O problema é que a maioria das OSCs enxerga o orçamento apenas sob a perspectiva de remediação emergencial e não de prevenção.
A prática do orçamento é uma das técnicas administrativas mais utilizadas pelas instituições e tem se tornado cada vez mais presente na administração de OSCs de pequeno e médio porte.
Sem a realização do orçamento de médio e longo prazo, trabalha-se pensando somente no mês (receitas e subvenções) e não é muito raro as equipes de gerentes e supervisores, não conhecerem os objetivos e as metas da OSC, o que leva a um desalinhamento estratégico, onde cada um faz o que “entende como melhor para a instituição”, desta forma não contribuindo para que organização alcance seus objetivos sociais e estratégicos.
Isto ocorre ainda mais em pequenas organizações, que por imaginarem que isso não faz parte da sua realidade, têm resistência em utilizar o orçamento como forma de gerir e prever resultados futuros. E nestas OSCs, pela sua estrutura organizacional e pela forma como são dirigidas, acabam ficando muito vulneráveis às mudanças do ambiente e, por isso, precisam desenvolver ferramentas de planejamento que possibilitem otimizar as decisões.
Mas não basta apenas realizar o planejamento estratégico e o orçamento e depois guardá-lo em uma “gaveta”.
É necessário realizar o seu acompanhamento mensalmente, ou seja, comparando o que foi previsto com o realmente está sendo realizado, corrigindo e redirecionando as ações a fim de assegurar o cumprimento das metas e objetivos estratégicos definidos.
Além disto, os ganhos de motivação e envolvimento da equipe são fantásticos, uma vez tendo participado da confecção do orçamento, todos passam a conhecer as metas e os objetivos da OSC, no mínimo para um ano e passam a buscar de forma sinérgica cumprir seus propósitos sociais.
Para responder a esta pergunta, vamos listar algumas boas práticas que facilitarão o entendimento e a aplicabilidade dessa ferramenta na sua organização:
1) Formato: lembre-se de que, diferentemente de um fluxo de caixa, o orçamento é uma previsão de receitas e despesas. Dessa forma, o formato de uma DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) é adequado, fixando, na horizontal (linhas), as fontes de receitas e os elementos de despesa e na vertical (colunas), os valores estimados e valores reais (é desse confronto que serão feitos os ajustes ao longo do período).
2) O que deve ser incluído: o documento deve trazer dados como Receita Operacional Bruta (parcerias firmadas); Despesas Operacionais (despesas administrativas, despesas com pessoal), Despesas Financeiras Líquidas, Pagamento de Tributos, Investimentos, entre outros registros, a depender da natureza da OSC.
3) Referências: Conforme já citado, os dados serão estimados com base em levantamentos da performance da OSC ao longo dos últimos períodos, bem como em fatores externos macroeconômicos e mudanças legais. Dados de benchmarking também podem ser usados para garantir a adequação dos dados previstos.
4) Necessidade de diálogo: Se sua OSC é dividida em departamentos, os números que irão compor o orçamento devem ser construídos a partir de um amplo diálogo com todas as equipes envolvidas. Um orçamento feito de cima para baixo, de forma autoritária, tende a se tornar irreal, o que só deixará pior a situação financeira da organização.
5) Caráter incremental de um bom orçamento: O orçamento deve ser dinâmico e, portanto, ajustável ao longo do período, a depender de frustração de receitas ou elevação de despesas não previstas no início do processo. Não faça dessa ferramenta de gestão financeira um documento estático e utópico.
6) A OSC deve trabalhar com foco em 2 orçamentos: Um para o próximo exercício e outro para o médio/longo prazo (5 anos, por exemplo). A segunda deve ajudar a nortear a composição da primeira, semelhante ao que ocorre com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orgânica de Orçamento (LOA), no setor público.
Fonte:
Educação Financeira para o Terceiro Setor
Manual do Participante Outubro/2017
You must be logged in to post a comment