Quem nunca tirou o dia para ir ao banco abrir uma conta e ficou na fila durante um bom tempo para descobrir que ainda faltava algum documento? Resultado: tempo perdido. Ou então ficou com receio de contratar um seguro ou de fazer investimentos por medo de ser enganado? Que tal, então, esquecer o cartão e não ter como pagar a conta? Esses acontecimentos são comuns e todo mundo já passou por algo parecido. Mas tudo isso está com os dias contados e um dos motivos para isso são as fintechs.
O que são fintechs?
Fintechs são startups que trazem inovações profundas para o mercado de serviços financeiros, com soluções muito mais acessíveis e revolucionárias. Elas são novas formas de lidar com finanças surgem a cada dia, transformando o que antes conhecíamos como convencional. Para abrir conta em um banco digital, por exemplo, só é necessário um celular com câmera e documentos. Se precisar de ajuda para gerenciar o fluxo de caixa da sua empresa, é só baixar um aplicativo. Já se você quer contratar um seguro, pode personalizar as coberturas que quer, 100% online e com atendimento de primeira.
São diversas as tecnologias que estão chegando e sendo usadas nos aplicativos de finanças. A inteligência artificial (I.A.) é uma delas, podendo auxiliar tanto em personalização de serviços, como big data, entre outros. Outra é o blockchain, que, entre outras coisas, permitiu o surgimento de moedas digitais criptografadas, cuja primeira versão totalmente descentralizada é a polêmica Bitcoin.
Bancos digitais também prometem ser o futuro e, inclusive, grandes bancos começaram a investir no setor. Um exemplo disso é o Bradesco, que recentemente lançou o Next, com funções como criar objetivos, organizar vaquinhas e até estruturar o orçamento mensal. Além de fazer frente aos bancos digitais como Banco Original e Neon, o Next também surge para competir com o Nubank, antes mesmo que ele se expanda de um serviço de cartão de crédito para um possível banco.
Menos burocracia
No entanto, as mudanças não se limitam à tecnologia. Por meio de inovações disruptivas, as fintechs estão trazendo um novo mercado de serviços financeiros: mais simples e muito menos burocrático. Um exemplo disso é a mudança na interação com o usuário, que passa a ser o centro do serviço. Diferente de grandes redes, que tendem a ter um atendimento falho e demorado, a promessa das startups é um atendimento personalizado e veloz. Muitas, inclusive, tem esse fator como seu principal diferencial.
O principal diferencial do Nubank não é só o atendimento, mas eles dão a devida atenção ao assunto. “Nosso atendimento é reflexo direto de um dos principais valores que temos no Nubank: trabalhamos para que os clientes nos amem como fanáticos”, destaca David Vélez, fundador e CEO da startup.
Ele acredita que as pessoas já estavam cansadas de se sentirem enganadas ou confusas em relação ao dinheiro, por isso a importância de ter um atendimento de qualidade é muito importante. Ele também acrescenta que é essencial que esse contato seja humano, afinal, apesar de ser uma solução digital, os clientes são pessoas.
Essas inovações estão vindo de forma cada vez mais acelerada e prometem deixar para trás – de uma vez por todas – as ideias convencionais de meios de pagamentos, bancos, investimentos, moedas, entre outros. Para saber melhor os caminhos que as fintechs estão abrindo, é importante começar entendendo o cenário do mercado tanto global quanto nacional.
Principais áreas das fintechs
Apesar do blockchain e da inteligência artificial serem promissoras, não significa que é o único jeito de inovar. Empresas como Nubank, por exemplo, mexeu com o mercado com um produto relativamente simples: um cartão de crédito com aplicativo. Assim, é interessante conhecer melhor cada uma das principais áreas e algumas fintechs promissoras.
Criptomoedas e blockchain
A criptomoeda é um conjunto de moedas digitais que tem como principal ferramenta a criptografia para ter transações seguras e controlar melhor a criação de novas unidades. No caso, toda criptomoeda usa blockchain, que é, como já explicado, o sistema que garante a segurança das transações.
Em 2009, o bitcoin se tornou a primeira criptomoeda descentralizada, ou seja, ela é definida por um código aberto e autoregulável. Desde então, a procura pela moeda vem crescendo e esse ano ela aumentou muito. Guto Schiavon, da FOXBIT, afirma que o mercado para bitcoins aumentou não só no exterior como no Brasil: “Falando em termos de Brasil, a média de volume de transações da FOXBIT no ano passado era de 1 milhão por dia, já hoje esse valor é de 4 milhões, com picos de 10”.
No caso, a FOXBIT é a maior corretora de bitcoins no Brasil, funcionando como uma bolsa, onde vendedores encontram compradores em um ambiente descomplicado. Segundo Schiavon, antes da FOXBIT era difícil comprar bitcoins e o comprador poderia acabar pagando um preço diferente a cada um. A diferença que a corretora trouxe para o mercado foi agilidade, transparência, segurança e liquidez. “Com operações acontecendo em poucas horas, carteiras públicas, confiança na equipe e uma grande quantidade de traders dando liquidez, a exchange elevou o mercado nacional a outro patamar”, conta Schiavon.
Investimentos
Os investimentos estão deixando de ser algo complicado e se tornando cada vez mais simples e transparentes para os seus usuários. Existem várias startups de investimentos interessantes e com focos diferentes, trazendo desde novas formas de investir até de buscar as melhores alocações. Uma delas é o Warren.
Com foco em descomplicar investimentos e incentivar um público leigo no assunto a investir, o Warren traz a possibilidade de investir em objetivos com cinco possibilidades de fundos: desde os mais arriscados – com maior porcentagem em ações – até os mais seguros, que tem 100% renda fixa. Isso tudo é feito com a ajuda de um chatbot, que conversa com o cliente par ajudar a montar o perfil e os objetivos que mais condizem com ele, e inteligência artificial, que aloca os investimentos da melhor forma possível dentro do fundo escolhido.
Controle Financeiro
Na área de controle financeiro, surgem algumas fintechs que prometem ajudar os usuários a fazerem boas escolhas e gerir melhor o próprio dinheiro. Segundo Thiago Alvarez, CEO e cofundador do GuiaBolso, não ter um controle do orçamento é como dirigir um automóvel sem painel: só descobre que acabou a gasolina quando o carro para. É por isso que o GuiaBolso promete ajudar seus clientes a liderem melhor com o próprio dinheiro e, inclusive, economizar mais.
O GuiaBolso é um aplicativo que permite a conexão com a conta bancária do usuário e baixa automaticamente todas as informações de gastos e rendas, sem a necessidade de se fazer lançamento manual. Além disso, ele também sincroniza com os principais bancos e cartões, classificando os gastos, entre outros. “O GuiaBolso foi o primeiro a criar o controle financeiro automatizado e isso com certeza é um grande diferencial. Acreditamos que deixar o usuário informado sobre a sua situação financeira é a melhor maneira de fazê-lo tomar boas escolhas”, afirma Alvarez.
Mas não é só isso, pois o GuiaBolso também indica produtos financeiros para o usuário, uma vez que eles identificaram que uma parcela considerável da base estava constantemente no cheque especial. “O usuário pode comparar as taxas de empréstimo pessoal de diversos da plataforma, escolher a mais barata e fechar negócio via aplicativo”, completa o CEO.
Meios de Pagamento
Apesar dos pagamentos serem responsáveis por 31% do mercado de fintechs, ainda há muito espaço para crescer. Enquanto algumas das iniciativas mais comuns são via internet, muitas vezes voltadas para e-commerce, outras trazem ideias mais ousadas, como a de ser a primeira plataforma all-in-one do Brasil e unir todos os pagamentos em um só lugar, como é o caso da 4all.
O nome 4all – para todos ou para tudo – já indica a ambição da fintech, lançada em Porto Alegre no final de 2016. “A ideia da 4all era de melhorar a experiência da vida das pessoas como um todo”, afirma Ricardo Galho, cofundador e CDO da startup gaúcha. Para conseguir concentrar o máximo de pagamentos em um só lugar, a expansão está ocorrendo aos poucos – primeiro, estacionamentos, depois, mobilidade urbana, gastronomia e por aí vai – e promete conquistar mais cidades, negócios e clientes em pouco tempo.
Seguros
Dentro das fintechs ainda é possível citar insurtechs, startups de seguros, que tem tudo para revolucionar a área. Segundo Eldes Mattiuzzo, diretor da Youse, o mercado de seguros está em crescimento constante e à espera de inovações disruptivas. “No Brasil, o mercado de insurtechs ainda é bastante novo, mas com um potencial imenso a ser explorado, com novas iniciativas disruptivas que surgem todos os dias”, afirma Mattiuzzo.
Uma delas é a própria Youse, uma plataforma de vendas de seguros online da Caixa Seguradora, que estreou em 2016. A insurtech oferece seguros personalizados para carro, casa e vida, sendo possível customizar uma apólice de acordo com a necessidade do cliente, definindo somente as coberturas e assistências de seu interesse. Todo o processo é 100% online e em questão de minutos é possível personalizar e contratar um seguro de forma direta, rápida e segura, via celular ou desktop.
O que está mudando
Como já citado, o mercado de serviços financeiros está mudando de forma profunda e irreversível. Eficiência, atendimento personalizado e disrupção são alguns dos fatores essenciais da transformação. No caso, as principais responsáveis por trazer essas inovações são as fintechs, que apesar de pequenas, têm incomodado empresas consolidadas e líderes do mercado.
Segundo Alexandre Liuzzi, uma das mais importantes revoluções que as startups estão levantando é o questionamento do status quo. “As fintechs mostram que os processos da forma como são não estão modernizados o suficiente. Elas trazem processos mais eficientes para o mercado e, em muitos casos, com melhores controles”, afirma. Como já abordado, isso é ainda mais latente no Brasil, onde ainda há pouca competitividade e, ao mesmo tempo em que isso significa que há um vasto mercado a ser explorado, também revela um cenário com muito poder em poucas mãos.
Liuzzi aponta para o fato de que os três piores mercados no Brasil em termos de serviços e atendimento ao cliente são mercado financeiro, telefonia e internet. As startups, diferente das grandes corporações, têm uma tendência a centralizar suas atenções no cliente, buscando resolver seus problemas de forma rápida e eficiente. Dessa forma, essa mudança trazida pelas fintechs já é muito significativa, mas a tecnologia disruptiva também não pode ficar em segundo plano.
A razão para isso é que as grandes corporações estão começando a correr atrás do prejuízo, oferecendo serviços e atendimento online e cada vez mais rápido. De fato, já passou a época em que as instituições olhavam de forma negativa para novas iniciativas no mundo digital. “É possível perceber que grandes instituições, inclusive bancos tradicionais, começaram a perceber o valor que essas startups estão trazendo para o mercado”, completa Guilherme Horn.
Como consequência, surge um novo relacionamento entre grandes empresas do ramo e startups. Há instituições que desenvolveram áreas para funcionar como startups ou mesmo que estão de olho em novas iniciativas com a intenção de acelerá-las ou adquiri-las.
E não só bancos, mas reguladores também começaram a olhar para as fintechs e para a discussão que elas estão promovendo. Segundo Liuzzi, está havendo uma maior abertura dessas instituições: “O Banco Central eu sei que está aberto a essas fintechs e super próximo dos eventos de startups, acompanhando o que está acontecendo no mercado”. Isso está acontecendo também porque os reguladores percebem as vantagens que as fintechs trazem. No caso, existem soluções que podem reduzir os custos dos processos de controle, atender melhor ainda o cliente e trazer mais segurança para o sistema financeiro.
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Fonte: https://conteudo.startse.com.br/startups/fintechs/isabela/fintechs-o-que-e/
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