CONSULTORIA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL não é exatamente um nome padrão nem muito menos consolidado. Mas nestes últimos anos podemos chamar de algo legitimamente brasileiro, como as Havaianas. Esse tipo de consultoria foi criado em função das características das ONGs brasileiras e o constante dilema que muitas vivem: Como montar um departamento de captação se eu não tenho dinheiro para pagar? Bem, se você não tem dinheiro pra pagar, então é porque ainda não está pronto. Falta desenvolver sua instituição.
Esse tipo de consultoria serve para outro momento: A entidade reservou uma pequena verba para montar o departamento, mas sente-se insegura de que o dinheiro acabe e não consigam resultados satisfatórios. Nessas circunstâncias uma consultoria pode contribuir auxiliando a entidade a estruturar o departamento e a selecionar o profissional com o perfil adequado para ocupar esse espaço. A maioria das vezes ocorre de selecionarmos alguém da própria equipe que pretende capacitar-se para essa função ou até selecionamos algum jovem profissional, recém formado, que tem o sincero desejo de crescer junto com a entidade. Em todos os casos posso confirmar que há êxito. É função da consultoria adequar e repassar seu conhecimento para a entidade que a contratou.
Para ONGs que já tem seu departamento de captação, a contratação de uma consultoria pode ser útil para trazer novas idéias, trabalhar com novas fontes ou até mesmo para criar um mote para uma nova campanha.
Nos outros países observamos que não existe esse tipo de consultoria
mas sim milhares de agências especializadas em trabalhar a comunicação da
entidade para fins de arrecadação. Eu acredito fortemente que esse é
o novo patamar da captação de recursos no Brasil: Entidades contratando
agências de comunicação especializadas em Fundraising. Mas para isso ainda
falta massa crítica de ONGs com essas necessidades e principalmente agências
que se especializem nisso. Acho que a década de 2010 verá esse crescimento
ocorrer.
Uma coisa é muito importante aqui e cabe destacar: Uma consultoria de desenvolvimento institucional não capta recursos. Vou repetir: Uma consultoria não capta recursos. Preciso repetir? Não capta.
Essa idéia de terceirizarmos a captação é um enorme equívoco que
estamos conseguindo sanar nestes últimos anos. Isso é outra herança maldita,
desta vez da área cultural. Coincidiu da maioria das ONGs terem sido criadas a
partir da década de 90. Este foi também o período que as leis de incentivo
fiscal para projetos culturais foram criadas. Muitas pessoas, cansadas de atuar
no mundo corporativo (eu inclusive),
migraram para uma dessas áreas: cultura ou ONGs. Algumas até hoje atuam
nas duas frentes. Posso afirmar que atuam mal. E sei que com isso alguns amigos
vão torcer a cara pra mim. Afirmo que atuam mal porque são modelos diferentes e
por mais que a pessoa seja uma estudiosa das duas áreas, ela não será uma
brilhante em ambas. Existem consultorias que atuam em ambas. Nesse caso não
vejo problema, pois pode haver departamentos especializados. Mas se você
encontrar um profissional que capta recursos para projetos culturais e também
atua como consultor para ONGs, acredite: ele não é o melhor profissional pra
você. Pronto, aqueles amigos que torceram a cara pra mim acabam de me tirar da
lista para sua festa de aniversário…
Deixa eu me explicar. Vou fazer um exemplo concreto, da minha realidade. Eu mesmo, que atuo principalmente como professor em oficinas sobre captação e faço algumas consultorias, tenho também um projeto cultural que é meu xodó, um Festival de Documentários Musicais. E capto recursos para ele. Mas eu sou sócio desse projeto. E ainda assim, mesmo sendo sócio e principal interessado, eu não tenho a última informação da alteração da lei ou mesmo os dados atualizados dos outros festivais similares ao meu. Para isso, conto com os amigos que se especializaram nisso. Então, se você está entre essas duas águas (ONGs e cultura), escolha uma para chamar de sua. Continue, se quiser, atuando nas duas, mas especialize-‐se em uma. É melhor pra você e para seus clientes. E é melhor para as ONGs.
Mas preciso novamente reforçar nossa tese de que uma consultoria não capta recursos. E agora vou inverter a lógica, para esclarecer de vez. Vamos supor que você contratou uma consultoria que capta recursos e você pagou uma comissão por esse trabalho. E eles captaram com umas três empresas, duas delas por edital. E captaram com uma fundação internacional. E passou um ano. E essa tal consultoria, que adora estar sempre captando e o que vier é lucro, propõe bolar um novo projeto envolvendo a terceira idade porque descobriu que uma fundação no sul está apoiando projetos de terceira idade…
Qual a motivação de uma empresa dessas? O lucro. Qual a sua
motivação de estar à frente de uma entidade? O lucro? Percebe que são
motivações diferentes? Percebe que para a empresa o objetivo é ir cavando oportunidades
de ganhar dinheiro? Percebe que estar atento a oportunidades e editais é função
sua e você não precisa pagar alguém
para isso? E por último, a defesa matadora: Percebe que o que eles
fizeram você também faria? Buscar editais? Oras, isso qualquer estagiário
craque de web pode estar atento gastando 15 minutos por dia.
Agora o mais grave desse modelo terceirizado de captação é que essas pessoas não estão interessadas no convívio com o doador, pois isso não dá dinheiro no curto prazo. Eles querem novas doações, sempre, a qualquer custo. Mesmo que isso envolva fazer um projeto para a terceira idade e sua ONG trabalha com crianças moradoras de rua…
Então, como tudo na vida, existem dois lados. Procure uma consultoria que tem o desejo sincero de apoiar o desenvolvimento das entidades. Essas estão do nosso lado.
Como está o desenvolvimento da sua OSC? A Thomazin Assessoria pode ajudar! Clique aqui para nos enviar uma mensagem e o mais rápido possível entraremos em contato.
Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.
You must be logged in to post a comment