomuns ou emocionalmente carregadas.
Outro viés importante é o viés da confirmação, que é a tendência a procurar, interpretar, focar e lembrar-se de informações de tal forma que confirmem nossas próprias ideias preconcebidas.
Quer um exemplo?
Você acredita em algo, alguns de seus amigos não se convencem, alguns dias depois você recebe uma mensagem que confirma o que você pensa, o primeiro impulso a fazer é enviar para os amigos para “provar” que você não está sozinho com este pensamento.
O problema é que, se você estiver errado, só estará confirmando e reforçando a crença em algo não verdadeiro.
Mas, do ponto de visto psicológico, é muito mais fácil confirmar o que já pensamos do que descobrir e admitir que estamos errados – para isso, existe um custo psicológico, uma perda.
E, como já vimos, temos mais aversão à perda do que ao risco.
Perder, é muito doído para o ser humano. Segundo Kahneman, pela Teoria da Perspectiva perder dói 2,5 vezes mais do que o ganho.
Se você encontrar R$ 100,00 na rua, você certamente ficará feliz, vai comentar com amigos e pronto, passou a alegria pouco tempo depois.
Agora, experimente perder R$ 100,00. Talvez irá se lembrar para sempre daquele maldito lugar onde perdeu os R$ 100,00 e toda vez que alguém falar em perder dinheiro virá a memória.
Ou seja, para compensar uma perda de R$ 100,00 seria necessário ganhar R$ 250,00 para equivaler o sentimento.
Pense na relação que isso tem com perdas em investimentos financeiros, negócios que não dão certo, perda de emprego, enfim.
Muitas vezes, o investimento está dando prejuízo atrás de prejuízo, mas o investidor não sai do negócio, por quê?
Primeiro, geralmente, ele não acredita que a responsabilidade possa ser dele, pode culpar o mercado, os clientes, o governo, etc.
E também porque, ao sair, ele terá que admitir uma perda. E para não admitir uma perda, muitas vezes, acaba por perder ainda mais.
Sabe aquele apostador da roleta que ficou tentando e acreditando que na próxima rodada a sorte viria? É exatamente isso.
Um viés que também pode explicar este comportamento é o viés da atribuição da perda e do sucesso.
Nele, o sucesso é atribuído às aptidões da pessoa – geralmente, o empreendedor que deu certo pensa assim.
Isto faz surgir um outro viés, o viés da confiança excessiva, ou otimismo injustificado, no qual as preferências das pessoas por resultados futuros afetam suas previsões a respeito deles.
É a tendência a ser demasiado otimista, superestimando os resultados favoráveis e agradáveis.
Lembra do apostador da roleta esperando a sorte chegar?
O fato de ter caído vários números longe do que apostou o faz pensar que, nas próximas rodadas, o seu número será contemplado.
Mas os exemplos vão além.
Sabe aquele amigo que não vende o apartamento por R$ 10.000,00 a menos, mas já está pagando condomínio e IPTU há um ano?
Nesse caso, dizemos que ele sofre com o viés da ancoragem; ele ancorou no preço que ele acredita que vale e não sai dele de jeito algum.
Pode acontecer também com o empresário à beira da falência esperando o “mercado mudar” ou o dono da ação que bateu o piso de valor mínimo, mas o investidor continua acreditando que o valor voltará a subir.
E se houver alguém atestando isso, certamente, esses personagens se agarrarão a essa opinião por conta do viés da confirmação.
Então, o sucesso pode não ser um bom professor. O problema é que o fracasso talvez também não o seja, pois, pelo viés da atribuição da perda e do sucesso, o fracasso é atribuído à má sorte ou ao erro de outra pessoa, ao governo, aos impostos, enfim, a vários outros fatores.
Aqui também tem o viés das correlações ilusórias, ou seja, existe a crença de que os padrões são evidentes e/ou duas variáveis estão relacionadas por causalidade quando não estão.
Para um negócio dar certo ou errado, são inúmeras as variáveis que podem influenciar. Não conseguimos ter a ideia de quais são todas elas.
Temos uma limitação cognitiva, não conseguimos prestar atenção a tudo, ao darmos foco em algo, simplesmente não vemos o entorno.
Os cientistas Daniel Simons e Christopher Chabris, da Universidade de Harvard, desenvolveram um teste apresentado no livro O Gorila Invisível.
Nesse teste, fica evidente que nossa atenção é limitada, ou seja, muito foco em algo elimina de nossa vista outras possibilidades.
Isso também se reflete no comportamento do investidor.
Muitas vezes, o foco em um determinado investimento pode o cegar diante de outras possibilidades e até de riscos que não esteja vislumbrando.
Como exemplo, pense em um empresário que notou que os lava-rápidos de sua cidade tinham perdido 50% das receitas de vendas na última década.
Considerando o crescimento da classe média, o aumento constante nas vendas de carros e uma população que tinha orgulho de exibir carros limpos, a queda na receita não fazia sentido.
Ele passou três meses pesquisando a situação, verificando se havia mais concorrentes no mercado, e não havia.
Se tinham sido introduzidas novas leis de conservação de água, mas não o foram.
Depois de eliminar todas as possibilidades, ele encontrou a resposta: graças ao aumento de dados e ao poder de computação, as previsões dos meteorologistas ficaram 50% mais precisas durante esse período.
Desse modo, os motoristas, quando sabem que vai chover, deixam de lavar os carros, o que resulta em um número menor de receitas para o lava-rápido.
Assim, o desenvolvimento computacional na previsão do tempo causou um impacto em um setor aparentemente imune aos avanços tecnológicos.
Mas ele poderia ter atribuído o fracasso a qualquer outro elemento: e se não tivesse tido tempo suficiente para manter o negócio?
Talvez tivesse ido à falência sem nunca saber que o avanço tecnológico é que seria o responsável por seu fracasso.
Tudo o que vemos é o que existe para nós, porém, muita coisa existe e não vemos – e, se não, vemos como podemos evitar o risco?
Simplesmente, não há como fazê-lo. O risco é a parte quantificável da incerteza, e a incerteza é muito maior do que podemos imaginar.
É por isso que só podemos proteger nossos investimentos daquilo que sabemos que existe.
Qual é o risco de dois aviões atingirem as torres gêmeas de Nova York?
Até o dia 10 de setembro de 2001, não sabíamos, porque não havia acontecido, era uma incerteza – no momento em que acontece, daí sim podemos mapear o risco.
Ou seja, como não conseguimos visualizar tudo, estamos sujeitos às incertezas a todo instante.
E essa incerteza pode nos ajudar ou atrapalhar – o fato é que não temos controle. É uma ilusão cognitiva.
Falando em 11 de setembro, data do atentado às torres gêmeas, o que aconteceu com os acidentes de trânsito nos EUA após esta data?
Eles aumentaram, e por quê?
Porque o medo de usar aviões fez com que a população usasse mais o carro.
Porém, do ponto de vista estatístico, existem mais acidentes de carro com vítimas do que com aviões.
Quantos carros colidem no mundo, todos os dias? E quantas pessoas morrem?
Não ficamos sabendo disso, mas se um avião cai e mata toda tripulação, que no máximo seria algo menor que 300 vidas, o mundo todo dá a notícia.
Nosso cérebro não pensa de forma estatística, ele pensa de forma dramática, ignoramos as estatísticas e nos apegamos ao que traz medo, por exemplo.
E isso nos desperta vieses – neste caso, o da disponibilidade.
E por que as pessoas começaram a usar mais os carros em viagens? É o chamado efeito manada – o nome vem do mundo animal mesmo, pois imitamos um rebanho.
Os seres humanos também têm esse comportamento de seguir uns aos outros. De repente, uma porção de gente começa a fazer as mesmas coisas, se comportando de um mesmo jeito, ainda que não saiba exatamente o porquê.
Na bolsa de valores, isso é extremamente comum.
Recentemente, tivemos a procura por bitcoins, muita gente investiu nisso sem entender direito como funciona, mas aderiu ao comportamento porque “estava todo mundo investindo”.
Muitos golpes financeiros, como é o caso das famosas pirâmides, surgem assim.
O fato de sermos seres sociais, de gostarmos de pertencer a grupos, principalmente os que têm pensamentos e comportamentos parecidos com os nossos (viés de confirmação), isso nos faz, muitas vezes, nos comportarmos como manada, como grupo, apenas seguindo a direção do bando.
Também porque temos uma atenção limitada, não conseguimos pensar em tudo, como nos ensina O Gorila Invisível.
E se alguém perguntar qual o seu rendimento mensal?
Certamente, você pensará no número bruto, sem considerar os descontos. Por quê?
Isso são as contas mentais, e elas definitivamente não fecham – foi também Richard Thaler quem usou pela primeira vez o termo.
Essas contas não fecham porque nunca são inseridas numa calculadora; são imaginações apenas.
E por isso muita gente se endivida, porque ao ver um produto e comprar, vai sempre fazendo a conta pelo valor que ganha, mas como não controla o orçamento, vai tendo a impressão de que “cabe tudo” no orçamento.
Até o dia em que decide fazer um confronto entre gastos e ganhos e percebe que a história não é bem assim.
Ilusões cognitivas, falácias de planejamento, tudo misturado.
Por que pilotos de avião e cirurgiões usam check lists?
É para evitar as contas mentais, fugir do “ter que lembrar de cabeça”, pois ao confiar na memória, podem esquecer de tomar algum procedimento importante e que tenha consequências graves na vida de muita gente.
Quarenta anos depois do início de suas observações Thaler ganhou o prêmio Nobel da Economia em 2017, exatamente por seus estudos em economia comportamental.
Repare que, antes dele, Kahneman já havia ganho o prêmio de 2002 e entre eles, Robert Shiller, outro cientista comportamental, ganhou em 2013.
Isso evidencia a importância dos estudos comportamentais em economia e finanças.
A partir da década de 1990, finanças comportamentais passou a ser mais estudada, pois percebeu-se que lidar com dinheiro, ou falar de finanças pessoais, não se trata apenas de fazer um controle de gastos através de planilhas ou cadernetas.
O comportamento humano no mundo das finanças tem se revelado cada vez mais importante quando o assunto é educação financeira.
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Fonte: Adaptado de https://fia.com.br/blog/financas-comportamentais/
Sabemos que a sociedade precisa de muitos cuidados: em saúde, educação, assistência social, moradia, cidadania, meio ambiente, etc. Historicamente, os governos não têm conseguido atender estas demandas de forma integral, surgindo assim diversas organizações do Terceiro Setor, cada vez mais relevantes para os países em desenvolvimento e buscando respostas para os anseios da população. Estas organizações têm cumprido seu papel e apresentado resultados para aquilo que foram fundadas? Quais são seus principais desafios? Antes de criar uma entidade sem fins lucrativos é preciso ter estas perguntas em mente. Dessa forma, menos surpresas aparecem no caminho.
Leia também: Como Criar Nome para ONG
Responder a relação entre o esforço das entidades e o resultado apresentado para seu público é tarefa árdua, mas podemos ter alguns direcionamentos. As primeiras iniciativas quanto às Organizações Não Governamentais na América Latina, apareceram entre as décadas 1940 e 1960. Na ocasião, o cenário das diversas formas de exclusão social fez com que a população, de certa maneira revoltada com a política local, se organizasse em grupos para defender seus direitos em busca de justiça e liberdade. A partir daí, uma quantidade enorme de organizações foi estabelecida, chegando ao número aproximado de 290 mil organizações em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa FASFIL (As Fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil).
Um dos resultados apresentados pela pesquisa é “a dificuldade de manutenção das entidades menores ao longo dos anos”. Ou seja, mais do que responder as demandas da sociedade, a sobrevivência das entidades sem fins lucrativos é fator crucial.
Muitas vezes, com a aspiração de “mudar o mundo” e pensando que cada cidadão precisa colaborar para a mudança no meio em que vive, alguns empreendedores criam projetos e abraçam causas por meio da criação de uma ONG. Porém, aquilo que começa mal, termina mal. Ainda segundo o IBGE, “as pequenas entidades, que não possuem sequer um empregado formalizado, somam 72,2% das Fasfil”. “A forte presença do trabalho voluntário e da prestação de serviços autônomos pode explicar, parcialmente, tal fenômeno”.
Em outras palavras, a falta de planejamento ao iniciar seu trabalho, é realidade entre as organizações. Para criar uma ONG de sucesso, é necessário estabelecer uma linha lógica de ações, inclusive previstas em lei. É válido um conhecimento básico sobre leis, como o novo Marco Regulatório da Sociedade Civil (Lei 13.019/14).
Parte fundamental para a criação de uma ONG é seu “plano de negócio” . Não que a entidade vise lucro, mas seus gestores precisam ter claramente: o que ela fará, como e de onde virá o recurso. Não faz sentido ter uma causa sem saber quanto ela custa.
Outro ponto fundamental é: com quem a organização irá repartir suas atividades, quem serão os envolvidos? Um dos principais erros de uma organização é achar que contará com centenas de parceiros, pessoas engajadas que, ao passar do tempo, se tornam 50 e, no fim, são apenas cinco atuando na organização. Precisamos ser conscientes que, após o calor inicial, muitos podem desistir. A falta de mão-de-obra especializada é outro desafio também para o Terceiro Setor.
Com este plano em mãos, é hora de criar o estatuto, ele é a carta magna da entidade. Daí em diante uma série de ações burocráticas são feitas, tornando aconselhável a contratação de um contador. Entre estas ações estão a obtenção do CNPJ, o entendimento sobre as obrigações na Receita Federal, o registro fiscal na prefeitura do município, até chegar a criação de uma conta bancária.
Na prática, as coisas acontecem às avessas. Mistura-se a conta bancária da pessoa física com a pessoa jurídica, mas chega uma hora em que isso se confunde e o andamento do projeto corre sério risco. Não se pode pensar apenas em captação de recursos. ONG não é só captação de recursos, mais do que isso, a falta de profissionalização na gestão é o principal inimigo responsável pela falta de sucesso das ações.
Não estou burocratizando algo que deveria ser prazeroso ou tornando deste processo algo caro e moroso. Mas, se queremos uma sociedade civil cada vez mais organizada e com apoio de diversas frentes, precisamos de pessoas e organizações de fato organizadas e planejadas. Não podemos mais trabalhar na base da vontade. Somente com este novo pensamento, conseguiremos caminhar ao desenvolvimento da sociedade com conceitos, modelos e argumentos essenciais para que o projeto concretize a missão destinada.
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Fernando Nogueira é professor da FGV-EAESP, pesquisador do CEAPG – Centro de Estudos em Administração Pública e Governo e presidente do conselho do Instituto Doar.
Márcia Woods é presidente do conselho da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recurso e assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
Em meio à pandemia global, muitos têm discutido o papel de governos, empresas e pessoas no combate ao coronavírus. A escala e a urgência da crise colocam em discussão alguns dos pressupostos mais básicos sobre como nos organizamos em sociedade e como agimos para equilibrar direitos e bens individuais e coletivos. Mas há um ator essencial que tem aparecido pouco: onde estão as ONGs nesse debate?
Existem cerca de 300 mil organizações da sociedade civil no Brasil, movimentando dezenas de bilhões de reais em doações de pessoas, empresas e governo em benefício das mais diferentes causas. É um setor marcado, sobretudo, pela diversidade: de tamanho, de escala de atuação, de formas e estratégias para atingir suas missões, de mistura entre trabalho profissional e voluntário. Temos desde poucos e grandes hospitais filantrópicos até um grande número de pequenas associações comunitárias, além de ONGs ambientais ou de defesa de direitos humanos. Esse grande tecido muitas vezes chega onde o estado e as empresas não conseguem, complementa a ação das políticas públicas, dá voz às mais diferentes populações e também atua para fiscalizar o comportamento do estado e do mercado. Nesse momento de crise do coronavírus, também não tem sido diferente. Nos últimos dias temos visto uma mobilização impressionante, das ONGs organizando ações emergenciais e da sociedade em apoio doando generosamente.
Pelas suas características, as ONGs são fundamentais neste momento de crise: tem know-how, legitimidade, capacidade e capilaridade para receber e distribuir doações e entregar serviços aos afetados desta pandemia, como vemos em alguns poucos exemplos. As 2.100 Santas Casas e hospitais filantrópicos no Brasil atendem mais de 54% da demanda do SUS, e neste momento estão na linha de frente tratando dos afetado pelo Covid-19. Grande número de ONGs atuam em comunidades de baixa renda, levando serviços assistência social e educação complementar a famílias que estão sendo duramente atingidas com o fechamento de escolas, comércios e serviços.
Temos ainda as que advogam por causas e grupos específicos, pressionando o poder público e convocando a sociedade a olhar a temas negligenciados. Dois breves exemplos: o IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa questionou o poder público sobre as condições precárias dos presos no Brasil e do potencial devastador do coronavírus nesse cenário, cobrando medidas e propondo alternativas. Uma rede de dezenas de organizações mobilizadas pela Open Knowledge Brasil lutou para o governo federal rever um decreto que reduzia consideravelmente obrigações e práticas de transparência pública, conseguindo após alguns dias reverter a medida.
É certo que as ONGs também vem sofrendo as consequências desse momento difícil. A luta diária pela mobilização de recursos se torna ainda mais desafiadora. O atendimento direto a públicos específicos – como moradores de rua, doentes crônicos, pessoas com deficiência – dificilmente é adaptável para um modelo virtual. Como lidam com a ponta da desigualdade brasileira, essas organizações também são testemunhas diretas de como problemas tradicionais se somam aos novos desafios. A saúde mental de quem trabalha ou atua voluntariamente na área também tende a piorar, com efeitos no curto e no longo prazo.
Mas é também nos momentos de crise em que o setor consegue mobilizar um tipo espontâneo de solidariedade e generosidade. Exemplos não faltam, tanto na infraestrutura quanto na ponta: a Comunitas iniciou um campanha para arrecadar R$4,2 milhões para doar 60 respiradores para hospitais de rede pública do Estado de São Paulo. Após quatro dias de campanha, R$23,5 milhões foram arrecadados e 345 respiradores serão doados. Já a Ação da Cidadania, tradicional ONG fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, começou a distribuir em 25 de março 40 toneladas de alimentos arrecadados com parceiros para famílias afetadas no Rio de Janeiro. Agora estão também captando via a plataforma de crowdfunding Benfeitoria e têm como meta levar alimento e kit higiênico a comunidades em 20 estados brasileiros.
Em levantamentos preliminares, a filantropia brasileira já está perto de levantar quase R$ 500 milhões para respostas à epidemia. As principais iniciativas de institutos, fundações e empresas estão sendo mapeadas no site EMERGÊNCIA COVID-19.
Convidamos os leitores a também pensar no que podem fazer nessa situação. Uma primeira e fundamental ação é doar! Pessoas físicas doam cerca de R$ 14 bilhões por ano. Temos o desafio de manter ou aumentar esse número ano: as necessidades e demandas sociais certamente não diminuíram. Outra opção é buscar oportunidades de voluntariado – um ótimo jeito de ocupar tempo e mente nesses dias estranhos. Há oportunidades virtuais, online, por exemplo, na plataforma Atados e também iniciativas locais, ajudando sua própria comunidade, como a Iniciativa Vizinho do Bem. Finalmente, podemos ajudar a divulgar essas e tantas outras iniciativas para conhecidos: notícias boas também importam!
Esta crise é diferente de qualquer coisa que já vivemos em tempos recentes Além de manter as mãos limpas e praticar o isolamento social, precisamos também pensar com atenção o futuro do nosso país. O senso de emergência passará mas os efeitos para o Brasil serão tão ou mais profundos que a crise sanitária, com seu impacto para além das muitas vidas perdidas. Serão milhões de pessoas desempregadas, o possível aumento da violência, inclusive doméstica e para crianças, além de outros aspectos difíceis de antecipar. Precisamos nos manter solidários, acompanhar e apoiar de forma recorrente os trabalhos das ONGs para que consigam, junto com governos e empresas, lidar com o pós-crise.
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Fonte: https://politica.estadao.com.br/blogs/gestao-politica-e-sociedade/ongs-no-brasil-solidariedade-em-tempos-de-coronavirus/
No Brasil, existem milhares de ONGs protetoras de animais – abandonados, vítimas de maus tratos ou mesmo animais que estão bem longe seu habitat natural – e, por mais que seja uma causa super especial, as arrecadações raramente cobrem os gastos das instituições.
Para a sociedade protetora de animais, o financiamento coletivo vem se mostrando uma alternativa para a captação de recursos. Através das campanhas, além de arrecadar dinheiro, sua organização ganha visibilidade, credibilidade e ainda fortalece a causa. Uma outra vantagem é que para as ONGs iniciantes, financiamento coletivo é a única forma de arrecadar doações antes do período de maturação exigido pelo Governo, que é de 2 anos.
A ASERG – Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, por exemplo, há mais de 24 anos acolhe animais domésticos, silvestres e exóticos que passaram por situações abusivas. Através da campanha “Santuário Animal”, a instituição captou fundos para mover o projeto para um terreno maior e com menos interação com a cidade, que cresce desenfreada. Logo em seu lançamento, a campanha foi intitulada pela imprensa como a mais audaciosa campanha de financiamento coletivo do Brasil, pois sua meta de arrecadação era de 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). O contribuidor podia escolher doar para a instituição entre R$10 e R$30.000 e, para doações acima de R$ 50,00, ainda podia parcelar o valor em 6x, enquanto a plataforma de financiamento coletivo Kickante adiantava o dinheiro para a instituição.
Na época, em julho/agosto de 2015, a campanha ganhou repercussão nacional e saiu em diversas mídias, inclusive em programas de TV. Isto impulsionou a arrecadação da campanha que se tornou recorde de arrecadação do Brasil para o Terceiro Setor via financiamento coletivo, com R$1.006.990,95 arrecadados.
Outra ONG protetora de animais que se beneficiou através do financiamento coletivo foi o Projeto Mucky, que precisava de um novo carro para transportar os macacos e os alimentos, e conseguiu arrecadar 108% de sua meta inicial, R$ 38.565,61.
Independente das espécies ou do propósito da campanha, a causa animal é muito reconhecida mundialmente. As campanhas chegam a ter repercussão internacional. No Twitter, a cantora britânica Joss Stone pediu ajuda dos seguidores para contribuir com as campanhas da Kickante em prol dos animais.
“Animais não podem falar ou bancar sua sobrevivência, eles precisam da nossa ajuda para protegê-los de outros humanos que não se importam tanto. Por favor, ajudem”
No Instagram, o jogador Neymar também se sensibilizou com a causa e a divulgou em seu perfil.
Sua ONG já fez uma campanha de financiamento coletivo?
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Fonte: https://www.ongsnobrasil.com.br/aprenda/ongs-animais-como-maximizar-captacao-de-recursos/
Você está interessado em criar uma ONG e precisa de um nome criativo para que ela saia do papel e comece sua jornada?
Vamos dar algumas dicas aqui para que você alcance este objetivo, usando como exemplo a criação uma ONG de proteção da Amazônia em prol do meio ambiente:
Dica 1: Pense nos objetivos e metas da sua ONG, escreva-os em um papel.
Dica 2: Qual seria o objeto, animal, característica e adjetivos que melhor representariam a sua ONG?
Dica 3: Qual é o público que você desejaria atingir com suas ideias?
Dica 4: O que ou quem você estará ajudando quando a ONG estiver em atividade?
Depois de ter estas informações em mãos, comece a escrever nomes aos quais você acha interessante em um papel.
Misture as palavras, adicione prefixos e sufixos nelas, brinque com elas.
Como exemplos de prefixos e sufixos, podemos citar:
Pergunte aos familiares e amigos se eles tem alguma ideia de nome e tente mixar estas ideias com as ideias de nomes da sua lista.
Você pode conferir aqui nomes de animais da amazônia, pode ser inspirador ver esta lista e criar um nome ou dar a sua ONG o nome de um dos animais que vivem na floresta.
Para que seu nome seja forte e marcante, procure criá-lo curto, com uma boa fonia e poder de memorização.
Um nome profissional precisa ter a aprovação de muitas pessoas, por isso pergunte aos seus amigos e familiares o que acham do nome. Se achar necessário, realize uma pesquisa pública.
Outra boa ideia é utilizar as redes sociais para saber se algum dos amigos possui uma ideia interessante de nome para a ONG.
Também é possível contratar um serviço profissional. Hoje em dia na internet há muitos sites que prestam este tipo de serviço.
Esperamos que essas dicas te ajudem a criar um nome para sua ONG.
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Fonte: https://fsm2009amazonia.org.br/como-criar-nome-para-ong-ideias-e-dicas/
Organizar um evento beneficente é uma boa alternativa para instituições arrecadarem recursos financeiros e assim ajudar a quem precisa, porém é preciso ter cuidado e saber planejar seu evento corretamente.
O primeiro passo é montar uma equipe que esteja disposta a ajudar e a fazer o evento acontecer! Faça uma reunião, junte as idéias de todos, crie um cronograma de ações e planeje os detalhes do evento para evitar imprevistos.
Lembre-se de que o foco principal de um evento beneficente é arrecadar fundos, portanto faça um orçamento de custos com precisão, calcule corretamente o que você precisa, crie planilhas com todos os gastos e receitas para a produção do evento e gerencie bem o valor investido para que não haja desperdícios.
Conseguir patrocinadores e pessoas que apoiem seu evento beneficente é uma grande ajuda para arrecadar capital e reduzir os custos, para isso você precisa deixar clara a causa principal do evento e o porquê pretende realizá-lo.
A divulgação é outro detalhe que demanda bastante atenção. Divulgar corretamente o evento vai fazer com que as pessoas se interessem e queiram ajudar e participar. As redes sociais, hoje em dia, são um excelente canal de comunicação e muitas vezes independem de recursos financeiros.
A plataforma Eventbrite é ideal para organizar esse tipo de evento pois ela te permite criar o hotsite do evento beneficente, divulgá-lo nas redes sociais, convidar as pessoas através de convites personalizados por e-mail e você poderá vender os ingressos ou inscrições de maneira rápida e simples e, o melhor, isso tudo gratuitamente.
Esperamos que essas dicas te ajudem na organização de seu próximo evento beneficente.
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Fonte: https://www.eventbrite.com.br/blog/academy/organizar-evento-beneficente-ds00/
Temos uma situação curiosa no Brasil. Existe uma cultura forte do voluntariado. Ela se expandiu na última década com a criação de centros de voluntariado esparramados pelas cidades e ações de voluntariado empresarial realizados pelos departamentos de recursos humanos de grandes empresas. Ao mesmo tempo, as entidades não estão, em sua maioria, muito abertas a esse tipo de contribuição. Ou se estão, confundem-se e buscam voluntários que substituam trabalhos necessários e constantes, que nunca poderiam ser realizados por voluntários, que tem como característica a sazonalidade e – infelizmente – inconstância das horas vagas. Há avanços nessa questão de treinar entidades e voluntários para a responsabilidade da disciplina do trabalho pactuado. Mas ainda vejo um longo caminho pela frente para que as entidades percebam as vantagens de um grande grupo de voluntários defendendo a causa assim como uma cultura voluntária onde a maioria das pessoas tenha como hábito contribuir regularmente com algumas horas de seu tempo para uma causa social.
Enquanto que no trabalho social direto é complicado combinar um desejo de um voluntário com uma atividade direta da entidade, na mobilização de recursos todo voluntário é muito bem vindo. Primeiramente por um simples motivo: ele em si já é um recurso e por isso tem valor. Mas principalmente porque para captarmos recursos precisamos de muita gente, que conhece mais gente, que conhece mais gente.
Leia mais: CAPTAÇÃO DE RECURSOS COM INDIVÍDUOS
Em eventos de arrecadação, os voluntários são o público ideal para participar e se possível, inclusive organizarem tudo. Estão com energia disponível e em abundância. Já os funcionários da entidade, em situações
como essa, tem que trabalhar uma jornada dupla: um dia inteiro de tarefas somada a um jantar beneficente.
Organizações que conseguem encontrar um pequeno grupo de voluntários acabam percebendo um potencial não imaginado de recursos. E leve em consideração que um voluntário é muito mais sensibilizado pela causa geral do que pela entidade em particular. Aproveite isso ao invés de minar essa energia. Os gestores e funcionários têm como hábito tratar de questões da rotina da entidade. Tais questões não são do interesse dos voluntários. Eles estão ajudando porque querem minimizar os problemas das crianças com câncer, ou da floresta amazônica, ou dos moradores de rua. Eles atuam de acordo com as mesmas motivações que tínhamos quando resolvemos trabalhar na área social. Só que depois de tantos anos, nos tornamos um pouco burocratas. Já os voluntários, que decidiram dedicar-se algumas horas por semana, tem toda uma energia preparada para atuar. Eles querem se livrar da burocracia que tem no seu dia a dia para desfrutar de um ato solidário. Deveríamos nos inspirar neles ao invés de enchê-los de tecnicismos e especificidades de nossas entidades. É difícil, mas tente. Verá um resultado virtuoso.
Em outros países existe uma atuação bem mais dirigida para o envolvimento de voluntários nas organizações. Aqui no Brasil muitas vezes surge um voluntário querendo ajudar em qualquer coisa e a organização não sabe como recebê-lo. Perdem‐se enormes riquezas nessas horas de incerteza. Em geral o voluntário volta pra casa frustrado sem ter conseguido algo que o agrade. E acredito que esse voluntário terá muita dificuldade de se envolver novamente nessa ou qualquer outra entidade no futuro. Na Europa e nos EUA é comum encontrarmos sites
especializados em vagas de voluntários. O bacana disso é que trata-se de vagas bem específicas. “Procura-se professor de inglês voluntário para dar aulas as terças e quintas das 10 da manhã às 11 horas.” Com certeza existe um voluntário que se encaixa perfeitamente nessa necessidade. E assim não ocorre uma situação embaraçosa que se pauta pela disponibilidade do voluntário que apareceu, para dar aulas as sextas a tarde, de espanhol. Se a entidade se pautar por essa possibilidade do voluntário, terá que mudar toda sua rotina com os atendidos, correndo ainda o risco de que exista falta de interesse em espanhol, ou até algo pior, que o voluntário, de repente, desista, o que infelizmente é bem comum.
Vamos deixa claro também que não cabe buscarmos voluntários para atividades imprescindíveis. Vejo com freqüência organizações buscarem contadores voluntários, professores voluntários, captadores voluntários! Isso não cabe. O que é estratégico deve ser profissionalizado. O voluntariado não é um mecanismo de economizar custos e sim potencializar o trabalho pela causa. Cabe um professor de idiomas para uma entidade que trabalha com adolescentes porque o idioma é um plus no serviço. Mas não cabe buscar professores voluntários se a entidade atua somente com formação. A não ser (sempre há exceções) que a entidade atue somente com voluntários, o que requer outras estratégias, envolvendo forte formação de voluntários principalmente para objetivar o compromisso contínuo.
Mas vamos supor que sua entidade não atua somente com voluntários (o que é a maioria dos casos). Situações como essa devem gerar então uma clareza do que é tarefa profissional e tarefa acessória mas
potencializadora. E é esse caso que quero destacar aqui: Tarefas potencializadoras para a causa, movidas por atividades voluntárias. Pode ser na organização de um jantar, pode ser na venda de camisetas em uma escola privada, na campanha de conscientização da reciclagem em uma avenida grande da cidade. Conheço casos de voluntários que se rodiziam na loja da entidade, ou que se dedicam a esclarecer dúvidas por telefone sobre doenças específicas.
A atividade voluntária é o que há de mais nobre numa ação social. Porque nós, bem ou mal, somos trabalhadores assalariados. Um voluntário se dispõe a usar um tempo livre, que poderia estar dedicando à família, a um bom livro, ao descanso. Valorizar o voluntário não é treiná-lo a trabalhar como nós trabalhamos e sim sensibilizá-lo e motivá-‐lo a fazer o melhor possível. Provavelmente sem nossa técnica, sem nosso profissionalismo, mas com uma energia que é bem provável que já tenhamos perdido. Um pedaço.
Existem alguns celeiros de voluntários que cabe mencionar. Um deles é o setor de educação. Desde a escola básica até a universidade. O mais comum que encontramos por aí é a parceria entre especialidades e demandas. Um exemplo é odontologia. Os alunos precisam treinar a ser dentistas e assim sendo, nada melhor do que fazer isso com entidades sociais. Acho que hoje toda universidade tem suas parcerias nessa área. Mas podemos expandir isso para todas as outras: Psicologia, Nutrição, Engenharia, Publicidade, Direito, absolutamente todas. Também podemos ir além e negociar parcerias diretamente com os alunos. Podem envolver-se em campanhas de arrecadação e em alguns casos organizando o próprio evento. Festas de fim de ano organizadas pelos diretórios acadêmicos podem reverter parte da renda a entidades parceiras. As ideias são infinitas. E deixe que eles próprios sugiram coisas.
Outro celeiro cheio de oportunidades é a empresa próxima à entidade. Várias já têm seu setor de voluntariado corporativo mas mesmo nas que não tem, sempre há gente disposta a organizar alguma atividade com funcionários. Em geral isso está a cargo do departamento de recursos humanos. Mas existem casos onde tudo começa com um funcionário mais ativo, que mobiliza os demais a fazer algo. Todo mundo na empresa sabe quem é essa pessoa. Geralmente pede um dinheiro no fim do ano para comprar brinquedos para crianças ou simplesmente atua em uma entidade como voluntário em alguma entidade. Ter esse funcionário do seu lado é o seu objetivo.
Não poderia deixar de destacar aqui um tipo de voluntário que muito me agrada: as “senhorinhas”. Nós somos um país com um quadro de maioria jovem mas em breve a maioria das pessoas serão da chamada terceira idade. É um problema que o governo terá que enfrentar. Como garantir que a população economicamente ativa garanta recursos para a previdência dos aposentados? Como não sou gestor público deixo esse problema de lado e contribuo com uma sugestão: Por mim, eu colocaria todo aposentado (que tivesse interesse, claro) pra trabalhar como voluntário. Eu fico impressionado como brilha o olho dessas senhoras que se dedicam a fazer o bem ao invés de ficar em casa assistindo TV. Claro que falo senhoras mas não descarto a contribuição de senhores. É que eles são minoria. Mas conheço alguns geniais. Um que virou motorista. Leva as crianças pra cima e pra baixo e ainda puxa assunto no trânsito. Outro que se dedica a concertar coisas que quebram. Sim, existem os senhores. Mas as senhoras… Adoro essas senhoras! Elas se maquiam, colocam o vestido mais bonito e vão a luta, sempre em grupo, no mínimo em duplas. Costuram, vendem, organizam. Fazem de tudo. Estão felizes em ajudar mas principalmente por sentirem-se ativas. Muitas já me disseram que nunca se sentiram tão felizes na vida.
A sua ONG valoriza seus voluntários?
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Fonte: Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.
São poucas as entidades que se utilizam de recursos internacionais. E as que usam, fazem isso há muitos anos. Parece que, como castigo, são justamente essas que estão com problemas de financiamento hoje em dia. Mas isso tem um motivo.
Nos anos oitenta e até um pouco antes, nos setenta, algumas dezenas de instituições foram criadas no Brasil. Vários ativistas que criaram essas ONGs conseguiram recursos com fundos internacionais. Tais fundos eram prioritariamente vinculados à igreja e a grupos progressistas. Eram entidades canadenses, suecas, alemãs e holandesas, em sua maioria. Os recursos que tinham eram provenientes das famílias que doavam seus trocados nas missas de domingo nos respectivos países. Mal sabiam elas que parte de seu dinheiro vinha parar na América Latina. Esse período foi bastante pródigo de iniciativas de empoderamento popular. ONGs criavam grupos de alfabetização de adultos, formação de sindicatos, criação de associações comunitárias… Foi um trabalho excelente, mas faltou outro pedaço, o da busca de aliados.
Essas ONGs recebiam esses recursos como se fosse um crédito a fundo perdido. Foram acomodando ‐se nessa situação. As fundações pediam basicamente relatórios e mais propostas com novos projetos.
Como tudo na vida muda, esse modelo mudou. As fundações internacionais, pressionadas pelos stakeholders, pessoas envolvidas direta ou indiretamente com elas, passaram a exigir relatórios menos subjetivos
e mais quantitativos. Pediam também que nesses relatórios constassem estratégias de complementação de recursos.
As ONGs começaram a desesperar-‐se. “Como assim complementar recursos? Nós nos dedicamos a alfabetizar adultos, não a buscar dinheiro!”, diziam várias. Depois as fundações passaram a oferecer recursos para projetos somente se as ONGs mostrassem como contrapartida a obtenção de ao menos uma parte desses recursos. Então as ONGs começaram a fazer um mix: Pediam para uma fundação alemã e outra canadense. Para uma prometia que a outra já havia garantido a doação, e vice versa.
Neste começo de milênio a coisa está assim: Muitas fundações passaram por uma espécie de “fusões e aquisições”, como nas grandes empresas. Três ou quatro fundações alemãs viraram uma única fundação. Os holandeses associaram suas contribuições ao mecanismo governamental de cooperação internacional transformando-se em uma espécie de entidade paraestatal. E por aí vai. Deste lado do oceano as ONGs brasileiras estão buscando alternativas de financiamento e aprendendo, tardiamente, que existem outras fontes.
As fundações internacionais estão também deixando de apoiar os projetos brasileiros, algumas inclusive fechando seus escritórios aqui. Dizem, e eu concordo com elas, que já somos um país que pode contar com recursos próprios para as causas sociais. Viramos gente grande.
Algumas ONGs morreram na praia, outras viraram uma coisa
completamente diferente do que eram antes. E umas dezenas de sobreviventes
estão ainda perplexas por não terem visto como o mundo mudou.
Por que esse histórico torna-se importante pra você? Porque você está em uma situação privilegiada. Primeiro não passou por essa situação de ficar mal acostumado com recursos externos. Segundo porque aprendeu que é importante diversificar recursos. Então, contar com recursos internacionais, sabendo que será uma parcela das suas necessidades, é uma situação confortável em uma negociação com alguma fundação internacional.
No seu caso, recomendo que faça uma pesquisa na web. Saiba que existem sites que informam com bastante clareza quais as datas para solicitação, qual o modelo de formulário, qual o foco da fundação, etc.
Uma das maiores vantagens de se trabalhar com recursos internacionais é que a negociação é muito mais clara do que com nós mesmos, os brasileiros. Nós não sabemos dizer não, os gringos sabem. E isso não dói para eles e devemos aprender a não doer para nós quando ouvirmos. Da mesma forma que os “nãos” são categóricos, os “sim” são exatos. Isso é maravilhoso para um captador.
Em geral, não há muito espaço para diálogo quando pedem que você envie um formulário explicando o projeto. Afinal, são algumas centenas, às vezes milhares de proponentes. Mas há alguns que permitem uma conversa. Isso fica claro na página da fonte internacional.
Uma dica que ajuda na aprovação é você mostrar que conseguirá autonomia após o término do projeto. Eles estão com certo trauma de ter enviado milhões de dólares e euros para o Brasil nas últimas décadas e isso não ter gerado desenvolvimento institucional. Se você tem um projeto de 300 mil em 3 anos, mostre que precisa de 190 mil. E usará 100 mil deles no primeiro ano. 60 mil no segundo (pois conseguirá outros 40 mil com terceiros). 30 mil no terceiro (pois conseguirá 70 mil com terceiros). Essa lógica mostra maturidade institucional e gera confiança para o parceiro internacional.
Existem novos mecanismos surgindo. Bem interessantes por sinal.
Na Europa, existe uma legislação criada no âmbito na União européia que define que os orçamentos europeus devem dedicar 0,7% de seus recursos para a cooperação internacional. O bom disso é que essa lei desce em cascata até os municípios. Desta forma você pode, por exemplo, fazer uma parceria com uma cidadezinha no interior da França e obter dela 0,7% do seu orçamento. Muitas cidades italianas têm feito isso. Outra possibilidade é você buscar uma ONG européia e ficarem amigas. As ONGs lá têm uma quantidade significativa de possibilidades, editais, concursos, etc. Busque aliar-se com gente que tem mesmos valores e visões de mundo. Se isso não ocorrer, vai haver aí uma relação de desigualdade.
Nos EUA existe um mecanismo de incentivo fiscal para determinado tipo de ONG. Ele permite que as doações para ONGs que tenham essa certificação possam ter incentivos fiscais. Até aí, isso não nos diz nada certo? Mas agora existe um belo aliado que ganhamos. A Brazil Foundation é uma entidade americana formada por brasileiros. Além de apoiar projetos brasileiros com recursos provenientes de seu próprio fundraising em solo americano, essa entidade tem também o selo que permite ao doador americano sua dedução para a entidade.
Isso tem permitido, ainda de forma incipiente, que empresas americanas ou mesmo brasileiros residentes nos EUA possam doar para a Brazil Foundation e esta repassa os recursos para sua entidade, através de um acordo simples, contendo os custos financeiros dessa operação.
Porque eu acho essa operação interessante? Porque acredito que estamos começando a desenvolver um novo mecanismo de financiamento: o “fundraising de diáspora”. Imagine a quantidade de brasileiros bem de vida que moram no exterior e que poderiam doar recursos para sua entidade, já que querem um país melhor do que quando o deixaram?
Muitos mexicanos moradores dos EUA já fazem isso, repatriando recursos para suas cidades‐natal e em alguns casos esses recursos são quase do tamanho dos orçamentos municipais dessas pequenas vilas.
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Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.