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Terceiro Setor

sustentabilidade terceiro setor

TERCEIRO SETOR E SUSTENTABILIDADE

Neste artigo vamos abordar a questão da sustentabilidade econômica das organizações do Terceiro Setor. Considerado como o grande desafio das entidades, a busca pela estabilidade e segurança financeira é motivo de grande e permanente preocupação por parte dos gestores e colaboradores. Para conseguir a almejada autossustentabilidade, o melhor caminho pode ser a ampliação das fontes de recursos, priorizando a atração, manutenção e fidelização dos doadores e financiadores.

Autossustentabilidade

Quando se fala em sustentabilidade, a primeira ideia que surge é o conceito relativo à capacidade de suprir as demandas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades de gerações futuras. Este é o senso de responsabilidade social que deve ser praticado por nós (pessoas físicas) e também pelas organizações, sejam elas com fins lucrativos ou não.

Leia também: Documentos Indispensáveis para Captar Recursos

No entanto, o que pretendemos abordar aqui é a questão da autossustentabilidade das organizações do Terceiro Setor. Também conhecida como sustentabilidade econômica, ela diz respeito à capacidade das instituições conseguirem angariar recursos suficientes para realizar o pagamento de suas despesas, quitar suas obrigações e cumprir a missão estabelecida no Estatuto Social.

Veja mais: Captação de Recursos: Fontes de Financiamento Diversificadas

Alcançar uma situação de tranquilidade financeira sempre foi a grande preocupação das organizações da sociedade civil. Essas entidades, em sua maioria, enfrentam diariamente a árdua e exaustiva tarefa de ajustar amplos programas, projetos e ações a limitadas receitas, quase sempre oriundas de doações privadas, de benefícios governamentais e de acordos firmados com o poder público.

Fontes de Recurso

Infelizmente, não há uma fórmula mágica para fazer com que as instituições se transformem em empreendimentos autossustentáveis.Porém, na busca pela sustentabilidade é importante investir na captação, diversificação e ampliação das fontes de recursos.

Apesar de não ser tarefa fácil, é necessário aceitar o desafio e direcionar esforços para conseguir ter vários doadores ou financiadores, permanentes ou de longo prazo, ao mesmo tempo.

Saiba mais: Captação de Recursos: Busca de Aliados para sua Causa.

Essa diversificação pode garantir a manutenção da entidade no caso de perda de um ou alguns de seus mantenedores. Pois, quando se tem poucas ou uma só fonte, o afastamento desse(s) financiador(es) pode até mesmo levar a instituição à encerrar suas atividades.

Dentre as principais fontes de recursos, destacam-se:


• doações espontâneas
• patrocínios
• subvenções sociais
• auxílios
• incentivos fiscais
• transferências voluntárias por parte do Poder Público (convênios, Contratos de Patrocínio, Termos de Parceria, Contratos de Repasse,
Contratos de Gestão)

Além de atrair novos doadores e financiadores, é importante também a manutenção e fidelização dos já existentes. Isto vai depender muito de como e onde estão sendo aplicados os valores doados e transferidos. É importante informar a esses investidores, por exemplo, as atividades que foram realizadas, quais metas foram alcançadas e quantos beneficiários foram atendidos.

Portanto, a prestação de contas elaborada e apresentada de forma tempestiva e coerente, mesmo quando não exigida, demonstra transparência e gera pontos positivos para a instituição. É através dessa demonstração dos gastos realizados e sua correlação com as atividades desenvolvidas, que o doador/ financiador poderá voltar a investir recursos, já que consegue visualizar os resultados alcançados.


Quanto aos novos investidores, estes têm buscado identificar características como honestidade, responsabilidade, capacidade técnica, experiência e, principalmente, transparência para decidir em quais entidades irão depositar sua confiança e seus recursos.

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Fonte: Gestão para Organizações do Terceiro Setor, Nailton Cazumbá + NOSSA CAUSA.

documentação captação de recursos

Documentos Indispensáveis para Captar Recursos

Trabalhos sociais essenciais são desenvolvidos por ONGs. Apesar de quase sempre existir a necessidade de algum ajuste técnico ou gerencial, é indiscutível a importância da atuação destas entidades. Basta ouvir os relatos do público atendido para que esta realidade seja constatada.


Para que possam desenvolver os seus trabalhos de maneira cada vez mais profissional, com maior abrangência e qualidade, estas parceiras sociais precisam de recursos financeiros. A falta de regularidade documental é um impeditivo cada vez mais frequente para que haja o acesso aos recursos. Por isso, é tempo de refletir, quebrar paradigmas, vencer resistências conceituais e aceitar esta realidade para modificá-la.


A grande carência da população atendida pelas ONGs não deixa outra alternativa: é preciso muito recurso, muitos parceiros e, portanto, as entidades precisam otimizar as suas chances de captação de recursos. Para estar regular com as determinações legais existe um caminho a percorrer:


1º) conhecê-las;

2º) compreendê-las;

3º) mobilizar-se para atendê-las.


A seguir, estão listados os documentos mínimos exigidos pela legislação brasileira para que uma ONG seja considerada regular e sem pendências que impeçam a captação de recursos:

  • Estatuto Social registrado em Cartório;
  • CNPJ;
  • Alvará de Corpo de Bombeiros;
  • Alvará de licença e funcionamento
  • Prefeitura Municipal;
  • Inscrição Municipal;
  • Inscrição no Conselho da Criança e Adolescente (se trabalhar com
    este público);
  • Inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social (se tiver esta atividade).

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Fonte: Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.

fontes captação de recursos paz e amor

Captação de Recursos: Fontes de Financiamento Diversificadas

” É curioso como ainda vejo em minhas aulas muita gente que vem em busca de dicas e técnicas para conseguir recursos somente com empresas. Querem saber quais as leis de incentivo, qual a “dica quente” (como ouvi faz poucas semanas de um aluno), como elaborar um projeto vencedor.

Bem, eu tenho a dica quente, tenho o projeto vencedor, tenho até a lei pra você. Mas não basta. De que adianta você conseguir um milhão de reais com a coca-­cola se daqui a dois anos esse dinheiro acabou e a coca-­ cola resolveu mudar de estratégia de patrocínio? Vamos sim buscar recursos com empresas, mas não só. Nós precisamos, para manter a sobrevivência da entidade, que nenhuma das fontes de recursos seja maior que um terço de nossa receita.

Existem milhares de entidades, principalmente as que têm convênios com o governo, que tem uma dependência de 70, às vezes 90 por cento do governo. É verdade que estamos em uma democracia representativa consolidando-­se, mas “e se”? E se muda tudo, entra alguém e corta as
verbas? Fechar as portas, isso que resta.

A dica é buscar idealmente três terços de fontes diferentes de recursos, cada fonte não representando mais de 35 por cento dos recursos da entidade.

Não adianta dizer: “Ah! Eu tenho três empresas que me patrocinam, cada uma dando um terço da minha receita”. Pois não serve. Pois se vem uma crise as três fecham a torneira. Quando eu me refiro a três terços é de fontes diferentes: um terço de empresas, um terço de indivíduos e um terço
de governos, por exemplo. Ou um terço de uma fundação internacional, um
terço de eventos e um terço de empresas. Faça suas contas, planeje essa mudança para sua entidade. Claro que isso é um ideal. O alarme deve soar quando você vê que alguma fonte está chegando a 50 por cento de sua renda. É hora de agir.

Lembre-­‐se desse desenho abaixo. É fácil memorizar, lembra-­‐se do símbolo paz e amor dos hippies? É isso mesmo. Coincidentemente é o que precisamos para a sustentabilidade de nossa organização. Paz e amor.”

Crédito:  Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.



Diversificar fontes dá trabalho, mas garante nossa sobrevivência e autonomia. Se perdemos uma fonte, apertamos o cinto e ainda sobrevivemos até encontrarmos outra.

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Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.

como criar uma ong

Reflexões para quem pensa em criar uma ONG

Antes de tomar a iniciativa de constituir uma ONG, Organização Não Governamental sem fins lucrativos, o autor da ideia deve se perguntar: será que já não existe uma ONG constituída que lute por este mesmo ideal social em que acredito a que eu possa me aliar e contribuir nos seus projetos? Ou é de fato necessária a criação de uma outra entidade?


Caso a reflexão demonstre a necessidade de uma nova ONG, o segundo
passo é conhecer o percurso a percorrer:


1º) encontrar outras pessoas com os mesmos ideais para que fique
caracterizada a associação;


2º) redigir o estatuto social e registrá-lo em cartório e na Receita Federal;


3º) realizar o diagnóstico do problema social a ser tratado;


4º) entrevistar o público-alvo, conhecê-lo e convidá-lo a participar do planejamento e das ações da entidade;


5º) montar uma estrutura mínima para a operação (local de encontro e realização de atividades, telefone, equipe com definição de competências);

6º) legalizar a organização para que ela se torne apta a captar recursos: obter o alvará de funcionamento e inscrever a entidade nos Conselhos relacionados ao público-alvo e aos objetivos da entidade;


7º) elaborar, por escrito, o projeto social a ser desenvolvido;


8º) promover a captação de recursos.

Leia também:Captação de Recursos: Busca de Aliados para sua Causa.


O terceiro passo é refletir na seguinte linha: se não estou preparado para realizar os 8 passos iniciais, me restam duas alternativas: voltar à primeira consideração ou participar de ações de controle social, atuando no acompanhamento e fiscalização das políticas públicas que envolvam o tema como, por exemplo, participando dos Conselhos Municipais.

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Fonte: Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.


DETALHES DO ANEXO gestao-para-organizações-do-terceiro-setor-ferramentas-administrativas

FERRAMENTAS ADMINISTRATIVAS PARA SUA OSC

MISSÃO, VISÃO E VALORES

Já é bastante comum a utilização de ferramentas e técnicas administrativas na gestão em organizações do Terceiro Setor. No entanto, para que o sucesso seja alcançado em qualquer instituição, seja ela pública, privada, com ou sem fins lucrativos, primeiro se faz necessário identificar:


• Qual a missão e objetivos da entidade
• Quais as funções dos administradores


Analisando estatutos, e até mesmo o exercício das atividades, é possível identificar instituições que não conseguem definir claramente seus objetivos, que mesmo sendo muito bem intencionados, parecem vagos.

Nesses casos, essas entidades não conseguem dizer o que realmente fazem em virtude de possuírem ideais muito abrangentes.


Em outras situações, encontramos organizações pretendendo perseguir fins bastante diversos, que não possuem inter-relação entre si. Exemplo disso são documentos constitutivos que definem como finalidades de uma mesma organização todas aquelas previstas no Art. 3º da Lei nº 9.790/99 (Lei das OSCIPs).


É verdade que adotar objetivos vagos ou di­versos pode, por um lado, garantir o apoio de vários parceiros ao mesmo tempo. Porém, por outro lado, esse comportamento tende a dificultar a identificação da atividade prepon­derante da entidade e a definição de suas convicções, fatores que podem afastar co­laboradores, doadores e financiadores, além de reduzir as chances de representatividade junto à sociedade.


Missão e objetivos claramente definidos per­mitem aos gestores tomar decisões, definir metas, mensurar custos e controlar os resul­tados. As organizações do Terceiro Setor, embora tenham características e objetivos di­ferentes das empresas do setor privado e ór­gãos públicos, não devem fugir à regra, uma vez que também tomam decisões, mobilizam ações e geram resultados financeiros ou não.

Portanto, para aumentar suas chances de sucesso, as instituições sem fins lucrativos também devem ter um norte, um caminho a seguir. No campo da administração, esta definição é comumente feita através da de­claração da missão, da visão e dos valores, fundamentais para existência de qualquer empreendimento.

A missão diz respeito ao que a entidade se propõe a fazer e para quem. Deve responder às seguintes questões:

• Por que a instituição existe?
• O que a organização faz?
• Para quem faz?

A visão é uma declaração de qual é o futuro desejado para a organização, onde são identificados os objetivos que a instituição almeja atingir.

Por fim, os valores são crenças ou princípios que norteiam os comportamentos, atitudes e decisões da instituição e de seus integrantes.

Se sua organização ainda não definiu sua mis­são, visão e valores, ainda dá tempo. Aquelas que já os possuem, cabe uma revisão para verificar se estes estão realmente sendo pra­ticados.

Sua organização ainda não tem missão, visão e valores definidos? A Thomazin Assessoria pode ajudar! Clique aqui para nos enviar uma mensagem e o mais rápido possível entraremos em contato.

Fonte: Gestão para Organizações do Terceiro Setor, Nailton Cazumbá + NOSSA CAUSA.

doações ongs

As doações a ONGs e o IR

Há um senso comum de que as doações financeiras feitas por empresas
para ONGs são abatidas do Imposto de Renda. Entretanto, é
necessário esclarecer que nem sempre a dedução é possível, pois não
são todos os tipos de empresas que podem ter algum tratamento fiscal
diferenciado quando realizam doações para ONGs.


Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real


Das três diferentes modalidades de pagamento de tributos – Simples
Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real – somente a de Lucro Real
permite que as empresas usufruam de tratamento diferenciado. As
empresas que se enquadram nas modalidades de Simples Nacional e
Lucro Presumido não têm direito ao mesmo tratamento.


As empresas de Lucro Real devem observar que existem diferenças
que precisam ser consideradas quando elas optam por fazer doações
financeiras a uma ONG. Se a instituição sem fins lucrativos não tiver
certificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público) ou de UPF (Utilidade Pública Federal) – certificações essas
que são concedidas pelo Ministério da Justiça –, não haverá qualquer
benefício fiscal para a empresa que, neste caso, estará fazendo a doação
visando estritamente o benefício social resultante do projeto.

OSCIP e UPF

Caso a ONG beneficiária da doação possua um dos dois certificados
– de OSCIP ou de UPF –, o valor doado (limitado a 2% do lucro operacional
antes da doação) poderá ser abatido na base de cálculo do
Imposto de Renda. Por exemplo: se as despesas da empresa forem de
R$ 100 mil (já computada a doação de R$ 10 mil) e as receitas de
R$ 150 mil, o lucro tributável será de R$ 50 mil (a diferença entre as
receitas e as despesas).


Porém, se a ONG que recebeu a doação não tiver qualquer um dos
dois certificados, a empresa doadora pagará imposto de renda sobre
R$ 60 mil, pois precisará somar ao lucro (de R$ 50 mil) a doação que
foi feita de R$ 10 mil. É a chamada despesa de doação indedutível do
lucro. Isso significa dizer que, embora o gasto financeiro da doação de
R$ 10 mil tenha ocorrido para a empresa, na hora de calcular o lucro
não é possível abater esta despesa.


É por este motivo que possuir a certificação de OSCIP ou de UPF aumenta
as chances de captação de recursos por parte de ONGs junto
às empresas privadas.

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Fonte:

Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.

prestação de contas e transparencia no terceiro setor

PRESTAÇÃO DE CONTAS E TRANSPARÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Juntamente com a Sustentabilidade e o Profissionalismo, a Prestação de Contas forma o tripé de diretrizes que precisam ser praticadas diariamente, priorizando a transparência nas organizações do Terceiro Setor.

Prestação de Contas no Terceiro Setor

A prestação de contas envolve um conjugado de informações financeiras, contábeis e de documentos que tem por objetivo dar transparência às ações realizadas pela entidade. Refere-se não apenas à comprovação da boa e regular utilização dos recursos financeiros recebidos, mas também da responsabilidade que lhes foram transferidos, sejam eles originados da sociedade, da inciativa privada ou do poder público.

Na prestação de contas das parcerias realizadas, por mais que muitas vezes não vejamos, a contabilidade e a gestão financeira estão diretamente refletidas. Fica muito difícil entregar uma prestação de contas sem que a OSC mantenha algum tipo de controle sobre suas movimentações.

Recomenda-se que as OSCs demonstrem o máximo de transparência no que diz respeito a sua gestão, através da elaboração e apresentação de prestações de contas, sejam elas destinadas ao seu conselho fiscal, aos seus colaboradores, voluntários, doadores e beneficiários, aos órgãos públicos concedentes de recursos e titulações, ou aos órgãos de controle e fiscalização.

O Tribunal de Contas da União – TCU trata a prestação de contas como a “obrigação social e pública de prestar informações sobre algo pelo qual se é responsável”, e afirma que o procedimento é a base da transparência e do controle social.

Desta forma, a prestação de contas se apresenta como um importante instrumento para a transparência no processo de gestão das organizações, sendo considerado com um procedimento relevante, o que significa que não deve ser pensado apenas no final do exercício, na conclusão do projeto, ou no encerramento da vigência das parcerias, como vemos acontecer frequentemente.

Importante ressaltar que, devido ao seu conteúdo e ao seu nível de detalhamento diário do processo, a prestação de contas não deve ser delegada apenas ao profissional de contabilidade. Nesse caso, a OSC fica responsável pela montagem e entrega da prestação de contas, mas pode, a qualquer tempo, contar com o auxílio do seu contador.

Como podemos observar prestar contas não se resume ao preenchimento de formulários, elaboração de demonstrações financeiras e apresentação de documentos fiscais e extratos bancários. É muito mais que isso! É a comprovação do cumprimento, de forma clara, correta e tempestiva, de cada meta, etapa e fase prevista para a consecução de um objeto pactuado verbal ou formalmente.

Por isso, relatórios descritivos de atividade, fotos, vídeos, listas de presença, depoimentos, resultados de pesquisas, dados estatísticos, construções, equipamentos, certificados, material de divulgação em rádios, jornais, televisão, e quaisquer outras formas de comprovação da realização das atividades são também integrantes de um processo de prestação de contas.

Assim sendo, além de demonstrar transparência de sua gestão para a sociedade, as organizações do Terceiro Setor devem prestar contas periodicamente de seus atos e recursos recebidos para seus associados, instituidores e doadores, e obrigatoriamente para seus financiadores. Ou seja, para todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, privadas ou públicas que tenham interesse ou sejam mantenedoras da entidade.

No caso da utilização de recursos públicos nacionais (advindos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de parcerias, a prestação de contas precisa ser ainda mais detalhada, complexa, e transparente, devendo obedecer às regras estipuladas pelos concedentes e pela legislação.

Transparência no Terceiro Setor

Outro aspecto muito relevante que já abordamos durante o curso, tanto da contabilidade, como da prestação de contas é a proposição da transparência. Ela se dá de forma expressiva, pois as OSCs, além de receberem recursos financeiros e não financeiros, as entidades gozam de benefícios fiscais previstos na legislação. Por conta de sua natureza assistencial, essas organizações recebem uma cobrança maior da sociedade para que ofereçam informações transparentes de sua atuação.  O processo decisório por uma instituição durante a seleção de órgãos governamentais e de OSCs privadas pode ser fundamental para os dois lados. Tanto para uma entidade que necessite alocar esses recursos em seus projetos sociais, quanto para uma companhia ou órgão público que deseja investir em uma associação que cumpra sua função de forma adequada e honesta.

Para serem reconhecidas oficialmente como filantrópicas, é necessário obter certificações e titulações específicas, sob determinadas condições legais, como o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), que tem duração de três anos com possibilidade de renovação pelo mesmo período. O sucesso de uma Organização do Terceiro Setor (OTS) é verificado pelo quanto ela conseguiu beneficiar a sociedade a partir da combinação de esforços e recursos. Conhecer as metas e os objetivos relacionados a missão da entidade e seu desempenho na captação de recursos propicia aos stakeholders (público estratégico) a segurança necessária.

É preciso mostrar de maneira clara para os doadores e para a sociedade não somente de onde vieram tais recursos, mas também como este recurso foi aplicado e qual o benefício social que foi gerado. A ausência de transparência acaba sendo um dos maiores obstáculos para o aumento da captação de recursos para as causas sociais, já que ao não saber como os recursos foram usados, os doadores não se sentem mais estimulado para efetuar mais doações.

Portanto, a transparência não quer dizer somente a apresentação de relatórios financeiros e sim, a fidelização do doador, além do comprometimento e a total responsabilidade na gestão dos recursos. Afinal, quando o doador e o seu receptor criam juntos os recursos, o resultado certamente é o principal benefício social.

Sustentabilidade no Terceiro Setor

Fidelizar doadores é um processo lento, mas integra parte do desenvolvimento da instituição e cria inestimáveis patrimônios, como a sustentabilidade da entidade em longo prazo. Tudo isso compreende os valores e os princípios éticos que compõem este terceiro setor sem fins lucrativos e de interesse geral e da sociedade.

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Fonte: Educação Financeira para o Terceiro Setor – Manual do Participante Outubro/2017

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

Planejar é uma atividade de grande relevância no meio organizacional, pois é um recurso de fundamental importância para que as organizações atinjam objetivos de forma mais eficiente. Planejar não é tentar adivinhar e sim pontificar o presente e o futuro. Se essa é uma das mais simples e práticas definições de planejamento, porque será que tantas organizações têm tanta resistência a esta prática?

Muitas são as razões encontradas, destacamos as principais:

  • É difícil planejar alguma coisa, pelas constantes transformações de cenários, ou;
  • Tempo que se gastaria planejando, poderia ser mais bem empregado na implantação de algo novo.

Planejamento é o trabalho de preparação para qualquer empreendimento, no qual se estabelecem os objetivos e os recursos necessários para atingi-los, bem como as políticas que deverão disciplinar a aquisição, utilização e disposição desses recursos, etapas, prazos e meios para sua concretização. É um processo no qual se organizam as informações e dados importantes para manter a organização funcionando e poder atingir determinados objetivos.

O planejamento estratégico é um recurso utilizado como suporte a mais apropriada tomada de decisão de modo que as organizações antecipem-se às mudanças ou ainda se prepararem para enfrentá-las. Assim, o planejamento estratégico deve possuir como principal qualidade a flexibilidade, com o intuito de permitir o ajuste necessário frente às incertezas do mercado em qualquer tempo.

Contudo, quando não se tem uma definição clara das metas de um plano de trabalho, tanto a longo como em curto prazo, de nada adianta fazer um planejamento estratégico, por mais completo que seja, pois qualquer caminho é idêntico. Sendo assim, a principal razão de se formalizarem as metas e objetivos dos planos de trabalho é procurar adaptar e orientar o caminho a ser seguido para que a organização esteja cumprindo sua missão em direção à visão.

As ferramentas de gestão que tanto são úteis para organizações “de mercado” devem ser revistas especificamente para uso em instituições sem fins lucrativos. Embora muitas pessoas não vejam dessa forma, as instituições da sociedade civil também precisam fazer uso de técnicas administrativas eficazes já que precisam desenvolver sua autossustentável para poder desempenhar bem seu papel. O uso do planejamento estratégico por instituições da sociedade civil irá contribuir para a adequada alocação de recursos e provocar um fortalecimento financeiro, provando mais uma vez sua eficácia.

O Planejamento Estratégico tem como característica principal a preocupação com o longo prazo e com a gestão completa da organização. Caracteriza-se também como um processo através do qual os administradores definem os objetivos, a forma de buscá-los (Estratégia) e as restrições e capacidades internas e externas à organização.

A seguir é explicado sucintamente um modelo planejamento que já traduz algumas das peculiaridades das organizações da Sociedade civil.

No modelo Almeida (2001) o processo de planejamento pode ser divido em grandes blocos, conforme a figura abaixo:

planejamento estratégico

Fonte: Almeida (2001:42)

  • Orientação: Nesse bloco são definidas a missão e vocação da organização objeto do planejamento.
  • Diagnóstico: Fase em que é feita toda a análise tanto de aspectos internos quanto da parte externa, procurando-se identificar pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, a fim de se levantar as possíveis estratégias a serem traçadas.
  • Direção: Momento em que serão definidos estratégias, objetivos e metas a serem atingidos.
  • Viabilidade: Bloco que é composto dos instrumentos de verificação da viabilidade das decisões tomadas.
  • Operacional: Caso sejam consideradas viáveis as estratégias definidas, devem ser estabelecidas ações e um cronograma.

Norteado pela definição da missão e vocação, a fase de diagnóstico é determinante para sucesso de qualquer processo de planejamento estratégico, uma vez que é composta por todos os exercícios e técnicas que permitirão à organização aproveitar os pontos fortes, reduzir os pontos fracos, aproveitar oportunidades e evitar ameaças.

E como está o planejamento da sua entidade? Precisa de ajuda? Clique aqui para preencher o formulário de contato e o mais breve possível daremos retorno.

Fonte:

Educação Financeira para o Terceiro Setor

Manual do Participante Outubro/2017

 

gestao e planejamento no terceiro setor

Terceiro Setor: GESTÃO E PLANEJAMENTO – UMA DUPLA INSEPARÁVEL

Quem atua na Sociedade civil desenvolve um trabalho por amor à causa, mas engana-se quem pensa que essa é uma tarefa fácil.

Podemos destacar o trabalho por um bem maior, conhecer pessoas que nos mostram o significado da palavra solidariedade, grandes desafios e uma oportunidade imensa de crescimento profissional e pessoal.

O controle financeiro de uma organização é a principal ferramenta de que se deve fazer uso para atingir o objetivo final de todo o “empreendimento”, a sustentabilidade. Entretanto, apesar de tratar-se de uma constatação simples e quase óbvia, analistas apontam o descontrole financeiro como uma das principais causas do fechamento precoce da maioria das organizações que funcionam no Brasil.

Os gestores querem o crescimento das suas organizações, e, motivados unicamente pelo sonho, investem nesta empreitada, sem o menor preparo, nem planejamento financeiro. E aí é que mora o perigo, ignorar exatamente a espinha dorsal de uma gestão bem-sucedida: o controle financeiro.

Seja fazendo o uso de um caderno de controles, de planilhas financeiras ou recorrendo a softwares de gestão mais sofisticados, o importante é que esse controle seja feito! O método fica a seu critério, mas opte por aquele que satisfizer melhor às necessidades da sua organização.

Não é necessário que todas as organizações controlem todas essas funções. A verdade é que o nível de gestão financeira vai depender das características e tamanho da OSC em questão. De toda forma, se você não está alinhado com alguns ou todos esses pontos, talvez precise repensar como as finanças da sua organização estão acontecendo.

Após essa breve reflexão, vamos alertá-lo quanto aos maiores inimigos da boa gestão financeira. Aqueles que, com o passar do tempo, podem fazer seu sonho virar seu maior pesadelo!

Leia também: AFINAL, O QUE É GESTÃO FINANCEIRA?

Estabelecer um sistema de gerenciamento inefetivo

Antes de ingressarmos nos detalhes, é importante dizer que toda organização deve manter um sistema de gerenciamento – vale dizer que não se trata de um software avançado, mas sim de controle – em funcionamento constante para que se possa desenvolver um controle financeiro eficiente. Todas as operações envolvidas na sua OSC devem ser conhecidas e bem gerenciadas, caso contrário, isso refletirá negativamente na sua saúde financeira. Se sua organização ainda não tem estabelecido esse sistema, a hora de implantá-lo é agora, antes que possíveis erros tomem proporções tão grandes que possam comprometer as finanças de sua organização de maneira irreversível.

Haver descontrole do fluxo de caixa   

Manter o controle do fluxo de caixa vai muito além de somente acompanhar entradas e saídas de dinheiro. Sim, é importante registrar essa movimentação corretamente, sem dúvida. Mas a importância de se controlar o fluxo de caixa é muito maior. O fluxo de caixa serve para planejar o futuro financeiro da OSC, e planejamento é a chave para o sucesso. É a garantia de não ser pego de surpresa, de ficar inesperadamente no vermelho e sem capital de giro para se manter de pé.

Mas para que seu planejamento seja eficiente, você deve ser capaz de fazer projeções realistas, que reflitam tudo que for financeiramente relevante para a sua organização. Isso por que é com base nessas projeções que se tem tempo de pensar nas providências necessárias, seja renegociando pagamentos para evitar que seu caixa fique no vermelho ou barganhado descontos para pagamentos antecipados, toda movimentação financeira da organização deve ser condizente com as projeções do seu fluxo de caixa. Pense também nos seus prazos e como eles influenciarão sobre as suas decisões.

Perder de mão esse controle é contar com a sorte; é ter que pagar multas desnecessárias quando seu saldo estiver inesperadamente descoberto; é correr o risco de quebrar podendo ter a oportunidade de manter-se sólido.

Uma boa dica é especificar um horário semanal para fazer a atualização do seu fluxo até que seu sistema esteja totalmente sob controle. A tendência é que esse comportamento se torne automático, isto é, faça parte das suas funções rotineiras.

Portanto, faça a manutenção do controle financeiro e preze pela saúde financeira da sua organização. Se for o caso, utilize uma ferramenta de gestão para garantir que você não se perca nas finanças da instituição.

Desconhecer seu custo

O objetivo financeiro de toda a OSC é a sustentabilidade, portanto, garantir a sustentabilidade deve ser o objetivo final de toda organização. Mas para que se possa alcançá-la e garantir que ela exista, é fundamental que sejam conhecidos os custos dos serviços ofertados, assim, pode-se calcular o valor real da operação, por isso inclua a margem de sustentabilidade desejada.

Misturar finanças pessoais com as da organização

Eis aqui um dos pecados mais recorrentes cometidos nas organizações, principalmente nas pequenas. É muito comum que os parceiros/associados utilizem dinheiro próprio para pagar despesas da organização e vice-versa, o que não é nada bom para a saúde financeira da organização.

Para começar, a confusão de despesas e mistura de caixas interfere no cálculo dos custos fixos que, como já vimos, são importantes para se calcular precisamente a sustentabilidade da organização. Portanto, não manter a separação de gastos pode dar ao gestor da OSC a falsa ilusão de que sua organização está mantendo um bom nível de sustentabilidade quando, de fato, não está.

Essa falta de controle do que é pessoal ou não pode parecer banal, mas é um dos erros que mais contribuem para o fim das atividades de muitas organizações.

Ignorar o controle de estoque

Não controlar o estoque da sua organização pode afetar seu negócio de várias maneiras bastante prejudiciais, inclusive para a reputação da sua OSC. Por conta disso, você pode acabar não sabendo exatamente quanto você deveria ter/usar de material e o quanto, de fato, usa. Fora isso, você ainda pode correr o risco de acabar usando produtos vencidos ou com a qualidade comprometida; pode ter gastos extras por estocar produtos desnecessariamente; você corre o risco de acabar estocando demais o que é usado de menos; enfim, no final das contas, pode acabar tendo que arcar com custos extras que, como já vimos, afetam a margem de sustentabilidade da sua organização. E quando o descontrole é em grande escala, é provável que o déficit também o seja!

Esquecer de registrar todas as operações

Toda e qualquer operação financeira que ocorre dentro da sua organização deve ser registrada, independentemente do valor. É um erro muito comum que as organizações subestimem o registro de algumas operações, principalmente quando envolvem valores baixos. O que acontece é que, em um primeiro momento, dificilmente isso aparece com relevância no diagnóstico financeiro da organização, porém pequenos gastos ao fim de um longo período tendem a se transformar em um gasto grande, e esse sim tem o poder de afetar a saúde da OSC, às vezes, até de maneira definitiva. Portanto, não subestime pequenos gastos, registre todos, eles também devem fazer parte do que se chama controle financeiro.

Ignorar despesas ocultas

Por mais programado e organizado que se seja, é impossível prever todas as despesas que possam existir. Sempre surgem aquelas, com as quais não se contava, por mais preparo e planejamento que haja. Pode ser um imprevisto, um acidente no trabalho, enfim, há sempre algo que não foi imaginado, mas que pode acarretar danos consideráveis.

Para se prevenir contra essas possibilidades, é sempre importante fazer uma reserva mensal, destinada justamente para garantir esses tipos de despesas ocultas. Essa medida é muito benéfica para que sua OSC não corra o risco de ficar no vermelho caso tenha que arcar com despesas imprevistas, altas o suficiente para comprometer sua saúde financeira.

Acredito que o sentimento de diversos gestores de instituições foi: “E agora?”. Felizmente, para você que perdeu o fio da meada, seja bem-vindo ao clube. Neste curso vamos aprender alguns métodos de controle e planejamento financeiro. Verdade seja dita, essa fase não tem embalagem, nem rótulo para nos dizer sua validade. Então, está em tempo de você replanejar sua organização! Sem sombra de dúvidas essa ação se torna fundamental para sua OSC, visto que muitos não se preocuparam em prever ou antecipar suas receitas, despesas e ações.

Convoque seus colaboradores e parceiros para uma conversa, um diálogo participativo. Coloque na ponta do lápis quais os gastos que podem ser diminuídos para manter a estrutura funcionando, as ações que são mais importantes e projetos futuros.  E não se mantenha na inércia, coloque o projeto de baixo do braço e vá à luta. O fato de estar passando por uma crise não é desculpa para abandonar a causa.

Fonte:

Educação Financeira para o Terceiro Setor

Manual do Participante Outubro/2017

 

como realizar transição de carreira para o terceiro setor

Mudança de carreira: do mercado financeiro a uma revolução no terceiro setor

Ela disse um sonoro não ao abonadíssimo mercado financeiro de Londres para começar do zero no incerto mundo das ONGs. Daniela Barone Soares, 40 anos, havia decidido que não correria mais atrás do primeiro milhão, do segundo… A virada aconteceu em 2004, exigiu a troca de apartamento e o corte de alguns mimos e fricotes, mas lhe caiu muito bem. Essa mineira de Belo Horizonte – aluna AAA do curso de economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pós-graduada na meca dos administradores, a escola de negócios de Harvard com bolsa da Fundação Estudar – é um dos nomes mais respeitados do terceiro setor na Inglaterra.

Já foi chamada de “anjo dos negócios” pelo jornal The Guardian e, em 2009, entrou para o ranking das 100 personalidades “que fazem o Reino Unido mais feliz”, do jornal The Independent. Foi dessa maneira que a revista Claudia apresentou Daniela em uma matéria de destaque em 2010. Aquele foi um período de muita visibilidade da carreira de Daniela, que naquele momento recebia o reconhecimento pela mudança radical de carreira feita anos antes.

Leia também: Como seguir carreira em impacto social

Mudança de carreira

Daniela teve uma carreira muito bem-sucedida no mercado financeiro antes de entrar no terceiro setor, onde há mais de dez anos lidera a ONG Impetus. A organização arrecada doações para entidades filantrópicas e ensina a elas gerenciamento, administração e formas de obter financiamentos, uma área de trabalho recente, baseada no know-how do mercado financeiro.

A convite da ImpulsoBeta, Daniela aceitou compartilhar um pouco de sua jornada profissional e inspirar pessoas em movimentos ousados de carreira em busca de seus sonhos. Fiquem com a Daniela:

O que você planejava para a carreira na época da faculdade?

Na época, eu sabia que queria fazer a diferença, mas não sabia ainda como. Tinha pensado em seguir carreira política, brevemente, mas na área social não via muitas alternativas que tivessem o meu perfil. Fui trabalhar no setor financeiro, combinando meu interesse na área com a visão de que a experiência no setor abriria portas futuramente.

Com menos de 30 anos você já era vice-presidente do BancBoston Capital. Como foi esse momento da sua carreira, estando na liderança tão cedo?

O BancBoston Capital na Inglaterra tinha uma estrutura super flat, a hierarquia era muito pouca. Era um escritório pequeno, cobrindo toda a Europa, então era muito empreendedor. Eu focava mais nos países Ibéricos e Itália — desde construir relacionamentos para co-investimento até efetuá-los e integrar o conselho. Era uma mistura de estratégia, análise, finanças e empreendedorismo, pois estávamos apenas começando a fazer investimentos em private equity nas empresas desses países.

Acho que em private equity, em geral, é necessário bastante thick skin (pele grossa). Time pequeno, muita viagem, o tempo todo, trabalho bem intenso, num ambiente quase exclusivamente masculino. E bom humor unido a competência é essencial.

Em que momento você começou a decidiu mudar seus rumos profissionais?

Eu gostei da minha experiência de private equity e venture capital. Mas encontrei algo que faz muito mais sentido pra mim. Na verdade, sempre fiz voluntariado, geralmente diretamente com as pessoas carentes. Quando estava trabalhando em private equity, tive a oportunidade de ajudar uma CEO de uma ONG a fazer um plano de negócios, a estruturar a organização, a pensar mais estrategicamente. Esse foi meu grande ‘insight’: ver que as habilidades que adquiri no meu MBA e na carreira em private equity e venture capital, onde se tem uma visão mais abrangente de negócios, eram muito relevantes para o terceiro setor. Então veio a determinação de combinar essas habilidades de negócios, gerenciamento e empreendedorismo com algo onde eu pudesse fazer uma diferença social maior e mais significativa.

E como foi a adaptação para o terceiro setor?

A adaptação foi fácil e difícil. Fácil pois foi imensamente gratificante. Difícil pois no ano seguinte recebi menos de salario do que tinha pago de imposto no ano anterior. Fácil porque realmente escolhi uma posição onde minhas habilidades eram incrivelmente úteis e em demanda. Difícil porque tinha muito o que aprender em relação ao setor, à dinâmicas do setor e o constante malabarismo de fazer ‘mais com menos’, pois recursos são sempre escassos em relação ao problema social que se quer resolver.

Quais são para você suas principais realizações profissionais e pessoais?

Estou há quase 10 anos no comando da Impetus. Nesse período, a organização passou de uma startup de duas pessoas full-time para uma organização de excelente reputação e reconhecimento na Inglaterra, dez vezes maior em receita, com 45 funcionários e tendo investido e escalonado mais de 50 instituições, alcançando mais de 250 mil pessoas no ano passado. Ter dado forma a essa organização incrível foi um grande privilegio.

Pessoalmente, construí uma carreira onde tenho participação ativa em todos os três setores da economia e adoro isso. No terceiro setor como CEO da Impetus, no setor corporativo como Diretora Não-Executiva dos Conselhos de Administracao da Evora S.A. holding no Brasil e da Halma Plc na Inglaterra, e no setor publico como co-fundadora do Education Endowment Foundation, um fundo de £140m (R$ 630 milhões) do Departamento da Educção da Inglaterra, alem de participação ativa em duas grandes iniciativas do Primeiro Ministro David Cameron: Big Society Capital (o primeiro banco de investimentos sociais no mundo) e, mais recentemente, o G8 Social Impact Investment Taskforce, onde participei como chair de uma das iniciativas, sendo homenageada pelo Chanceller, George Osbourne.

Que dicas você dariam para mulheres que estão passando por uma transição de carreira?

Bem, depende muito da carreira e da trajetória de cada um. Em geral, pela minha experiencia, eu diria:

♦ Busque se autoconhecer, veja profundamente o que motiva você.

♦ Traduza suas motivações em pré-requisitos para o que você busca.

♦ Converse com muita gente que já fez este percurso que você quer fazer e veja o que se aplica a você.

♦ Se tiver oportunidade, experimente! Teste o campo onde quer atuar, sem compromissos de longo prazo (engaje-se em projetos, voluntariado, etc). Teste suas hipóteses na prática.

♦ Ainda que seu primeiro emprego na nova área não seja o que você sonhou, persista. Sua determinação e amor ao que faz criarão oportunidades dentro ou fora dessa primeira posição.

E para mulheres que aspiram chegar a uma posição de alta liderança, qual o conselho?

A história de cada pessoa é diferente, então não existem caminhos predefinidos. Importante em qualquer caminho é o autoconhecimento e autoaprimoramento. Saber como contribuir em cada situação, saber onde investir seu tempo e habilidades, saber o que se quer e aonde se quer chegar. Definir, por si própria, o que sucesso significa – e avaliar-se de acordo, honestamente. Entender profundamente o que motiva e energiza você e então ir atrás de uma carreira coerente com isso. Para mim, liderança natural é aquela que combina paixão com competência e disciplina na implementação.

Fonte: https://www.napratica.org.br/do-mercado-financeiro-a-uma-revolucao-no-terceiro-setor/