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TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

TECNICAS ADMINISTRATIVAS TERCEIRO SETOR

TÉCNICAS ADMINISTRATIVAS PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

As organizações do Terceiro Setor necessitam aprimorar as táticas de gestão e se adaptar às exigências do mercado para que consigam manter suas atividades, e consequentemente, planejar o seu desenvolvimento.

Leia mais: O principal papel das ONGs

Até pouco tempo, termos como: orçamento, ISO, eficiência, profissionalização, capacitação, liderança, metas, controle interno, planejamento, foco, gestão, processo, e indicadores, eram utilizados apenas pelas empresas comerciais de grande porte. Atualmente, esse vocabulário passou a ser bastante familiar inclusive para as entidades sem fins lucrativos.

Leia também: Orçamento de uma OSC

Muitas organizações do Terceiro Setor já utilizam técnicas e estratégias administrativas com o intuito de se tornarem mais profissionais e “competitivas”. Essas entidades perceberam a importância do planejamento,organização, direção e controle de suas atividades, e conseguiram superar o desafio de ter também a gestão como foco.

Veja mais: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PODE SER APLICADO NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR?

Entretanto, quando se fala em administração e gestão, inicialmente não conseguimos identificar qual seria o modelo ideal a ser adotado por um determinado setor do mercado, ou por uma área de atuação específica. No Terceiro Setor essa definição é ainda mais complexa, pois as entidades que fazem parte desse conjunto possuem características inerentes tanto ao setor privado, quanto ao setor público.

Veja também: ONG PROFISSIONAL

Na prática é bastante comum “copiar e colar” o que vem dando certo em outras organizações, sejam elas estatais ou privadas. Porém, é necessário frisar que nem todas as técnicas e instrumentos administrativos devem ser aplicados nas organizações do Terceiro Setor sem que haja uma adequação aos seus propósitos.

Leia aqui: ONG séria não tem dono.

Por isso é preciso certo cuidado, já que nem sempre estratégias de ação e de gestão adotadas pelas organizações públicas ou comerciais são cabíveis ao Terceiro Setor, antes de ocorrerem estudos e adaptações. A simples importação e aplicação das ferramentas e técnicas administrativas podem gerar uma sensível perda do principal objetivo das entidades, que é a atuação privada no alcance de interesses públicos.

Veja aqui: PLANO ANUAL DE CAPTAÇÃO.

O que chamamos aqui de utilização de técnicas administrativas não é a transformação das organizações do Terceiro Setor em órgãos públicos ou em empresas. Mas o direcionamento para que essas instituições possuam um padrão de qualidade na gestão que lhes permita a sobrevivência e o crescimento econômico, para que possam desenvolver e ampliar seus objetivos sociais.

Clique para ler mais: FERRAMENTAS ADMINISTRATIVAS PARA SUA OSC

Por isso, as técnicas, estratégias, ferramentas e procedimentos administrativos devem ser utilizadas com o objetivo de contribuir para  a melhoria da gestão nas entidades, sem que isto venha a comprometer a preservação de sua missão, de sua filosofia de atuação e, principalmente, da essência que diferencia uma entidade do Terceiro Setor dos órgãos públicos e das organizações empresariais.

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Fonte: Gestão para Organizações do Terceiro Setor, Nailton Cazumbá + NOSSA CAUSA.

principal papel das ongs

O principal papel das ONGs

As entidades sem fins lucrativos foram idealizadas – segundo o pesqui- sador Joviles Trevisol, que adota a corrente de pensamento do filósofo italiano Antonio Gramsci – como um instrumento de atuação interme- diária entre Estado e o mercado, onde a sociedade civil trabalharia “em defesa da liberdade civil e política, dos direitos humanos, do meio am- biente, da promoção da cidadania, do desenvolvimento sustentável, da assistência humanitária, entre outras”.

Leia mais: AS CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR

Foi com este conceito que surgiram as ONGs, Organizações Não Go- vernamentais, que têm como objetivo social “a defesa e a garantia de direitos”. Se levarmos em consideração que muitos direitos já existem legalmente, que estão inseridos teoricamente nas políticas públicas brasileiras e que o Estado possui recursos humanos e financeiros para executar essas políticas, fica clara a importância deste tipo de entidade sem fins lucrativos.

Leia também: Planejamento Financeiro no Terceiro Setor

As ONGs deveriam ser constituídas em maior número  já  que  seriam elas as responsáveis por “fiscalizar” a aplicação prática das teorias legais, tais como o funcionamento  do Sistema  Único de Saúde – SUS e o do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Se houver uma aplicação eficaz do recurso público nas políticas públicas já existentes, os benefícios serão revertidos para toda sociedade, mas cabe à sociedade acompanhar de perto a execução dos orçamentos públicos.

Veja mais: O DESABAFO DE UM CAPTADOR DE RECURSOS

Também é tarefa das ONGs, que atuam na defesa e garantia de direitos, auxiliar na multiplicação de conhecimento para qualificação da população para que ela se torne capaz de acompanhar e fiscalizar os atos públicos de maneira consciente e eficiente. Infelizmente o Terceiro Setor vem abrindo mão desta honrosa tarefa e concentrando-se cada  vez mais na execução de serviços públicos terceirizados.  Para  confirmar esta afirmação, os dados do último censo  SUAS,  realizado  em 2010, demonstram que dentre as 9.398 entidades sem fins lucrativos privadas do país, atuantes na assistência social, somente 408 estão focadas na defesa e garantia de direitos. As demais concentram seus esforços no atendimento direto à população na execução de serviços que seriam eminentemente públicos, tais como saúde, educação, assistência social e outros.

Veja também: Ação Social: perenidade ou paliativo?

Cabe a nós, sociedade civil, refletirmos até que ponto este crescimento inversamente proporcional entre entidades de atendimento e entidades de defesa e garantia de direitos é saudável, quais são os seus reflexos e  o que esperamos atingir com este novo perfil de organização coletiva, pois é fato que estamos na contra-mão do que foi idealizado, nos anos 1970, como missão essencial do “Terceiro Setor”.

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Fonte: Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.

captação de recursos

CAPTAÇÃO DE RECURSOS COM INDIVÍDUOS

Ainda  são  poucas  as  entidades  brasileiras  que  atuam  de  forma estruturada   com  a  captação  com  indivíduos.  Algumas  alegam  que dá  muito  trabalho,  o   que  é  verdade.  Outras,  que  gera  pouca receita,  o  que  pode  ser  verdade.   Mas  o  que  parecem  esquecer  é que  uma  base  de  apoiadores  constantes   trás  um  elemento fundamental  para  qualquer  entidade:  legitimidade.  

Muita  gente tem o  desejo  sincero  de  defender  uma  causa,  mas quer  dos   outros basicamente  seu  dinheiro  e  que  não  as incomodem.  É  um paradoxo.  Um  grupo  de  biólogos  se  reúne  para proteger  o  beija-flor  e   quer  simplesmente  que  uma  fundação internacional  ou uma  empresa   financiem  o  lindo  trabalho  de cuidarem  desses Beija-­Flores  na  restinga  dos   confins  de  algum estado  brasileiro. Um  grupo  de  senhoras  da  sociedade   quer  criar uma  creche  para que  as  crianças  cresçam  saudáveis  e  por  isso buscam  dinheiro de empresas  da  região.  Outro  grupo  de  jovens recém   formados resolve  criar  uma  ONG  que  trabalha  com produtos  feitos  da   borracha  de  pneus  usados.  Esses  três  grupos, com  suas  nobres causas,   esquecem  que  além deles,  mais  gente deve  defender  essas causas.  Mas   eles  pensam  que  só  eles  podem e  devem  fazer,  dos outros,  só  querem  o   dinheiro.

Sou  taxativo  nisso:  Assim  o  mundo que  queremos  mudar  não mudará.  Não   digo  que  precisamos  ser extremistas  como  o  pessoal de algumas entidades,  que   não  aceita recursos  de  empresas  nem de governos,  mas  que  temos  sim   que envolver  recursos  de indivíduos,  isso  com  certeza.  Não  há  a obrigação   de  fazer  isso somente  com  a  filiação  de  doações constantes  (ainda  que   isso seria  ideal),  podemos  também  criar eventos  de  arrecadação  para   mobilizar  pessoas  a  ajudar.  O  que sim  é  importante  é  envolver  o indivíduo, o  humano  não institucionalizado,  que  não  assina  um cheque  em  nome  de alguma empresa  nem  governo,  mas  sim  um cheque  seu,  uma  doação  que doerá  no  seu  bolso.  E  quanto  mais  aliados,  mais  legítima  uma ONG  é,  pois   conseguiu  mostrar  a  importância  de  sua  causa  para um  número   significativo  de  pessoas.

E  por  onde  começamos?  Pelos conhecidos  nossos.  Não  há  segredo. Como   convencer  desconhecidos a  aliar-­se  a  nossa  causa  se  não conseguimos   convencer  nossos pais  nem  nossas  esposas  ou maridos?  Não  importa  que   essas primeiras  pessoas  são  em número  pequeno  no  início.  Todo  início é   pequeno.  O  que  importa é  que  essas  pessoas  tem  também conhecidos,  e   serão  então  mais pessoas  buscando  novos  aliados. Quando  convencemos   de  fato alguém  a  se  aliar  a  uma  causa, essa  pessoa  comenta  com  outros a   respeito  e  com  isso  ganhamos pernas,  braços  e  mentes.  O crescimento   passa  a  ser  exponencial.

Estudos  mostram  que  existe  um  alto  investimento  de  dinheiro  e tempo   até  alcançar  a  marca  de  aproximadamente  mil  apoiadores. Nessa  etapa  é   necessário  ser  perseverante  e  saber  que  talvez  o resultado  inicial  não   pague  o  investimento  inicial.  Mas  cabe lembrar  também  que  doadores   para  causas  são  eminentemente fiéis,  por  anos,  a  uma  instituição.  Temos   que  fazer  algo  muito errado  para  perdê-­los.  E  uma  coisa  muito  errada  a   fazer  é  não dar‐lhes  atenção.  Cada  vez  mais  esses  apoiadores  se   interessam por  conhecer  a  instituição,  pedem  dados,  informações,   resultados, notícias.  Isso  é  muito  bom,  mas  os  agentes  sociais  da  velha guarda  vêem  isso  como  um  incômodo.  Eles  preferiam  quando bastava   fazer  “o  bem”  com  o  dinheiro  dos  outros.  Agora  se perdem  com  esses   apoiadores  que  os  incomodam.  Consigo  ler seus  pensamentos: “Deixem-­nos  fazer  nosso  trabalho!  Sua  função  é me  dar  dinheiro,  a  nossa  é  fazer  o   bem!”  Esses  agentes,  em geral,  adiam  ao  máximo  a  busca  de  recursos  com   indivíduos. Preferem  fazer  o  que  sempre  fizeram:  Buscar  recursos  com fundações  internacionais,  ou  com  empresas,  ou  até  com  governos. Querem  grandes  quantias,  para  com  isso  ficarem  tranquilos  por um  ano   ou  mais,  e  depois  voltarem  ao  “mercado”  pra  “caçar” mais  recursos.  Um   sistema  primitivo,  de  apagar  incêndios  cada vez  que  o  dinheiro  rareia  na   conta.  Ainda  preferem  isso  a envolver  mais  cidadãos  em  suas  causas.   Pena.  Essas  instituições morrerão  em  breve.  E  o  mais  triste  é  que  algumas   causas morrerão  com  elas.

Após  um  período  de  consolidação  na  busca por  novos  associados, que   pode  levar  de  1  a  3  anos,  essa  fonte tem  uma  característica fantástica: crescimento  orgânico  constante. Depois  de  mil  associados, mesmo  sem   grandes  campanhas  novas, a  tendência  é  que  a  cada mês  entrem  4  a  12   novos  associados. Geralmente  também perdemos  algo,  mas  sempre  em   número inferior  aos  novos  que entraram.

Outra  grande  vantagem  dessa fonte  é  que  se  trata  de  um dinheiro  “não   carimbado”.  Em  geral os  recursos  de  governos  e de fundações  tem  um   orçamento bastante  rígido  e  pré‐aprovado.  No caso  de  patrocínio  de empresas também  ocorre  de  um  recurso estar  vinculado  a  determinado projeto  ou  programa.  Mas  o  que fazemos  se  o  telhado  da  creche desabou?  Ou  não  tão  grave,  mas precisamos  contratar  mais  algum profissional  da  área administrativa?  Os  recursos  provenientes  de pessoas   físicas,  seja por  associação,  seja  por  eventos  de arrecadação  ou  mesmo   venda de  produtos,  acaba  sendo  o recurso que  nos  auxilia  nesses momentos.

Trabalhar  com  indivíduos  requer  tempo.  Não  só  pelo  trabalho logístico  de   preparar  comunicações,  acertar  mecanismos  de pagamento  e  retornar   com  agradecimentos,  mas  também  porque  é necessário  um  diálogo   constante  com  esse  público.  Além  de boletins  informativos,  é  importante   convidá-­los  para  todos  os eventos,  e  a  comunicação  deve  ser  “quente”,   para  constantemente eles  se  sentirem  envolvidos  com  a  causa,  torcendo   pelos resultados,  vibrando  com  cada  passo  dado.  Eles  são  também nosso maior  incentivo  a  continuar.  É  comum  as  entidades  receberem emails  e   cartas  desses  pequenos  doadores  que  são  mensagens levantadoras  de   ânimos  para  toda  a  equipe.  

O  mais recomendável  é  que  exista  um  profissional  dedicado somente  a esse  público.  Ele  pode  cuidar  dos  voluntários  da instituição também,  já   que  uma  base  de  apoiadores  é  um  celeiro de oportunidades  para  novos   eventos  arrecadadores  envolvendo voluntários.

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Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.

características do terceiro setor

AS CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR

Neste artigo trazemos para análise as características do Terceiro Setor, inerentes às entidades pertencentes a este grupo.

O Terceiro Setor é formado por instituições de direito privado, sem fins lucrativos, e que buscam, dentro de suas finalidades, o alcance do bem-estar social. Essas entidades são constituídas de forma voluntária, pela união de pessoas que comungam de um mesmo interesse.

ORIGEM

Dentre as características do Terceiro Setor, a primeira se encontra na própria origem das organizações. Elas nascem em decorrência das intenções e ações realizadas por particulares que, quando agrupados, passam a ser denominados de sociedade civil. Porém, tais ações são destinadas à busca de benefícios e direitos sociais. Vemos, então, que o Terceiro Setor se aproxima um pouco da lógica de mercado (natureza privada), ao mesmo tempo em que auxilia o Estado no cumprimento de suas atribuições (natureza pública).

FINALIDADE NÃO LUCRATIVA

A segunda característica reside no fato dessas entidades não perseguirem o lucro, como fazem as empresas comerciais, e nem serem submetidas ao controle estatal, como ocorre com a administração pública. Portanto, não distribuem os resultados financeiros positivos entre seus associados ou empregados, e também não são instituições públicas, embora possam manter vínculos com o Estado através de parcerias.

Nota do editor: embora o objetivo das organizações não seja de lucro, também não deve ser de prejuízo. No Terceiro Setor falamos em superávit, que é quando o valor recebido é maior que os gastos da organização. Então, busque sempre captar mais do que se gasta para poder investir no que gera mais impacto social e estar preparado para imprevistos.

VOLUNTARIADO

A terceira particularidade a ser destacada é a participação do voluntário, que atua em prol da manutenção e da sobrevivência das organizações. Normalmente essa participação ocorre de forma direta no gerenciamento e nas atividades realizadas, contribuindo para que essas instituições busquem de forma mais efetiva a realização de seus objetivos sociais.

Fechando o rol das principais características, apontamos a necessidade das entidades serem institucionalizadas e autoadministradas, isto é, serem legalmente constituídas e capazes de gerir suas próprias atividades e recursos. Por esse aspecto, identificamos que o agrupamento de pessoas, por si só, não cria uma organização do Terceiro Setor. É imprescindível que esta adquira natureza jurídica, podendo ser uma associação ou uma fundação, e que utilize boas práticas de gestão e de controle. Portanto, o Terceiro Setor é um conjunto de práticas e valores que privilegia e estimula a iniciativa individual ou coletiva, a solidariedade, a filantropia, a ajuda mútua e o voluntariado, sem o interesse de obtenção de lucro. É a reunião de instituições que possuem natureza jurídica, com capacidade de autogestão, e que representam uma força econômica bem mais relevante do que em geral se imagina.

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Fonte: Gestão para Organizações do Terceiro Setor, Nailton Cazumbá + NOSSA CAUSA.

trabalhos contábeis das ongs

Trabalhos contábeis das ONGs

Segundo o Artigo 1.177 da Lei 10.406/2002 “os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele”. Os prepostos citados são os contadores e os preponentes são as pessoas jurídicas contratantes de seus serviços.

Esta regra, prevista no Código Civil, é válida para todas as pessoas jurídicas, inclusive as do Terceiro Setor. O dispositivo legal ressalta que, exceto em caso de má fé do profissional contábil, o conteúdo dos livros contábeis “Diário e Razão”, descrito nos balancetes mensais, no Balanço Patrimonial e demais demonstrativos anuais, terá valor jurídico como se a própria pessoa jurídica contratante tivesse contabilizado os documentos. É o que se chama legalmente de responsabilidade solidária.

Em processos judiciais os livros contábeis podem ser utilizados como prova, a favor ou contra a instituição, dependendo da situação. Por isto é muito importante acompanhar os trabalhos contábeis e verificar se o relatório de atividades elaborado pela administração da instituição e pelos coordenadores dos projetos sociais está fielmente retratado na contabilidade. Isto é função do Conselho Fiscal.

A contabilidade de uma ONG não segue o mesmo padrão da contabilidade de empresas. As contas, o plano de contas e os demonstrativos são diferentes, sofrem ajustes específicos para conseguirem relatar as ações das entidades sem fins lucrativos. É preciso que o contador conheça a Resolução 1.409/12 do Conselho Federal de Contabilidade e a siga fielmente para evitar problemas aos seus clientes.

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Fonte: Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.

planejamento finnceiro terceiro setor

Planejamento Financeiro no Terceiro Setor

O planejamento financeiro no Terceiro Setor se refere ao processo de gestão direcionado para que as entidades sem fins lucrativos disponham dos recursos necessários para saldar, em tempo hábil, os compromissos assumidos com terceiros, e se possível aumentar o seu patrimônio.

A boa gestão financeira das Organizações da Sociedade Civil – OSCs não se limita a uma captação de recursos eficaz. Também é necessário que existam informações tempestivas e confiáveis sobre a disponibilidade dos recursos envolvidos para, por exemplo, o pagamento de pessoal e encargos sociais decorrentes das relações de trabalho, para a aquisição de equipamentos, materiais e móveis, para a realização das ações, e principalmente para investimentos e composição de reservas e fundos que darão o suporte necessário para a sustentabilidade organizacional.

Até mesmo os programas de capacitação da equipe (colaboradores e voluntários), bem como a captação de recursos junto a doadores e financiadores, podem vir a exigir algum investimento por parte a entidade.

Portanto, o atendimento a todas essas demandas exigirá a existência de disponibilidade financeira, de forma imediata ou futura, para a sua concretização.

Com base nesses pontos, podemos afirmar que o planejamento financeiro envolve o processo de obtenção e aplicação de recursos de forma eficiente, mas não somente visando determinado projeto, atividade ou período. Deve ser pensado e formatado também vislumbrando o futuro da instituição.

O recomendável é que esse planejamento seja dividido em duas fases: de longo e de curto prazo.

Planejamento Financeiro de Longo Prazo

O processo de planejamento financeiro tem início com a elaboração de planos de longo prazo, também chamados de planos estratégicos, que buscam alcançar períodos de 2 a 10 anos. A partir da sua formulação é possível a orientação e a estruturação de planos relativos a períodos menores, chamados de planejamentos de curto prazo.

Neste planejamento devem ser estabelecidos os objetivos macros da entidade de acordo com sua missão, visão e valores, através da definição do rumo que deverá seguir, bem como da avaliação prévia do ambiente externo no qual ela irá operar, podendo assim traçar estratégias para alcançar as finalidades propostas.

Este plano orienta o ordenamento das alternativas e a priorização dos objetivos. Quando organizado e sistematizado de forma adequada, também permite quantificar os benefícios financeiros de pagamentos antecipados, a possibilidade de aplicações financeiras ou de investimentos, os custos e necessidades de utilização de recursos próprios ou de financiamentos de terceiros para a execução de projetos e atividades, possibilitando que as metas traçadas venham a ser alcançadas.

Partindo dessas premissas é possível identificar que a elaboração de um bom planejamento de longo prazo é indispensável, pois ele é importante instrumento no processo de tomada de decisão de âmbito estratégico para as diversas esferas da organização.

Planejamento Financeiro de Curto Prazo

Os planos financeiros de curto prazo, também conhecidos como operacionais, correspondem à implementação dos objetivos estratégicos que foram previstos para a instituição no plano de longo prazo. Neles são estipuladas as providências financeiras mais imediatas, e a previsão dos impactos causados por essas ações.

Os planos de curto prazo correspondem à análise das decisões que afetam diretamente os recursos disponíveis (caixa, contas correntes, e aplicações financeiras de curto prazo) e também os valores a receber e a pagar com efeitos sobre a organização dentro do prazo geralmente de 1 ano.

Portanto, as finanças de curto prazo fornecem os melhores subsídios para análises técnicas quanto, por exemplo, ao nível de caixa que deve ser mantido em espécie ou no banco para o pagamento das contas, quanto de materiais ou de equipamentos será possível adquirir a vista ou a prazo, ou ainda quanto de antecipação ou empréstimos pode ser concedido aos projetos ou atividades com recursos em atraso.

O planejamento financeiro de curto prazo propicia também o controle das operações cotidianas através de uma gestão mais segura das contas a pagar e a receber. Para tanto, utiliza-se como uma das mais importantes ferramentas de gestão financeira: o orçamento.

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Fonte: https://nossacausa.com/planejamento-financeiro-no-terceiro-setor/

captador de recursos

O DESABAFO DE UM CAPTADOR DE RECURSOS

Estou na frente da Márcia. Como sempre faço em qualquer reunião, chego 5 minutos antes para poder conversar algo com as secretárias. A Márcia é ótima, super animada, mesmo nesta hora. Eu não funciono muito bem de manhã e ela sempre é uma injeção de ânimo. Pergunto da Bárbara, filhinha dela, com uns 5 anos. Soube da Bárbara pela foto no porta retrato em cima da mesa dela. Isso faz uns 2 anos, logo que entrei na ONG.Na primeira reunião que tive o Antonio cheguei uns 15 minutos mais cedo (era uma primeira reunião e eu estava obviamente nervoso como sempre ficamos em primeiras reuniões). Com tempo de sobra, pude conversar com a Márcia um pouco mais e com isso ir conquistando uma nova aliada. Ela estava séria, como convém a uma secretária se você não a conhece. Respondeu com monossílabos a cada uma das 3 ou 4 perguntas que fiz, todas bastante genéricas, o tempo, o calor, o trânsito. Na sequência, como toda secretária está habituada a fazer, me ofereceu café. Enquanto estava distraída pedindo café pelo telefone, levantei‐me para olhar pela janela. Faço sempre isso, me distrai e acalma. Aproveitei para fazer uma trajetória sutil que me permitia olhar sua mesa pelo mesmo ângulo que ela. Vi uma foto dela com uma criança. Sem querer brincar de espionagem aqui, poderia garantir que ela era, ou mãe solteira ou separada. Uma casada coloca as fotos dos filhos junto com o marido. Ou só dos filhos. Uma foto com ela própria e sua filha é seu sentido de fortaleza, é a crença que ela tem para olhar todo dia, emoldurada no porta­‐retrato. E nos momentos que o trabalho está cansativo ela olha para a foto e relembra o porque de estar ali.


Não seria esperto se perguntasse se ela é separada. Além de deselegante,soaria a cantada. Meu objetivo era criar um link. Então parti para a criança. “É sua filha?” ela disse que sim, ainda seca, mas já me olhou nos olhos. “Eu também tenho uma menina, se chama Luisa. E a sua, como se chama”. “Bárbara!” disse na sequência, já com um sorriso. E completou “Uma peste… se não fosse minha mãe me ajudar…” Eu estava confirmando o que previ, mas não era hora ainda. “… desde que engravidei de um namorado que sumiu, minha mãe me ajuda com a criação da Bárbara”. Bingo. Começava uma relação de confidências.Hoje estes 5 minutos antes da reunião foram quase insuficientes. Márcia estava me mostrando desenhos da Bárbara quando o Antonio chegou na empresa já pedindo desculpas. Eu dizia a ela que a minha Luísa é uma desenhista super criativa. Dois babões lambendo as crias. Dois amigos. Ao entrar na sala do Antonio vi sua mesa cheia de coisas. Mau sinal. Antonio, além de organizado, gosta de manter sua mesa limpa,combinando com a decoração de toda a sala, de muito bom gosto. Pediu para sentar-­me e ofereceu café. Neguei, pois a Márcia já tinha me oferecido e tomei de muito bom grado vendo os desenhos da Bárbara.Ele pediu um café para a Márcia, pelo interfone, de um jeito meio seco. Outro mau sinal. Antonio é um cavalheiro. Algo estava errado naquele dia. Seria uma negociação difícil… Pensei até em cancelar a solicitação nova,de quase o dobro do patrocínio habitual. Mas já era tarde, já tinha a solicitação pronta, nominal a ele, com logo da empresa. Ele doava 25 mil reais por ano e eu pretendia pedir 40. Seria uma negociação difícil…Vi que ele olhou aquela mesa cheia de documentos com enfado. Separou algumas coisas, empilhou outras e deixou um espaço livre entre nós dois.


Bom sinal. Estava disposto a ouvir. Já fui em reuniões onde eram tantos os documentos que mal se via o empresário do outro lado da mesa. Antonio estava disposto a ouvir. Veremos se estava disposto a doar mais.Comecei dizendo que a fundadora estava com ciúmes de mim e que seria bom ele ligar pra ela. Era uma forma de quebrar o gelo e não falar diretamente da solicitação. Ele deu um pequeno sorriso, mas se via que ainda estava em outro universo. Parti para a cartada radical: “O que houve Antonio? Você parece preocupado”. “Os chineses. Estou perdendo dinheiro com eles”. Perguntei interessado: “Como assim?”Antonio desabafou: “Os chineses chegam aqui com peças com preço de centavos. Tenho uma reunião agora depois desta para traçarmos um plano sobre isso”. Eu que não entendo de chineses, mas tenho noção de qual é o momento oportuno já retruquei: “Antonio, quer reagendar esta nossa reunião? Por mim não seria nenhum incômodo. Marquemos um dia que você esteja mais tranquilo…”. “Imagina!” me interrompeu. “Vamos lá, o que eu preciso é esvaziar um pouco a cabeça mesmo”. Esse truque de sugerir outro horário sempre funciona. Algumas vezes de fato reagendamos e é ótimo, em outras vezes se faz a reunião e o doador percebe a gentileza da oferta, passando a dar mais atenção a você.Já que teríamos a reunião e eu não queria gastar mais de 10 minutos explicando nossa nova campanha, sobravam alguns minutos que eu poderia usar. Eu tinha um agrado que aliviaria a tensão: a foto dele com os meninos grafitando o muro de sua fábrica. Ele pegou a foto de forma delicada, como se fosse uma espada medieval. Eu sei que naquele momento ele tinha se tele-transportado para aquele sábado. Foram 5 segundos de silêncio com ele olhando a foto e eu respirando silenciosamente para que ele não saísse do transe. “Esses meninos são maravilhosos…” Peguei a deixa. “Vão ficar ainda melhores agora”. E comecei a explicar nossa campanha anual.O Antonio, que já conhece a entidade não precisava ouvir todo o histórico, por isso dediquei-­me a explicar as melhorias do ano anterior. Falei das novas oficinas de grafite, que ele participou. Contei de alguns meninos que estavam montando uma banda e que em breve tocariam em um evento no bairro. Puxei todos os assuntos que direta ou indiretamente tem a ver com ele e com o perfil do público comprador de sua marca. Antonio é um empresário que soube aliar muito bem nossa causa com suas vendas. Ele patrocina campeonatos de skate, concursos de guitarra, enfim, está presente em diversos eventos cujo público é potencial comprador de suas bermudas e camisetas. Teve sempre a gentil iniciativa de levar-­nos em alguns desses eventos para que divulgássemos nossa ONG. Antonio é um excelente parceiro. Este ano nosso objetivo era o de ampliar o atendimento a esses jovens, que ficam conosco no contra­‐turno escolar. Ampliar em qualidade, melhorando os equipamentos que temos. E ampliar em quantidade, aumentando de 200 para 300 jovens. Esse crescimento estava calculado detalhadamente tanto pelo gestor como pela fundadora. Nossa ONG teve um crescimento exponencial quando nos atrevemos a aceitar um convênio com o governo para trabalhar com jovens em liberdade assistida. Esses jovens haviam cometido algum delito, mas eram delitos leves e por isso bastava um acompanhamento à distância. Ao menos era o que acreditávamos. Muitos desses jovens tinham problemas sérios dentro de casa, pais alcoólatras ou até familiares que haviam abusado sexualmente deles. Muitos já haviam fugido de casa uma ou algumas vezes. Nossos encontros iniciais foram frustrantes. Mas com o tempo aprendemos juntos e posso afirmar que hoje existe conhecimento técnico de qualidade e principalmente muito afeto com e entre esses jovens. Essa experiência fez a ONG crescer, como já disse, e fez-­nos perceber que o buraco é mais embaixo. Uma coisa é fazer algumas atividades com jovens do bairro, no contra­‐turno escolar. Os que aparecem são os mais interessados, os mais curiosos, mais criativos. Outra coisa é “herdar” um grupo de jovens que aparentemente não estão interessados em ser “custodiados” por nós. Para eles, nossa ONG é somente a entidade que ficou incumbida de anotar a presença deles nas atividades para passarmos essa informação para o governo. E se não aparecem, vão presos. Por um lado eles têm razão… Esse é o convênio, mas o que queremos e o que tantas ONGs querem é, a partir disso, fazer um trabalho bacana com os jovens. Algumas ONGs conseguem, outras se contentam com a burocracia em troca de recursos conveniados. Nossa ONG quer fazer um trabalho diferente, quer gerar oportunidades a esses jovens.Antonio sabia de tudo isso e do que passamos no primeiro ano, até aprender a lidar com esse novo modelo. Acompanhou nossas alegrias e frustrações. Não falávamos pra ele só dos momentos bons. Pelo contrário, ele deu excelentes sugestões em função de sua experiência com os “rebeldes” do skate e do grafite. No fundo, os jovens são rebeldes. Uns picham um muro, outros cometem um delito. Os conselhos do Antonio e a nova equipe de psicólogos e pedagogos fizeram com que déssemos um
salto de qualidade em nosso trabalho. E Antonio era pai conosco nessa mudança.Então contei pro Antonio nosso novo desafio para o ano que vem: a oficina itinerante. Queremos comprar um ônibus e modificá-­lo. Queremos atender a vários grupos em diversas áreas próximas com algumas oficinas. Queremos encher o ônibus com alguns instrumentos para oficinas ao ar livre em praças do bairro. E que ele seja colorido, que chame a atenção de quem o vê. Ele será o chamariz para levar os jovens para as praças. Disse a ele que nosso orçamento anual, na faixa dos 700 mil reais, vai saltar para 900 mil. Não para a compra e transformação do ônibus, pois isso vamos obter com outros recursos. O aumento de 200 mil reais é em função da ampliação da equipe e pela compra de equipamentos novos para as novas oficinas itinerantes. Isso vai gerar uma ampliação do nosso atendimento, por todo o bairro, que tem mais de 300 mil habitantes,quase metade deles de jovens na faixa que atuamos.Falei tudo isso e olhei nos olhos do Antonio. Tinha brilho ali. Como nos meus.Expliquei que para esse novo desafio criamos novas categorias de patrocínio entre as empresas. Criamos também uma grande movimentação envolvendo eventos de arrecadação e novos associados pessoa físicas. E por isso eu estava seguro que conseguiríamos os 900 mil. Ele continuava com os olhos brilhando, assim como os meus. Depois de não esquecer nenhum detalhe a ser dito, fui para o momento mais tenso de qualquer negociação para obter recursos. Pedi.


“Você está conosco desde sempre Antonio. Eu quero ver sua marca em destaque nesse lindo ônibus de oficinas itinerantes. Seguindo seu sucesso empresarial, vamos passar de 25 para 40 mil seu patrocínio este ano?”E olhei pra ele.E silenciei.Eu aprendi que depois que você pede, você silencia. Não há nada mais a dizer. Tudo que eu deveria dizer a respeito eu já havia dito. Qualquer coisa que dissesse agora estragaria a solicitação, pareceria desculpa, pareceria que eu teria me arrependido de pedir tanto. Esse silêncio, vivido tantas vezes por mim, ainda é assustador. Acho que sempre será. Você não sabe o que ele vai dizer e fica no aguardo. De repente ele diz algo logo na sequência, mas sempre parece que isso durou uma eternidade. Eu olhei pro Antonio e não gostei do que vi. O brilho tinha diminuído. Ele continuava simpático, mas algo havia estragado o brilho anterior… Onde errei?Ele começou a falar, me perguntou mais sobre o ônibus e puxei de minha pasta um desenho mostrando como o ônibus vai ficar. Havia pedido para meu estagiário fazer um desenho onde já constasse o logo da empresa dele em destaque, logo ao lado da porta lateral. É claro que eu poderia ter mostrado o desenho antes, mas fica mais divertido puxar o desenho depois e fazer o doador se surpreender com seu logo ali. Ele deu um sorriso e eu sorri, cúmplice. Mas eu percebia nos olhos dele que algo faltava. Seriam os chineses? Mas porque eu não consegui distraí-­lo com minha apresentação? Eu sei que esses momentos são o recreio dos executivos. Eles preferem marcar logo no início da manhã ou no fim de tarde justamente porque são momentos onde eles podem distrair-­se dos números, das demissões, dos lucros e prejuízos. Porque eu não consegui distrair o Antonio desta vez? Ele mesmo me deu a resposta: “Meu sucesso empresarial está em perigo, meu amigo. É claro que vou ajudar, mas não poderei doar 40 mil reais” Era isso. Como pude ser tão burro? Se ele começou a reunião falando dos chineses, como pude falar de sucesso empresarial no momento de solicitar a doação? Estava tão focado no sucesso da empresa dele no último ano, do crescimento da empresa, da sua viagem de férias para a Nova Zelândia, que esqueci da regra básica: Nada é mais atual do que o momento presente. Por mais sucesso que ele podia ter, naquele momento ele não sentia isso. Ele estava preocupado com os chineses. Eu sei que ele vai se safar dos chineses, mas eu deveria respeitar aquele momento de angústia, pedir de outro jeito, usar outra frase de efeito. Algo como: “Com este ônibus vamos à China e destruímos aqueles safados!” Pensando bem, essa frase também não iria funcionar…Eu queria voltar no tempo, poder tirar essa frase, começar de novo, mas já era tarde. Agora me restava recolher os cacos e garantir ao menos sua ajuda anual. Na verdade, eu tinha na minha pasta uma segunda categoria de patrocínio. Este ano havíamos decidido ter 2 cotas de 50 mil (onde queríamos que uma fosse do Antonio); 4 cotas de 30 mil; e 6 de 10 mil. No ano anterior tínhamos uma cota de 40 mil; duas de 25; e 4 cotas de 5 mil. Estávamos ousando não só em quantidade de apoiadores mas também no aumento dos valores individuais. Antonio sabia que sua empresa não era a categoria de maior valor e eu sempre senti uma pequena frustração dele quanto a isso. Eu sabia que um dia deveria oferecer essa oportunidade ao Antonio. Mas os chineses (e minha impaciência) não deixaram que fosse desta vez.Antes de mostrar a proposta de uma página contendo o valor de 30 mil, ainda perguntei: “Antonio, eu quero colocar teu logo ao lado da porta do ônibus, em destaque. Pense bem!” Ele parecia triste. Deixei a folha em cima da mesa e li junto com ele as contrapartidas: logo da empresa na parte de trás do ônibus, logo em todos os materiais impressos, 10 entradas gratuitas para os dois leilões de arte, 1 palestra para o departamento de RH do doador, etc.A diferença para a cota de 50 mil era basicamente o logo em maior destaque no ônibus e nos materiais impressos e no número de entradas, eventos, etc. A cota de 10 mil, que obviamente nem apresentei ao Antonio consistia em logo somente nos materiais impressos e algumas entradas para eventos.Ele começou a falar de outras coisas. Falou de uns jovens que cruzou em um semáforo vendendo balas e que disse a eles para visitarem nossa instituição. Imediatamente tirei um punhado de folhetos da pasta e disse a ele pra da próxima vez entregar um folheto destes. Com esse gesto eu concordava com a atitude dele. Ele começou a falar da época que era jovem, contou‐me da vez que fugiu de casa com um amigo pois queriam ir morar em Ubatuba pra viver de surf. Iam abrir um barzinho. A aventura durou 4 dias, quando acabou o dinheiro e o caseiro da casa de praia do amigo dele ligou pros pais, estranhando as conversas que eles estavam tendo.
Depois me explicou, acho que deve ter sido a terceira vez, do porque ter criado a empresa de roupas para jovens. Que ele carrega ainda essa rebeldia juvenil e que não importa se são ricos ou pobres, os jovens querem mudar o mundo, rebelando­‐se contra ele. Eu concordava a cada frase. Deixei­‐o falar alguns minutos, ouvindo‐o atentamente. Antonio sabia aproveitar seu recreio, seus poucos minutos no dia que pode pensar em outra coisa que não são os números da empresa.Olhei sutilmente o relógio do meu celular e vi que já haviam passado 30 minutos desde que sentei em sua sala. Era hora de encerrar. Comentei que ligaria pra ele em 4 dias, para que me confirmasse a doação de 30 mil reais. Ele disse para que não me importasse em ligar, que eu já poderia dar como certa a doação. Fiquei contente (fingi ficar super contente, mas preferia os 50 mil). Despedi-­me dizendo que eu tinha certeza que ele superaria o problema dos chineses. Ainda me atrevi a dizer que assim que ele tivesse conseguido resolver essa questão, que me ligasse para que eu providenciasse um logo bem grande e bonito para o ônibus. Ele riu e me disse: “Fechamos os 30 mil. Volte aqui em 6 meses e veremos se aumentamos isso, ok?” Agora sim saí contente. Quase esqueço de despedir-­me da Márcia de tão apressado. E quando percebi, dei um passo atrás e tasquei­‐lhe um beijo. E outro. E disse que esse segundo era para a Bárbara. Antonio, da porta de sua sala, riu mais descontraído. Que bom.Agora era voltar para o escritório. Ao menos consegui 5 mil a mais que o ano passado. E uma promessa de talvez aumentar em 6 meses. Para a campanha isso não serve. Terei que buscar as duas cotas de 50 mil dentro deste prazo que estipulamos de 4 meses. Uma das cotas é quase seguramente do Banco Pastor, como no ano passado. A segunda seria do Antonio, mas não foi desta vez. De qualquer forma é sempre bom sair de uma reunião com um gol feito. O dia começa bem. Vejamos como está no escritório.


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Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.

atividades do terceiro setor

PAPEL E IMPORTÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Esse post tem por objetivo estimular a curiosidade e interesse dos leitores, trazendo um pouco de informações e números sobre: as atividades desenvolvidas pelas entidades; a quantidade delas e como estão distribuídas regionalmente em nosso país; quando surgiram; quantas pessoas empregam; e qual a média da remuneração. Afinal, de cada 100 organizações brasileiras (públicas ou privadas), 5 delas são constituídas sob a forma de Fundação ou Associação!

Observa-se que o Terceiro Setor tem ocupado e desempenhado um papel importante na dinâmica da sociedade, uma vez que os cidadãos estão mais conscientes de seus direitos e, sobretudo, da importância de participar do processo de transformação de sua realidade e/ou do ambiente que o cerca. A importância das entidades que compõem o Terceiro Setor torna-se evidente quando verificamos as atividades que elas desenvolvem:

• atuam com uma variedade de questões que afetem a sociedade na área da assistência social, cultura, saúde, meio ambiente, lazer, esporte, educação, entre outros prestam atendimento a pessoas e famílias à margem do processo produtivo

• ou fora do mercado de trabalho, sobretudo nas áreas da assistência social, educação e saúde

• trabalham na garantia e defesa dos direitos dessa população

• são de caráter privado, mas desenvolvem trabalhos de interesses públicos;

• geram emprego e estimulam o voluntariado

Em 2012*, o IBGE publicou o resultado da pesquisa realizada (uma espécie de senso) que objetivou o levantamento da quantidade de entidades sem fins lucrativos no país, até o ano de 2010, dando ênfase às Fundações e Associações sem Fins Lucrativos – FASFIL, conceituadas por aquele instituto como integrantes do Terceiro Setor.De acordo com este levantamento, existiam oficialmente no Brasil, em 2010, 290,7 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos. Sua importância é revelada pelo fato de este grupo de instituições representarem mais da metade (52,2%) do total de 556,8 mil entidades sem fins lucrativos, e uma parcela significativa (5,2%) do total de 5,6 milhões de entidades públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas naquele mesmo ano.

A distribuição das entidades no território nacional acompanha a da população. Assim, a Região Sudeste concentra a maior parte das instituições (44%), seguida pela Região Nordeste (23%), Sul (22%), Centro Oeste (7%) e Norte (4%).

A maior parte delas foi criada no período de 2001 a 2010. Das 118,6 mil nascidas na década, a metade surgiu entre 2006 e 2010, (cerca de 4% a cada ano), evidenciando um crescimento regular no período.

Em 2010, 2,1 milhões de pessoas estavam registradas como trabalhadoras assalariadas nas 290,7 mil entidades. Isso representa cerca de 23% do total dos empregados na administração pública no mesmo ano, e 5,8% do total de entidades empresariais. Desse montante fica evidenciada a predominância das mulheres no Terceiro Setor, representando 62,9% do pessoal assalariado. Destaca-se que este percentual é bem superior ao observado no país, onde a participação das mulheres é de 42,1%.

A pesquisa aponta uma média de 7,3 pessoas assalariadas por entidade. Enquanto 253,9 mil entidades têm menos de 5 pessoas assalariadas (87,3%), no outro extremo, apenas 1,2% das entidades têm mais de 100 empregados. Nesse pequeno grupo, no entanto, estão concentrados 1,3 milhão de pessoas, o que equivale a 63,3% do total de empregados.

Os trabalhadores ganhavam, em média, o equivalente a 3,3 salários mínimos mensais em 2010, correspondentes a uma média mensal de R$ 1.667,05. Para ilustrar o significado desses números, vale a pena mencionar que, no mesmo ano, a remuneração média de todos os assalariados das organizações públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas, correspondeu a R$ 1.650,30. Assim, os salários médios nas entidades eram equiparados aos demais salários no país.

De 2006 a 2010, observou-se um crescimento da ordem de 8,8% das entidades no Brasil, que passaram de 267,3 mil para 290,7 mil. Esta expansão é significativamente menor do que a observada no período de 2002 a 2005 (22,6%), relativo à pesquisa anterior.

Proporcionalmente, o Terceiro Setor foi o grupo que menos cresceu no País. Pode ser constatado que as outras entidades privadas sem fins lucrativos (caixas escolares, partidos políticos, sindicatos, condomínios e cartórios) apresentaram um crescimento de 12,7%, enquanto todo o conjunto de organizações públicas e privadas, lucrativas e não lucrativas cresceu 19,7%.

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Fonte: Gestão para Organizações do Terceiro Setor, Nailton Cazumbá + NOSSA CAUSA.

*Nota: essa pesquisa, embora antiga, é a última edição realizada pelo IBGE. Então é bacana acompanharmos novidades sobre esses dados de outros atores que trabalham com pesquisa, como é o caso do Mapa das OSCs desenvolvido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que já contabiliza cerca de 400 mil organizações no Brasil.

ação social

Ação Social: perenidade ou paliativo?

O objetivo de todo projeto ou ação social deveria ser o de provocar mudanças positivas em seu público-alvo, de tal forma que este público não retornasse mais ao estágio em que estava anteriormente. O propósito dos projetos sociais é o de causar impacto no comportamento dos beneficiários para que eles evoluam e alcancem gradativamente estágios melhores de condições de vida.

Para proporcionar esta mudança, as políticas públicas e os projetos sociais privados de ONGs devem desenvolver atividades (processos) que sejam eficazes para garantir uma evolução perene. Mas muitas vezes    as atividades propostas se tornam meros paliativos, ações  emergenciais que não passam de contenção momentânea do problema social detectado (perdurando apenas no período de realização do projeto).

Ninguém duvida que todas as ações sociais (entendidas essas como projetos, programas, etc) são importantes, pois sem elas o panorama dos problemas e desigualdades sociais seria ainda pior do que é. Porém, nem todas as ações sociais causam transformações perenes.

Os problemas sociais influenciam a vida de todos e é preciso ter a consciência de que eles são causados pela própria sociedade. Por isso, todos nós devemos contribuir para encontrar soluções ou, pelo menos, alter- nativas que reduzam esses problemas. Esta contribuição pode se dar através de ações individuais de cidadania ou de ações coletivas como as conduzidas pelas ONGs. Tais atividades são viabilizadas com recursos financeiros gerados pela sociedade e, por isso, nada mais justo que o Governo financie ações não públicas em prol do social. Afinal, o dinheiro do orçamento público tem origem na nossa contribuição (como cidadãos contribuintes) e deve ser aplicado na solução dos problemas sociais.

O ideal seria que as ações sociais privadas de ONGs, que fossem paliativas, evoluíssem para ações de impacto com o apoio financeiro do Governo e das empresas privadas. Isto poderia garantir transformações perenes e até possibilitar que o Estado se apropriasse do processo e transformasse a ação social inicialmente privada em uma política pública. Somente o Estado tem condições de dar às ações iniciadas por ONGs e movimentos sociais maior abrangência numérica e territorial, pois só ele tem recursos financeiros e humanos suficientes para garantir a perenidade dos resultados. Este seria o fluxo ideal de uma parceria eficaz entre o Terceiro Setor (ONGs) e o Primeiro Setor (Governo). Sem isto, crescem as chances de termos ações sociais sobrepostas, inócuas, paliativas e assistencialistas, enfim, assistêmicas.

O caminho para a realização de ações impactantes passa por várias etapas: um diagnóstico eficiente que identifique os diferentes tipos de problemas sociais, o grau de influência de tais problemas para  defi- nição de prioridades e o perfil do público atingido por cada tipo de problema. Somente depois disso mapeado seria possível identificar as atividades (processos) capazes de provocar transformações perenes e desenhar metodologicamente a política pública ou o projeto privado mais adequado.

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Fonte: Social em foco: ONGs – orientações legais e práticas / Ana Cláudia
P. Simões; Vitória: A Gazeta, 2014.

case statement

CASE STATEMENT (OU A PASTA)

O Case Statement tem um nome chique para uma coisa simples. Consiste basicamente em ter, em um único lugar, uma pasta, todas as informações necessárias para uma campanha de captação. Desde informações históricas da entidade até modelos de carta de agradecimento.

Faz quase 10 anos eu explicava como montar um case statement. Considero isso desnecessário hoje, até por minha própria experiência prática. Cada ONG tem suas próprias informações que considera fundamentais. Antes usávamos a construção do case como ferramenta para organizar um planejamento para a captação. Com o tempo essa utilidade se tornou desnecessária. Existem ferramentas mais úteis para planejamento e podemos usar o case para sua verdadeira função, que é aglutinar, de forma facilitada, toda informação pertinente ao processo de captação.

Leia também: PLANO ANUAL DE CAPTAÇÃO

Para facilitar ainda mais, vamos denominar o case como “a pasta”. Nesta pasta inclua primeiramente as informações institucionais. A história da organização, os objetivos, a missão da entidade. Adicione algumas boas fotos dos usuários, de alguns eventos, dos espaços da ONG. Coloque também os nomes e mini currículos dos conselheiros. Cada uma dessas informações estão soltas, ou seja, podem ser utilizadas em separado, caso seja necessário usá‐las em uma negociação.

Inclua em um outro compartimento da pasta informações atuais. Os desafios para o próximo ano, os novos projetos, as estratégias com cada fonte. Inclua também modelos de solicitação enviados para fundações internacionais. Tenha cópias de solicitação de patrocínio para 3 categorias diferentes, com suas respectivas contrapartidas. Isso vai ser muito útil
quando precisamos de um “Plano B” em uma negociação difícil. Tenha também o orçamento detalhado anual, assim como orçamentos de projetos e resumos orçamentários. Carregue nesta pasta também croquis de construções caso sua campanha envolva uma reforma ou um novo espaço.

Um terceiro compartimento contém coisas mais internas: Modelos de cartas de solicitação, de agradecimento, de newsletters e de contato. São materiais úteis quando você está em trânsito. Usei muito essas cartas escrevendo desde cafés com acesso a internet. Mesmo tendo hoje tudo isso de forma digital, nada mais útil do que ter esses materiais impressos em sua mesa, para enviar algum email específico e diferenciado.

Antigamente o case statement era uma espécie de projeto completo que ao final da reunião poderia ser entregue ao possível doador. Eu mesmo sugeria isso no meu livro anterior. Hoje, minha experiência prática me fez perceber que isso é desnecessário. É um gasto de tempo e papel.

Transformei o case statement em uma pasta útil, tipo 007. Nela carrego tudo que preciso, junto com meu notebook e uns quantos folhetos da entidade.

Para mantê-­‐la sempre atualizada, confira de tempos em tempos para ter sempre ao menos 2 ou 3 cópias de cada documento. Talvez você tenha deixado a lista dos conselheiros em uma empresa ou mesmo o croqui da reforma em outra.

No caso das solicitações de patrocínio com empresas, tenha cópias impessoais de solicitações. Mas leve sempre para sua reunião uma solicitação personalizada, com o nome do contato e se possível com o logo da empresa visitada. Nessa solicitação, de no máximo duas páginas (o
ideal é em uma) deve constar um resumo da entidade, das ações atuais, da campanha e finalmente um valor concreto a ser solicitado e as contrapartidas oferecidas.

Organize sua pasta de forma a facilitar sua busca por determinado documento. Não pega bem você se perder no meio de papéis na frente do seu futuro doador. Use plásticos, ou separe os possíveis documentos a serem entregues antes de uma reunião.

Mas nunca, jamais, entregue tudo. O doador quer uma folha e é isso que você vai dar. Somente em alguns casos você deve se utilizar da pasta. São duas as possibilidades:

  1. O doador se interessou muito por determinada informação (a história da entidade, ou o croqui, ou alguma foto)
  2. O doador achou o valor solicitado muito alto. Então você sutilmente apresenta uma proposta previamente preparada, com um valor mais baixo (e conseqüentemente menos contrapartidas).

Somente nesses casos você tira da cartola o que ele precisa. Repito, somente nesses casos. Já vi muita gente que, no nervosismo, vai tirando informações, fotos, croquis, modelos… Achando que com isso está mostrando serviço. Está é mostrando nervosismo.

A pasta é seu instrumento de trabalho, algo pessoal seu. Cada um tem seu modelo e jeito de organizá‐la. É como nossa carteira. Uns tem as fotos das crianças, outros tem as notas fiscais do mês. Use-­a com parcimônia e verá que ela é muito útil.

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Fonte: Adaptado de Marcelo Estraviz, Um Dia de Captador.