Na Europa e nos EUA assim que se cria uma nova iniciativa criam-‐se dois grupos. Um para atuar diretamente na causa: Trabalhar com refugiados, lidar de velhinhos, defender o tamanduá amarelo (existe?), cuidar de crianças com câncer,etc. Aqui no Brasil fazemos isso muito bem também.
Mas diferentemente de outros países, não constituímos o segundo grupo: os que buscarão novos aliados. Em qualquer lugar (menos no Brasil) se pensa sobre as causas de forma a encontrarmos mais gente que também acredita nelas. Isso é um princípio, não uma consequência.
No Brasil muitas ONGs tem um excelente quadro técnico, uma ideia super criativa de atuar em defesa de determinada causa, mas esquecem de buscar novos aliados. Acham isso difícil, às vezes acham isso impossível ou até desnecessário. Pois serei duro aqui: Se sua entidade não tem aliados é porque a causa só é importante pra você. E se é só importante pra você (e uns quantos funcionários seus) é porque a sociedade não precisa dela. E se é assim, por favor, feche as portas. Vá aliar-‐se a causas mais importantes.
Você se ofendeu agora? Ótimo. Significa que você acredita que sua entidade e sua causa são importantes, certo? Ótimo. Pois busque aliados. E
mostre-‐nos que sua entidade é legítima, importante para nossa sociedade.
Convença-‐me de que devo apoiá-‐la, convença sua prima e seu vizinho.
Convença o empresário, não somente para ele te doar 100 mil reais hoje, mas pra ser teu parceiro pelo resto da vida. Busquemos aliados.
Em minhas aulas conto sempre o exemplo a seguir: Vamos supor que exista (e existe) o Mico Leão Dourado e o Tamanduá Amarelo (será que existe ou existiu? Vamos supor que sim). Pois vamos supor também que no início dos anos 90 tenham sido criadas duas ONGs, cada uma para defender um desses animais. Imagino que você já tenha ouvido falar de Mico Leão Dourado. Talvez até já tenha ouvido falar da ONG (que realmente existe) que defende o Mico Leão Dourado. Mas vejamos a ONG do Tamanduá: Ela não existe. Será que existiu? Será que houve um tamanduá amarelo? O que sim posso garantir é que se existiu, ele foi extinto. Já o Mico Leão continua aí, vivinho e procriando.
Quero ilustrar com isso que caso houvesse existido uma ONG que defendesse o tamanduá, não só ela estaria extinta como também, e isso é o mais grave, o próprio tamanduá. Ninguém conseguiu convencer outras pessoas de que o tamanduá é importante e por isso morreu a ONG e a causa
da ONG. Então imagine sua entidade e sua causa. Quantos aliados ela tem hoje? Quem mais defende as mesmas causas que você? Como esses aliados estão aliados a você? Uma contribuição mensal? Um mailing de gente que participa de eventos? Não conte os tapinhas nas costas. Eu me refiro a contribuições concretas, atos voluntários, mexer no bolso, aliados que se dedicam a ligar para buscar mais aliados. Quantos são? Menos de mil? É
pouco.
Imagine agora uma entidade que nos anos 70 e 80 fez trabalhos fantásticos de alfabetização de adultos com o método Paulo Freire. Receberam desde aquela época recursos internacionais de fundações canadenses e holandesas e realmente fizeram um trabalho incrível. Mas pecaram em não buscar aliados à causa da alfabetização de adultos. Os recursos foram
minguando. Os dirigentes envelhecendo. Eu conheço uma entidade assim.
Sabemos, e eu disse a eles isso, que a entidade vai morrer. E com ela todos
os ideais maravilhosos da pedagogia de Paulo Freire para a alfabetização
de adultos. Sim, há outras entidades fazendo isso, mas esta que citei vai
morrer. E se essa fosse a sua?
Sim, hoje em dia existem programas governamentais que realizam alfabetização de adultos e isso não existia antes. Mas então porque a entidade não se reinventou? Porque eles acreditavam que estavam
fazendo a coisa certa. E estavam, mas faltava a outra metade: buscar aliados. E com eles renovar-‐se sempre, oxigenando a entidade com novas
cabeças. Defendendo sempre uma causa atual e necessária. E ao mesmo tempo angariando aliados para essa causa. Se pensassem em buscar aliados, já teriam criado o departamento de captação de recursos.
Buscar aliados é a base da captação de recursos. Os recursos mais importantes são os nossos aliados. O dinheiro é consequência disso.
Sua organização ainda não tem um aliados? A Thomazin Assessoria pode ajudar! Clique aqui para nos enviar uma mensagem e o mais rápido possível entraremos em contato.
Fonte: Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.
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