Todos os empresários sabem que a saúde financeira do negócio é fator fundamental para a sustentabilidade e crescimento da empresa.
Quando as finanças não estão alinhadas, uma série de problemas aparecem, como por exemplo, déficit nas contas, falta de capital para investimentos e a necessidade de empréstimos bancários.
E é neste cenário que surge o conceito de Capital de Giro (ou ativo circulante), que nada mais é que o resultado entre o dinheiro que você tem, e o dinheiro que você deve.
Ou seja, o Capital de Giro pode ser entendido como a quantidade de dinheiro que a empresa precisa para operar regularmente. E este recurso financeiro está alocado nos estoque, nas contas a receber, no caixa ou na própria conta corrente da empresa.
Como o conceito nem sempre é de conhecimento de todos os empreendedores, muitas vezes é relevado o investimento no Capital de Giro, o que acaba por piorar a situação financeira da empresa. Para não ocorrer isso em sua empresa, vamos verificar o que é e como calcular o Capital de Giro?
Vamos imaginar que estamos abrindo uma empresa agora! Uma pizzaria.
Quais são os investimentos que precisam ser feitos para a abertura?
Precisamos de um forno, das amassadeiras, cilindros para abertura de massas, de um balcão, de utensílios domésticos e de um computador para captar pedidos.
Será que falta algum investimento a mais? Falta! Falta o Investimento em Capital de Giro.
O que é Capital de Giro
O Capital de Giro é o valor que a empresa precisa para operar, para realizar a sua atividade econômica. Ele é representado pelos itens de consumo rápido na empresa.
Utilizando o exemplo da pizzaria, quando abrirmos as portas dela precisaremos prontamente de ter farinha de trigo, queijos, massa de tomate e outros itens que compõem o cardápio, além disso é preciso contar com bebidas, refrigerantes e cerveja.
Estes itens estarão no Estoque da Pizzaria.
As mercadorias em estoque, que são necessárias para que o empreendedor não falhe na hora que o cliente solicitar uma pizza no cardápio, é um dinheiro que está parado na empresa. E até que o cliente não pague pela pizza, esse dinheiro parado precisa ser financiado por uma fonte.
Agora imagine que o cliente pediu a pizza, comeu, e no final pediu para pagar no cartão de crédito. O empreendedor sabe que na hora que ele passar aquele cartão, levará cerca de 30 dias para efetivamente receber o dinheiro, esse recebível que está contabilizado na conta de Contas a Receber também é um dinheiro parado e que precisa de financiamento.
Então percebemos que os itens que estão no Balanço Patrimonial e nas contas do Ativo Circulante, tais como Estoques e Contas a Receber, esses são investimentos necessários para que a empresa opere, ou seja, o Capital de Giro.
Uma dúvida que pode surgir neste momento… se estes itens são um investimento, quais são os recursos que financiam essa necessidade?
Existem várias fontes para financiá-lo, mas temos aquela que é a natural, que se trata da fonte de recursos ligada a operação: os fornecedores.
Então, supondo que aqueles itens de Estoque na Pizzaria foram comprados a prazo e ainda não foram pagos, não houve necessidade de financiamento do Capital de Giro.
A conta de Fornecedores a Pagar no Balanço Patrimonial está no grupo de Passivo Circulante. Existem outras que contribuem nesse financiamento como as Contas a Pagar, Funcionários e Impostos a Recolher.
Para entender melhor a dinâmica do Capital de Giro é preciso conhecer os conceitos do Ciclo Operacional e do Ciclo Financeiro de uma empresa.
Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro
O conceito de ciclo operacional é bastante simples, ele é o intervalo de tempo gasto na execução de todas as atividades da empresa até o recebimento de suas vendas. Então temos dentre as atividades, a compra de matéria prima, pagamento dos fornecedores, a estocagem, a produção a venda e o recebimento das vendas.
Na figura 1 podemos observar que no ciclo operacional desta empresa tivemos compra de mercadorias e pagamento do fornecedor após 40 dias e o estoque, venda e recebimento das vendas em 60 dias.
Veremos através do ciclo financeiro a dimensão do impacto na empresa.
O ciclo financeiro é o intervalo de tempo entre os eventos financeiros que ocorreram no ciclo operacional da empresa.
Podemos observar na Figura 2 que houveram dois eventos financeiros: a saída de caixa pelo pagamento do fornecedor e a entrada de caixa pelo recebimento das vendas, entre estes transcorreram 20 dias.
Esses 20 dias representam a Necessidade de Investimento de Capital de Giro da Empresa.
Quando há necessidade em Capital de Giro, a empresa precisa de recursos para financiar sua operação, estes recursos podem ser de empréstimos bancários, ou de recursos dos próprios sócios. Por isso é muito importante tomar as decisões de compras e vendas com bastante critério, já que quanto maior for o prazo que você oferece ao seu cliente ou quanto maior forem as parcelas de vendas a prazo no seu faturamento, mais recursos financeiros a empresa deverá ter.
Porém, o inverso também pode acontecer. A saída de recursos com pagamento do fornecedor pode ocorrer após as entradas do recebimento das vendas e essa sobra de recursos normalmente é alocada no caixa da empresa.
Muitos empresários já tiveram dificuldades na empresa por causa desta situação, sobra de Capital de Giro, acredite!
Isso pois os recursos em Caixa dão a falsa impressão que a empresa pode distribuir lucros, fazer investimentos em imobilizados ou utilizá-los de outras formas, e quando chega a hora de pagar fornecedores não há recursos suficientes.
Por isso é tão importante acompanhar os relatórios contábeis, pois eles poderão dar a dimensão real do que está ocorrendo com a empresa.
Como calcular o Capital de Giro?
Falamos dos ciclos operacional e financeiro, e eles deram a dimensão do Capital de Giro em dias, mas é possível fazer o cálculo transformando os dias em valores monetários e facilitando a gestão financeira.
Para isso é preciso identificar as variáveis e contas que estão relacionadas a operação da empresa.
Começamos pelo ativo circulante, ou seja, os valores relacionados às contas a receber, o estoque, os adiantamentos entre outros, de acordo com o mercado que a empresa atua.
As contas do ativo são considerados investimentos, portanto quanto maiores forem, maior o prazo médio e mais recursos a empresa precisará para cobrir esse investimento, enquanto ele não se transforma em dinheiro.
Por outro lado, é preciso também considerar o passivo circulante, ou seja, as contas a pagar, os fornecedores, folha de pagamento, aluguel, impostos e demais despesas.
Os valores no Passivo são fontes de recursos, portanto quanto maiores forem, menor será a necessidade de investimento em Capital de Giro. Essas fontes são operacionais, e desde que não se tenha um custo elevado de ampliação dos prazos é saudável se financiar desta forma.
Como todos esses fatores apresentam grande variação, é importante realizar o cálculo do Capital de Giro com frequência e, assim, monitorar a situação da empresa, evitando surpresas e resultados negativos.
Vale ressaltar, que o fluxo de caixa está diretamente ligado a esses fatores.
Fórmula de cálculo do Capital de Giro
A fórmula para o cálculo é simples. Para calcular o Capital de Giro líquido (CGL), basta somar os Ativos Circulantes(Investimentos) e reduzir os Passivos Circulantes (Fonte de Recursos).
CGL = AC – PC
“AC ” é o ativo circulante e “PC” corresponde ao passivo circulante.
Caso tenha dúvidas nas contas do Balanço Patrimonial que compõem os Ativos e Passivos Circulantes para fins de cálculo do Capital de Giro, consulte o seu contador, ele poderá ajudar.
Como utilizar o Capital de Giro?
Além de calcular corretamente o Capital de Giro da empresa, é necessário saber utilizar esse recurso de forma assertiva.
Para isso, é importante reforçar que o Capital de Giro é o valor que a empresa possui para pagar as despesas operacionais do dia a dia, sejam elas despesas fixas ou gastos necessários a manutenção da operação.
Entendendo os valores da necessidade de Capital de Giro e qual é a dinâmica do Ciclo Operacional da empresa é possível fazer uma ótima gestão.
Qual a importância da gestão do Capital de Giro?
Falhas na gestão do Capital de Giro e das finanças da empresa fazem com que o empresário tenha que captar recursos adicionais, o que normalmente acontece através de empréstimos bancários (que trabalham com altas taxas de juros!).
Porém, essa situação é de risco, já que o Capital de Giro deve cobrir despesas rotineiras e, exatamente por isso, deve ser suprido com os próprios recursos da empresa.
Não é adequado aumentar o nível de endividamento para financiar a operação. Empréstimos devem ser tomados para outras finalidades, como para investimentos em novos projetos, expansão e crescimento do negócio.
Existem aspectos que influenciam diretamente neste cálculo, como a redução das vendas, o crescimento da inadimplência, o aumento de custos e desperdícios.
A adoção de alguns controles rigorosos pode colaborar para uma gestão otimizada e prevenir a insuficiência do Capital de Giro.
Eles são importantes porque, além de permitirem um maior controle sobre a saúde financeira da sua empresa, também servem para prevenir problemas futuros.
Dentre as ações que podem mitigar o problema, temos:
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Fazer negociações de dívidas a longo prazo / Renegociar dívidas
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Ter uma administração clara dos inadimplentes
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Conhecer profundamente o fluxo de caixa, os prazos de pagamento e a circulação dos estoques
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Realizar a documentação dos processos financeiros / Estabelecer processos financeiros
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Manter uma política de redução de custos e despesas
Possuir relatórios contábeis periódicos vão ajudar a fazer um monitoramento constante do Capital de Giro, e adotando medidas de correção é possível realizar uma gestão mais efetiva, garantindo a saúde financeira da empresa e ampliando as chances de sucesso do negócio.
Fonte: https://capitalsocial.cnt.br/capital-de-giro-como-calcular/
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