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Fluxo de caixa

Fluxo de caixa

O empreendedor que olha apenas para o faturamento pode ser levado à ilusão de um desempenho positivo que, na prática, não se confirma. Quem deseja efetivamente conhecer a realidade financeira da própria empresa deve saber o que é fluxo de caixa e ajustar as ações estratégicas aos resultados apresentados neste documento.

O que é fluxo de caixa

Fluxo de caixa é um instrumento de controle adotado para acompanhar a movimentação financeira em um determinado período de tempo, no qual entradas e saídas de capital são registradas para verificação e análise. Para tornar o processo mais eficiente, todas as receitas e despesas, por menores que sejam, devem ser registradas, o que pode ser feito por meio de uma planilha.
A partir desse levantamento, que é uma ação básica e indispensável de gestão financeira, é possível contar com uma verdadeira base de dados. Com ela, o dono do negócio tem os subsídios necessários para a tomadas de decisões.
Isso porque, ao realizar o fluxo de caixa, ele adquire uma visão mais precisa sobre o momento financeiro da empresa. Isso significa saber, por exemplo, que aquela semana que parecia ótima para o faturamento, na realidade gerou receitas próximas das despesas.
Vamos a um exemplo para você entender melhor como é fundamental contar com esse instrumento: 
  • A boa notícia: Em uma estratégia para atrair clientes, você decidiu realizar uma semana de descontos especiais. Como retorno, ao fim do período, vendeu 25% a mais do que o previsto, atingindo um faturamento de R$ 72 mil.
  •  A má notícia: Ao registrar as receitas e as despesas do período, identificou que a promoção fez seus gastos crescerem e, somando todos os valores envolvidos, encontrou um custo total de R$ 70 mil.
  • Conclusão: O fluxo de caixa jogou um balde de água fria na sua comemoração. O que parecia um lucro importante escondia falhas na estratégia, que, por pouco, não deixaram o saldo negativo.
Por esse exemplo, fica claro que o fluxo de caixa pode, muitas vezes, abrir os olhos do dono do negócio e trazer notícias ruins. Mas não é ele o vilão da história. O instrumento apenas reflete os resultados de suas ações de gestão financeira.
Para que seja bem aproveitado e cumpra seus objetivos, o ideal é que o empreendedor gere relatórios periódicos com os números registrados no fluxo de caixa. Eles podem ser diários, semanais, quinzenais ou mensais, dependendo da necessidade da empresa em acompanhar as movimentações financeiras. A partir da verificação do desempenho apurado, o gestor deve partir para a análise, questionando-se sobre como chegou àqueles números, tanto os negativos quanto os positivos.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), entidade que acompanha de perto o desenvolvimento das MPEs, também indica o uso e a manutenção do fluxo de caixa. Este instrumento traz diversas vantagens, pois com ele, o dono da empresa consegue: 
  • Prever, planejar e controlar entradas e saídas em um período determinado;
  • Avaliar se o recebimento por vendas será suficiente para cobrir gastos assumidos e previstos;
  • Antecipar decisões quanto à falta ou à sobra de dinheiro;
  • Descobrir se a empresa está trabalhando com aperto ou folga financeira;
  • Ter subsídios para ajustar o preço de venda para cima ou para baixo;
  • Verificar a possibilidade de realizar promoções e liquidações;
  • Confirmar se os recursos financeiros próprios serão suficientes para tocar o negócio ou se há necessidade de buscar dinheiro extra.
São muitas as vantagens, não é mesmo? Então, para você entender melhor como o fluxo de caixa funciona, veja a seguir alguns modelos.

Fluxo de caixa projetado

Até aqui, destacamos a importância de registrar receitas e despesas para melhor compreensão da realidade financeira de uma empresa. Mas a forma como as informações originadas nesse levantamento são aproveitadas é um passo igualmente fundamental, sendo esse o produto do chamado fluxo de caixa projetado.
Como o nome indica, trata-se de uma projeção. Isso quer dizer que a partir dos lançamentos realizados, o gestor pode não apenas conhecer suas entradas e saídas, mas planejar as ações futuras do negócio com base nos resultados.
De forma resumida, é possível mencionar três funções do fluxo de caixa projetado: 
  • Organização: projetar a realização de pagamentos e recebimentos.
  • Correção: projetar ajustes para estancar perdas e sair do vermelho.
  • Afirmação: projetar investimentos no crescimento e na expansão do negócio.
Como é possível perceber, estamos falando de uma análise do presente para a construção de uma visão futura. Se há descompasso entre o prazo para pagar fornecedores e receber de clientes, se a empresa gasta mais do que recebe ou se há capital imobilizado, por exemplo, o fluxo de caixa irá revelar e, a partir daí, um gestor atento poderá definir as suas estratégias.
Um dos principais instrumentos analíticos da ferramenta são os gráficos. Por meio deles é possível visualizar a curva de desempenho, comparando receitas e despesas em um determinado período e identificando tendências.
O mesmo pode ser feito de forma individual. Se a ideia é reduzir custos, um gráfico comparativo pode indicar claramente quais despesas têm crescido acima da média e, por essa razão, demandam prioridade nos ajustes.
Em complemento ao fluxo de caixa, é válido realizar o planejamento financeiro de acordo com o cenário externo, considerando os seus resultados previstos diante de estimativas econômicas e políticas, por exemplo.

Fluxo de caixa livre

Continuamos falando de projeção. O fluxo de caixa livre ou final mede a capacidade de geração de capital em curto, médio e longo prazos, indicando o saldo existente na comparação com o chamado fluxo de caixa operacional, ou seja, após descontado o pagamento do serviço da dívida ou o recebimento de novos empréstimos.
Na prática, o gestor trabalha com dois relatórios: o primeiro projeta os resultados pelo período de 60 a 90 dias, enquanto o segundo trabalha com um prazo de 2 a 5 anos. Com gráficos em linha, é possível acompanhar como o negócio se comporta e se o desempenho confirma ou reverte a expectativa.
Se da análise resultar um balanço positivo, indicando superávit no período, a estratégia pode considerar ações para aplicar o capital ocioso. Já em caso de diagnóstico oposto, é preciso planejar como tirar o negócio do vermelho.
O que o futuro reserva para a sua empresa: pagar dívidas, abrir uma nova unidade, pedir empréstimo, ampliar o estoque ou fechar as portas? A resposta pode estar no seu fluxo de caixa livre.

Atualização e rigor no controle do fluxo de caixa

Como dissemos até aqui, o fluxo de caixa cumpre um importante papel na saúde financeira do negócio. Mas precisamos destacar também que ele só terá sua função plenamente executada se o empreendedor tomar alguns cuidados. E um deles é o controle rigoroso sobre entradas e saídas. Não ignore o que os relatórios indicam. Confie nos números e use essas informações com inteligência.
Outro cuidado importante é a atualização periódica do fluxo de caixa, pois, assim, são apresentados resultados da forma mais precisa possível. Dados de qualquer tipo, se desatualizados, podem levar a interpretações erradas sobre suas finanças. Da mesma forma, você deve se concentrar em bons mecanismos para a coleta de dados.
Também é interessante ressaltar que, sozinho, o fluxo de caixa não fornece respostas conclusivas. Destacamos que ele é apenas um instrumento que ajuda as empresas a definirem o planejamento com dados mais precisos.

Viabilidade do produto

Feito o controle e a atualização, a análise passa a ser um elemento que merece cuidado. Digamos que ao fazer a projeção do fluxo de caixa para os próximos 12 meses, por exemplo, você chega à conclusão que terá mais despesas (fornecedores, funcionários, aluguel e outros) do que receitas e, consequentemente, um fluxo de caixa negativo. O que isso diz sobre a empresa? É muito provável que ela não está sendo viável e que alguma mudança precisa ser feita, seja para reduzir os custos, seja para precificar os produtos ou serviços.
Isso significa, então, que um fluxo de caixa negativo é sempre algo ruim? De forma alguma. Um fluxo negativo pode refletir um determinado período da sua empresa, porém, se ele for temporário e previsto, não há problemas. Ele pode acontecer, principalmente, em negócios que envolvem alguma forma de economia de escala, na qual o valor inicial do produto é alto, mas com o aumento da base de clientes e, consequentemente, da produção, o preço diminui. Se o preço fosse muito alto logo no início, não conseguiria entrar no mercado.
Fonte: https://blog.contaazul.com/o-que-e-fluxo-de-caixa/

 

Thomazin Assessoria

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